Obrigada pela visita!

Obrigada pela visita!
...SEJA SEMPRE BEM VINDO!

sábado, 28 de fevereiro de 2009

continuação capitulo 11 - C

01 de abril de 2005
Mais uma vez é uma honra escrever a todos os leitores e poder transmitir minhas mensagens. Desde ontem, estive mantendo minhas reflexões a cerca do entusiasmo e logo de inicio tratarei deste assunto. Todos nós podemos aprender a cultivar essa preciosa faculdade, que dá alegria e sentido aos nossos dias. Ninguém nasce entediado. No caminho para a vida adulta, na condição de pessoas responsáveis, chegamos a um momento em que perdemos o entusiasmo, não por nos termos tornado sábios e tristes, mas porque cometemos o erro de imaginar que entusiasmo é uma capacidade voltada às crianças, moldada de características infantis. Na verdade, imagino que o real sentimento de entusiasmo adulto é o dom original amadurecido e temperado pela experiência, o critério e o humor.
A raiz principal do entusiasmo é aprender. O aprendizado torna-nos novamente crianças em relação às coisas novas, mas por outro lado, aprender importa em reconhecer que não sabemos ainda. Sem um propósito, não há como existir prazer duradouro. Chega uma época em quase todas as vidas em que falta o propósito e desaparece o entusiasmo, arrastando consigo, de certo modo, até a nossa vontade de viver. Digo isso porque passei por tais momentos quando encarnada e aqui não é diferente. Isso pode acontecer bruscamente, em conseqüência do desgaste do próprio dia-a-dia. Pode acontecer quando se perde um emprego antigo, numa certa manha em que a pessoa descobre que já chegou a tal idade sem ter feito um décimo do que planejara, ou como no meu caso, ao passar pelo desencarne. É forte a tentação de desistir de tudo, mas esse é o momento em que, mais do que em qualquer outra ocasião, é preciso continuar. A mente humana é preguiçosa e gosta de não ser perturbada.
Não existe nenhuma formula mágica que possa dotar-nos da alegria de viver. Esta vem da disposição de encontrar cada um o seu caminho. Importa às vezes na aceitação das coisas como são e outras vezes na ousadia de modificar as coisas. Nós devemos às vezes, curvar-nos as circunstancias. Todos os campos de atividade têm os seus riscos e às vezes, não cabe a nós modificá-los. Em alguma parte entre querer mudar o mundo e querer esconder-se dele, há certo ponto de equilíbrio que permite o entusiasmo inteligente e adulto. Essa decisão dentro de nós se transforma na arte fora de nós, e já não nos mostramos ansiosos por saber qual o sentido da vida: fornecemos esse sentido com a nossa maneira de ser.
A pessoa entusiasmada é aquela que acredita na sua capacidade de transformar as coisas, de fazer dar certo. Entusiasmada é a pessoa que acredita em si. Acredita na força que as pessoas têm de transformar o mundo e a própria realidade. Só há uma maneira de ser entusiasmado: é agir entusiasticamente! Se esperarmos as condições ideais primeiro para depois nos entusiasmarmos, jamais nos entusiasmaremos. Não é o sucesso que traz o entusiasmo, mas sim o contrário. Há pessoas que ficam esperando as condições melhorarem, a vida melhorar, o sucesso chegar, para depois se entusiasmarem. A verdade é que jamais se entusiasmarão com coisa alguma. O entusiasmo é que traz a nova visão da vida.
Devemos colocar garra em tudo o que fizermos a fim de conquistar sempre mais do que esperamos. Quando nos dedicamos verdadeiramente a qualquer desafio ou conquista em nossa vida, os obstáculos que existem em toda a atividade humana ficam menores, ou nem chegamos a percebê-los, pois nossa visão, nossa concentração, está voltada para a conquista do objetivo.
Existem durante toda a vida, experiências que são maravilhosas e outras que são péssimas por nos fazer passar raiva ou sofrimento, mas de toda forma, é melhor do que não vivenciar nada. É preferível sobreviver a maus trajetos a não ter caminhado. Muitas vezes penso e admito que eu sou acomodada. Passei boa parte de minha existência no comodismo, deixando as coisas acontecerem e fazendo com que as ocorrências do dia-a-dia me levassem as circunstancias, aos fatos diários. Fui sobrevivendo deixando os acontecimentos normais me empurrarem, conduzindo-me ao acaso do porvir.
Agora a poucos momentos, durante o breve intervalo que fiz para comer uma fruta, conheci uma jovem que aceitando eliminar minhas curiosidades, relatou-me um pouco sobre sua ultima existência, achei tão romântica sua historia de vida que contarei um pouco sobre ela. A vida dela foi baseada em torno de um conto de amor, uma das uniões mais perfeita que já tomara nota. Quando jovem, mantida nos rigores da época, lá pelos anos de 1844, ela jazia a maior parte do tempo num divã, no primeiro andar de uma mansão, em Londres. Era uma mulher que pouco tinha a esperar da vida. Pequena e franzina, com grandes olhos sombreados por longas pestanas, cachos compridos a enquadrar-lhe o rosto pálido, mãos e pés de grande beleza, mas parecia uma sombra, deitada com seu vestido de veludo, envolta no silêncio do quarto fechado. Era solteirona, tendo transposto há muito os anos da juventude, uma inválida, uma reclusa. Afirmara reputação como poetisa, mas o mundo lhe era vedado pelas muralhas de uma saúde precária. Desde que ficara ruim de saúde que ela vivia assim, prisioneira no seu quarto, onde o som mais alto que se ouvia era a respiração de seu cachorrinho.
Numa das tardes monótonas, ela recebeu uma carta empolgante de algum admirador. Uma correspondência animada e cheia de poesia. Embora ela não soubesse que aquela carta seria uma chave que giraria a fechadura de sua prisão, ela pode perceber que aquela não era uma carta comum, tinha algo de muito especial. Ia ser o seu primeiro passo na transformação de uma solteirona doentia, na heroína de um romance imortal da historia literária.
Depois de olhar a assinatura desconhecida, ela leu com interesse o que dizia o cartão: “Amo seus versos de todo o coração”. Aquela frase demonstrava uma compreensão cálida pelas poesias que lhe animavam o coração. Aquela carta, diferente de qualquer outra que já recebera, lhe proporcionou uma onda de felicidade. No fundo, ela tinha a impressão de já ter ouvido falar naquele nome, mas não tinha certeza se o conhecia de algum lugar. No intimo, tinha a impressão de conhecê-lo, com toda a sua ingenuidade, vigor e amor à vida.
Mergulhando a pena no tinteiro ela escreveu a resposta: “Agradeço-lhe a admiração, do fundo do meu coração”. Imaginava ela que nas próximas cartas pudessem comunicar-se fazendo comentário sobre a arte de escrever, como um poeta falando a outro. Assim se iniciaram as correspondências sem paralelo na historia das cartas. Naquela era vitoriana e formalista, embora sempre primorosamente delicados na maneira de se exprimirem, aqueles dois eram modernos como seria hoje, na franqueza com que falavam de seus sentimentos. E as cartas cruzavam-se velozes, quase todos os dias, revelando o progresso de uma das relações humanas mais raras e mais perfeitas de que até hoje tive notícia, contando pela época. Tudo o que ela tinha de isolada e trancafiada, o jovem admirador tinha de livre.
Ele era um jovem que morava com os pais, por sinal bastante compreensivos, e sua dedicada irmã única, numa casa agradável, nas proximidades de Londres. Ele também dedicava a maior parte de seu tempo a escrever poesias. Instruíra-se com amplas e precoces leituras e com o auxilio de seu erudito pai, que tanto entendia de literatura francesa, italiana e espanhola, como literatura grega. Mas os horizontes do jovem não se limitavam ao cenário domestico. Ele era benquisto na sociedade, com seu ar distinto, suas feições finas, emolduradas por roupas escuras, acompanhando a moda.
Tivera oportunidade de conhecer a Rússia, como secretário de um diplomata, e visitara duas vezes a Itália, que sempre lhe parecera uma segunda pátria. Mas, ao regressar de sua ultima viagem, ele se sentira perdido, sem objetivo, precisado de uma estrela que pudesse guiá-lo. Foi então que apanhou dois volumes que haviam sido publicados naquele mesmo ano pela jovem poetiza, a qual teve tanta admiração logo de início. Ao primeiro poema pode se apaixonar por aquela delicada forma de descrever as palavras, uma linguagem fluente, com bravura e autenticidade de uma nova maneira de pensar e ver o mundo. Ele, que se julgava incapaz de amar qualquer mulher, encontrou ali, a única no mundo que poderia lhe servir. Ele apaixonara-se sinceramente em espírito e intelecto.
A infância de minha conhecida fora feliz, ela brincava e estudava com o irmão mais velho, aprendera grego e francês com perfeição, lia vorazmente, escrevia tragédias em versos. Sua própria tragédia começou aos quinze anos, com uma tosse e um ferimento nas costas. Daí em diante foi atribuída tanto à espinha como aos pulmões a precariedade cada vez maior de sua saúde. Depois lhe morreu a mãe e passados quatro anos o pai resolveu vender a propriedade. A numerosa família andou alguns anos de um lado para outro, ao sabor dos caprichos do pai, até que ele comprou aquela mesma residência donde ela morava. Ali, ela piorou de saúde e tornou-se uma criatura das sombras e do silêncio. Com o passar dos anos, sua família acostumou com sua vida retraída.
Ela possuía uma independência que seus irmãos não possuíam, por receber uma pequena renda de seu tio, exatamente pela proibição de se casar. Assim, resolveu marcar um encontro com seu admirador para a próxima primavera. Finalmente, numa clara tarde, o rapaz foi visitar-lhe em sua alcova, arrombando-lhe a prisão. A intimidade das escritas tornou-se mais profunda com aquela visita que acabou sendo repetida outras diversas vezes. Aquela presença lhe deu forças, ela começou a ter disposição para levantar do divã e andar pela casa. Seu medo era que sua saúde precária pudesse arruinar a vida daquele jovem que tanto lhe prometia amor. Apesar de tudo e de todos os sentimentos de paixão, ela estava acorrentada pela sua longa submissão à invalidez.
Ao terminar o verão, seu pai cogitou-lhe de mandar para um local de clima mais ameno para escapar dos rigores do inverno. Os médicos o recomendavam com insistência. Um de seus irmãos a acompanharia de bom grado. Tudo decorria conforme planejado até que o próprio pai se opôs inflexivelmente ao plano por não querer ficar longe da filha. Assim, ela continuou seu romance pelas palavras e poesias. Seu amado insistia para que ela saísse do quarto e fosse até o andar térreo, coisa que há muitos dias ela não fazia.
Se seu pai descobrisse todas as cartas, proibiria de imediato a visita daquele rapaz. Querendo conhecer a felicidade do amor, mesmo que pelos últimos instantes de sua vida, ela propôs que fugissem juntos, uma fuga que seria realizada assim que ela se sentisse mais forte. Ela escapuliu com o pretexto de visitar uma velha amiga. Sentiu-se mal no caminho, mas foi reanimada com sais de uma farmácia das proximidades. Ela escrevera uma carta deixando ao pai suas explicações e pedindo o perdão que aspirava. Assim, os dois se rumaram para uma viagem rumo ao sol e as alegrias do amor.
Os anos que se seguiram foram idílicos. Paris, Pisa, Florença, Roma, lareiras acesas, calor, paz e poesia, sempre ao lado de um companheiro perfeito. Assim ela recompôs sua força e fez ressurgir sua saúde. Deu a luz a um menino e a felicidade redobrou. Seu pai revoltado sempre lhe mandava as cartas de volta, com o lacre intacto. Para ele era como se ela houvesse morrido. Ela morreu nos braços de seu amado, com a cabeça de encontro ao rosto dele, com uma fisionomia de menina feliz, sorrindo como se ainda estivesse viva. Tudo o que ela deixou foi um testemunho duradouro de seu grande e puro amor através das poesias que escreveu. Fiquei comovida pela própria emoção que ela sentiu e demonstrou-me ao contar de sua vida na Terra. É maravilhoso poder compartilhar e conhecer pessoas das quais podemos ter vínculos de amizade sólida.
Podemos perceber que não são as grandes expectativas que tornam a vida interessante, mas sim as pequenas. Enquanto as grandes quase sempre estão nas mãos do destino, as pequenas estão em nossas próprias mãos. As pequenas nós podemos controlar. Muitas vezes, ficamos procurando a felicidade nas grandes coisas e deixamos de ter expectativa de encontrar tal sentimento nas coisas diárias e comuns, as mesmas que só aprendemos a valorizar depois de perder.
Voltando a falar de mim mesma, confesso que hoje foi um dia calmo e totalmente tranqüilo aqui. O ambiente está sereno como nunca esteve desde o dia em que comecei este trabalho. Imagino que dias assim são raridades por aqui. De todo modo, isso não significa que esteja completamente melhor do que nos outros dias. As horas continuam sendo longas embora devesse ser diferente, uma vez que o tempo aqui é infinitamente mais rápido em relação a Terra. Talvez ache isso pelo fato de ficar comparando o tempo com as horas da Terra, algo pelo qual não posso muito equiparar. Acho que esse tipo de equivalência não cai bem, ainda mais no meu caso. No mais está tudo bem.
Existe uma coisa que me foi pedido para explicar, é sobre os dias em que não estiver datada nenhuma mensagem. Geralmente essa data não é apenas escrita pelo momento presente no qual eu escrevo, mas também pelo momento no qual ela é recebida e reescrita pela própria Dona Helen. Os dias que ela tira para descanso, não escreve mensagens, mas isso de forma alguma indica ausência de minhas escritas. Aqui, como creio ter relatado anteriormente, o trabalho é continuo e intenso. Para quem aqui se encontra, não existem momentos para longos descansos, mas apenas breves pausas de repouso da mente. Confesso que não existe de minha parte uma vontade profunda de querer me adaptar a esse local, mas verifico que estou muito lentamente me acostumando, e assim faço por obrigar isso a mim mesma.
Hoje senti pontadas nas costas, como se meus ossos ainda existissem nela. Qualquer pensamento que seja voltado a meu corpo faz com que eu sinta sensações do gênero. A cada dia são coisas novas que experimento e mesmo que não sejam agradáveis como gostaria que fossem, reservo-me a ter pensamentos positivos e imaginar que melhores momentos virão pela frente, mesmo que isso ainda demore muito para acontecer. Quanto menos consigo me adaptar a esse local, mais tempo terei de aqui permanecer. É complicado, mas estou aqui exatamente para ver no que tudo vai dar. É um incógnito saber o que poderá me ocorrer.
Ficarei por hoje com tais noticias. Transmito-lhes amigos leitores e também entes queridos, que a coragem de nosso ser foi-nos dada exatamente para nos conduzir a superação de todos os desafios. Deus coloca em prova a todos, mas apenas os mais fortes são capazes de superar. Quem supera seus próprios limites, conquista o prazer da auto-realização. A coragem provém da própria coragem. Quanto mais nos testamos, mais tomamos conhecimento de nossa própria capacidade como seres eternos. Que todos possam ter coragem e lutar pelo caminho do bem e da moral, encontrando assim a verdadeira felicidade. Saúde e amor para o dia de hoje.

05 de abril de 2004
Renovo minha honra de enviar-lhes as novas noticias do que tem se passado comigo. De ontem para hoje, tirei dois imensos “pesos” de cima de minhas costas. Não me foi permitido esclarecer sobre esses “pesos”, mas adianto que me foi obtido pelo contato de grandes cargas de energia negativa condensada próxima à região do portal e também por conta do meu despreparo. Dizem que ninguém sofre por aquilo que não merece, ou melhor, ninguém carrega um fardo maior do que o que suporta sobre os ombros. De fato creio que isso faz sentido e foi por isso que contei com a ajuda preciosa de um substituto do meu guia. Fiquei desesperada quando meu guia disse que não poderia me atender e ficar comigo para purificação do ambiente e me tirar do estado ao qual fiquei e não deve ser muito especificado.
Pela dificuldade de adaptação, parece que viver aqui é mais difícil do que na Terra, mesmo sem as preocupações básicas que tinha quando estava encarnada, como alimentação, saúde, roupas e outras coisas que podeis imaginar. Aqui, muitas vezes, tenho de usar um “jogo de cintura” que não disponho. Mas nem isso adianta. Sei que minhas chances de evolução são mínimas nesse local pelo qual não tenho afinidades. Mais uma vez explico que não sou obrigada a estar aqui, mas me forço a permanecer, pois tenho medo e muito receio. Por pior que seja, me é cômodo ficar aqui uma vez que tenho amparo e estou acomodada, inclusive trabalhando, mesmo que em algo que não seja lá tanto do meu agrado. Sinto que não tenho capacidade nenhuma diante das pessoas daqui, mas ao mesmo tempo, imagino que aqui estou exatamente para conquistar esse tipo de potencialidade. Se todos nós temos as mesmas chances de evoluir, espero que eu consiga. É o mínimo que posso desejar ou ter esperanças.
Confesso que sou do tipo acomodado com tudo, inclusive com meus próprios defeitos. É triste estar aqui, mas diante do pior que poderia ser apenas agradeço infinitamente se aqui mereço estar. Existem muitas coisas durante o trajeto de nossa existência que buscamos explicações que não podemos ter de imediato, mas que em algum momento poderá nos fazer muito sentido. Muitas vezes, a vida é um mistério que parece não nos pertencer, mas tenho claro comigo que somente nós mesmos somos responsáveis pelo nosso dia-a-dia e o que decorre dele ou dos acontecimentos que nos circundam.
Hoje estive no sol durante breves instantes e apreciei seu clima. Hoje o sol estava mais bonito e agradável do que nos outros dias. Aqui ele não necessariamente fornece luz, pois muitos dos espíritos desse local possuem luz própria. Porém, a maioria como eu mesma, ainda estão infinitamente longes de adquirir essa luz própria. Ainda me faltam muitos esclarecimentos e aperfeiçoamento moral.
Muitas vezes ainda me pego pensando em minhas irmãs e gostaria muito de saber noticias delas, mas ninguém me adianta nenhuma informação, apenas dizem para eu aguardar pacientemente que no exato momento obterei resposta aos meus anseios.
Posso comentar que os eflúvios de ondas carregadas com cargas negativas ainda não se dissiparam por completo e ainda estou correndo alguns riscos, mas nada tão sério como anteriormente. Preciso ser prudente, ter cautela e ficar na vigilância constante. Espero que tudo dê certo, principalmente quanto aos próximos desafios, que não são nada pequenos. Algumas coisas aqui me empolgam, mas outras já me entristecem. É engraçado analisar que geralmente os momentos felizes ou as coisas que parecem nos fazer feliz tem sempre tendência a durar menos, diferentemente das tristezas e os sofrimentos. Muitos podem pensar que desencarnar e ir direto para um mundo mais evoluído é uma maravilha, mas não é bem assim que funciona. Não faço disso nenhum tipo de reclamação, mas sei o que sinto e ninguém pode avaliar minha situação tanto quanto eu. O pior de tudo é a falta de compreensão que verifico, uma vez que ninguém parece entender meu comportamento ainda tão inferior. Não é loucura ser inferior e ter comportamentos ou hábitos totalmente diferentes, incompatíveis aos locais.
As musicas continuam por todos os ambientes desse plano, é geral e não pode ser trocada de acordo com o gosto de um ou de outro. Existem umas variedades de regras aqui que temos de aceitar e os sons fazem parte. Ainda bem que me agrada tal tipo de sinfonia, embora também goste do silêncio em certos momentos.
Uma das maiores dificuldades que sinto aqui é o fato de não ter segurança naquilo que faço, uma vez que nada pode ser feito por conta própria. Além do mais, não recebo as coordenadas tendo de resolver alguns apuros sozinha mesmo. Não sei porque me julgaram capaz para vir trabalhar aqui, mas sinto que perco todo o meu tempo vigiando esse portal. A única coisa que vale a pena é o fato de ver outras pessoas, notar ambientes mentais distintos e variados, constatar o relacionamento dos seres daqui e escrever tudo o que se passa comigo para enviar a Dona Helen.
Não estou adquirindo experiência nenhuma com esse tipo de trabalho, apenas vivencio algo totalmente distinto do meu imaginável. Incrível como dentre todas as coisas que imaginara sobre a vida pós-morte, nenhum de meus pensamentos jamais chegara próximo de visualizar o que agora estou vivenciando. Creio que eu fantasiava cenas que jamais, a não ser em meus próprios pensamentos, poderão acontecer.
É engraçado ver como os espíritos inferiores modificam sua aparência exterior para impressionar aos ignorantes como eu, que ainda não sabem avaliar a primeira vista o perfil de um sujeito falso ou mistificador. É incrível o nível de beleza exterior, fiquei encantada, mas logo soube que havia algo não tão belo por trás daquelas aparências. Nem sempre a beleza é acompanhada pela singeleza da alma e do coração.
Voltei a sentir o peso nas pálpebras, o mesmo que sentia na Terra quando tinha sono. Também sinto dores nas costas, próximo do local donde recebi o tiro, o mesmo que provocou meu desencarne. Em muitos movimentos que faço, sinto como se ainda tivesse ossos e estes se estralassem mutuamente. É estranho sentir tantas sensações físicas sem ter corpo material. Isso é o que se passa comigo, nada de novidade espetacular ou surpreendente.
Devo lhes contar que daqui a duas semanas, contadas pelo tempo terráqueo, terá aqui neste plano uma peça teatral de alguns visitantes vindos de uma determinada localidade ainda secreta. Não sei se permitirão minha ida ou se terei condições de ir. Na verdade são inúmeros os eventos que aqui acontecem, mas minha presença é sempre barrada. Isso é um tédio, mas nada posso fazer. Nunca sou convidada para nada e apenas fico nessa rotina que já qualifico como totalmente sem graça. Existem palestras de assuntos muito interessantes e das quais só fico sabendo depois que elas ocorrem. Também, ultimamente nem tenho prestado muita atenção em nada do que ocorre ao meu redor, exatamente para não ficar me sentindo menosprezada. Fico direto me lembrando das belas festas de inauguração dos locais donde planejava a arquitetura, era tão divertido, chique e empolgante. Tenho tantas saudades de tudo o que já se foi, dos momentos que apenas reviverei novamente em minhas tenras lembranças. É assim que funciona minha existência aqui. Fico me sentindo a solitária, excluída e rejeitada. Não sabendo dos eventos, palestras ou quaisquer outras festividades, eu não sofro. Conforme dizem, o que os olhos não vêm, o coração não sente.
Estar aqui tem suas vantagens, mas na minha ignorância, visualizo maiores as desvantagens, ou pelo menos motivos que me servem de queixa. Tudo o que vejo é que sou condenada ao trabalho e a outros pormenores que não gosto, como passar fome e vontade de inúmeras coisas. Aqui, conforme venho descobrindo, também existem muitas atividades, cursos e estudos legais que não são para meu nível. A impressão que tenho, no meu sentido pessimista, é de que nunca terei nível para freqüentar ou ir a tais reuniões e festividades.
Pois bem, nesse momento já me encontro imensamente cansada e finalizarei minhas transcrições. Recebam novamente meu carinho e afeição. Tenham a paz e a felicidade que nem sempre posso ter aqui.

06 de abril de 2004
Aqui novamente me encontro saudando a todos com imenso carinho. Como sempre, estou no portal verificando os espíritos que caminham: uns apresados, outros mais distraídos, etc. Uma das vantagens desse trabalho é o fato de não existir formalidades, simbolismos e assim, por conseguinte. Não preciso usar vestidos brancos como imaginava que teria de ser. As vestes daqui são bem diferentes e me agrada o fato de estar vestida naturalmente da maneira como gosto, sem a obrigatoriedade de usar salto alto, roupa formal, etc. Muitas vezes me agrada pisar no chão, na terra, na grama. É assim que muitos captam energias, do próprio solo, dizem que é um manancial de energias e vibrações naturais, assim como aquelas que são encontradas na água e em todos os elementos vivos da natureza.
Uma coisa que acho ruim aqui é o fato de encarar esse trabalho como uma grande perda de tempo, mas algo que sou obrigada a fazer, como se ficasse cumprindo horas pré-determinadas e impostas. Digo perda de tempo porque além de ser algo que não me agrada muito, sei com plena consciência de que não estou aprendendo nada e muito menos sendo útil. Infelizmente é assim, mas mesmo sendo exatamente deste jeito, não tenho nenhuma alternativa.
Hoje não amanheci muito bem, estou com certa enxaqueca e o corpo dolorido, praticamente sem motivos. Continuo sentindo sono e ardor nos olhos. De fato, hoje minha coluna está muito dolorida, exatamente próxima ao local donde recebi o tiro. Fico apenas invejando aos mais contentes e evoluídos, aos que estão sempre acompanhados, auxiliando no bem, aos de sorte que transitam livremente e a tantos outros. Vejo-me como a única à não ter oportunidade de nada, a esquecida e largada. Não devo dizer desamparada, pois sei que isso seria injustiça, mas tenho grandes motivos para reclamações. Talvez o problema esteja exatamente na minha imaturidade.
Muitas vezes, fico analisando o seguinte: estar num plano mais evoluído não me faz tão bem quanto deveria, pois gera muito sentimento de inferioridade pessoal, fico me sentindo baixa perante aos outros. Se estivesse perto de espíritos menos esclarecidos, poderia ser mais caridosa e não me sentiria tão rebaixada, como uma perfeita alienígena. Existe uma diferença muito grande entre estar com espíritos mais evoluídos do que o contrario. Se estivesse em contato apenas com a escuridão e a miséria moral, com toda certeza não teria nenhum motivo de invejar ou de me sentir em piores condições que os outros. Um pobre e ignorante no meio dos ricos sábios vai se sentir como estou. Quem nada tem e vive no meio daqueles que possuem de tudo, acaba sentindo o vazio que tanto relato.
Tem-se sempre muito a aprender, toda a existência é uma completa ordem de ensinamentos. Aqui, criei uma boa afinidade com meu guia espiritual e sinto imensa falta dele quando ele está ausente nesse plano. Não sei se já existia entre nós algum tipo de afinidade pré-estabelecida, mas sei que nossa amizade é recente. Enquanto encarnada tinha sempre comigo um outro guia que não cheguei a conhecer ou ver quem era, pois ele se retirou para preparação do seu encarne num plano que desconheço ser ou não a Terra. Meus pais, que continuam sendo considerados como pais, muitas vezes vêem ao portal me visitar e analisar meu trabalho, mas são visitas rápidas e apenas de verificação. Aqui não existem laços familiares, mas sim de afinidade e afeição. Sou exatamente daquelas que não têm desafetos, mas confesso que também eu não tenho ninguém cativo. Não sou de fazer inimizades, mas aqui ainda me foi impossível fazer amizades. Tenho apenas alguns conhecidos simpáticos, mas não estabeleci nenhum relacionamento mais duradouro. Ainda sinto muita estranheza por aqui estar. Não sou intima e nem possuo intimidade com ninguém.
Verifico que cada dia que se passa a minha responsabilidade e logicamente o meu temor tende a crescer aqui nesse local. Obrigatoriamente tenho que evoluir, mas se isso não ocorre, o sufoco vai me entalando, me espremendo contra o abismo. São inúmeras coisas que eles me colocam para avaliar, dão-me relatórios para completar e nos últimos dias tive duas apostilas para ler sobre assuntos que não devo revelar. É incrível como barram minhas mensagens e não me deixam revelar inúmeros detalhes que presencio aqui. São temas e assuntos tão normais que não entendo porque tanto segredo. Fazem mistérios fabulosos que nem mesmo eu possuo conhecimento do por quê.
Estive visualizando o quadro mental de uma jovem que passou hoje logo cedo pelo portal. Ainda não consigo ler os pensamentos ou enxergar com freqüência e facilidade tais tipos de quadros mentais, mas fiquei encantada por conseguir isso pela primeira vez. Ela pensava num jardim de épocas bem passadas. Um jardim com grandes paredes feitas de arbustos podados. No centro havia uma fonte belíssima. Foi tudo o que consegui visualizar a princípio. Depois visualizei a própria jovem jogando bola pelo campo gramado. Foi apenas isso e nada mais.
Sinto muito por ter de reclamar certos momentos, mas além de injuriada e angustiada, estou imensamente com raiva de ter que ficar aqui e suportar determinadas coisas. Ninguém pode avaliar o meu desespero, meu ódio e revolta. É um sentimento reprimido que me faz ter vontade de desaparecer, sumir para sempre, arrumar uma cabana no meio do nada e viver isolada de tudo, uma vez que não existe possibilidade de voltar a Terra sendo novamente a Carol que era.
Agora a pouco pude ler uma mensagem que recebi ontem. Eu li e analisei bastante, chegando a uma conclusão que teria tudo para me dar ânimos, mas, no entanto não me deu. De toda forma, é verdade o que diz e é válido repassá-la: “Compreendo ser natural que uma pessoa lutando pela vida deseje que as dificuldades desapareçam, que acabem os problemas e as decepções. A vida não é literalmente ter resolvido todos os problemas, mas fazer por onde os resolves. Cada providencia necessária exige força de vontade. A cada ato voltado para esse sentido, alguma coisa cresce e fica mais forte dentro de nós. Peça então, sabedoria para aceitar as dificuldades e coragem para procurar resolver os problemas. Não são apenas os grandes momentos decisivos que contam, mas sim as pequenas vitórias, os impasses e inclusive as derrotas. Se algum dia você tiver tudo resolvido, será apenas a espectadora e não uma participante de sua própria vida. Se apenas tivesse tranqüilidade e alegrias, do meio de sua segurança e conforto, olharia com saudade para os tempos donde existia insegurança e até mesmo desespero, mas sentia, ansiava, tinha esperanças e existia como ser vivente. Quando perceber que está invejando alguém que parece não ter problemas, pare e pergunte a si mesma se realmente vale a pena uma vida imune de todos os desafios. Se for honesta consigo mesma, saberá que na realidade, ninguém chega a ter todos os problemas resolvidos, pois enquanto houver problemas a solucionar e pessoas a ajudar, existirão também amor a ser partilhado”.
É nesse clima que tenho vivido aqui, com problemas do mesmo modo de quando estava encarnada. Ainda continuo resolvendo milhares de dilemas, trabalhando e sofrendo pela minha própria inferioridade. Mantenho minhas aspirações e esperanças de milagres, daqueles que se não pudermos vivenciar na realidade, sobra o consolo de poder viver em pensamento, em ilusões, na ficção mental. Estou sendo o tipo de pessoa resignada, daquelas que sofrem as provações humildemente sem nada poder fazer. Mais do que nunca, estou colocando minha própria existência nas mãos de Deus e confiando nele, sabendo que tudo tem seu momento certo e cada um recebe conforme o merecimento. Acredito que Ele não quer o meu sofrimento e agradeço pelo muito que tenho, pelo auxilio constante e por sua infinita proteção. Tenho fé e sei que aqui estou não para ser feliz facilmente, mas para evoluir. Se Deus comigo está, passarei por todos os problemas e as tristezas desse local, tendo comigo minhas vitórias pessoais por ter enfrentado o pior com humildade e imensa paciência.
Ser marcada pelo desespero me faz enxergar que sou mais vitoriosa por minha força intima de suportar determinados desesperos do que aqueles que nada sofrem. Nesse ponto, concordo plenamente com a mensagem e desejo desde já, que todos os leitores encontrem motivos para encarar as tristezas da vida não apenas como algo ruim, mas como fontes de aprendizado e vitória. Não queria estar sofrendo e nem desejo continuar com tal tipo de sentimento, mas sei que ainda terei inúmeros conflitos pela frente, outras tantas infelicidades e problemas aos montes. É assim que tudo funciona, tanto aqui quanto em qualquer lugar do universo. Fiquem com meu carinho e a felicidade de batalhar dia após dia pela elevação da alma, mesmo que para isso, tenham de enfrentar os maiores sofrimentos jamais inimagináveis. Até a próxima mensagem.

10 de abril de 2005
Hoje fui liberta de meu trabalho no portal, embora eu vá continuar trabalhando com a catalogação e definição além das constantes pesquisas e inclusive o desenvolvimento de alguns projetos que me foram incumbidos. Continuarei tendo as minhas responsabilidades, mas a fase de estar obrigatoriamente presa no portal terminou. Agora estou mais livre, pelo menos por enquanto. Foi incrivelmente maravilhoso receber a noticia de que não mais teria de ficar vigiando aquele portal. Tive um alivio grandioso, mas sei que meus estudos e o trabalho serão sempre constantes.

12 de abril de 2005
Coisas estranhas têm me acontecido. As mesmas visões que tinha quando encarnada, continuo tendo-as aqui, não referente ao meu passado, mas com relação a alguém que muito necessita de meu auxilio, uma pessoa qualquer que precisa de ajuda. Sinto muitas vezes como se alguém na Terra estivesse me invocando e não consigo entender ao certo o que está ocorrendo e muito menos saber como devo proceder. É estranho ter essas visões, sentimentos imprevistos como premonições.
Não sei o que de fato está acontecendo, mais sei que alguém necessita muito de minha ajuda, pode ser caso de vida ou morte e estou bastante perturbada. Meu mentor não quis me esclarecer, mas disse que fui dispensada do meu trabalho no portal não apenas pelo projeto que mais tarde terei de desenvolver, mas também porque tenho uma tarefa mais urgente a cumprir. Estou preocupada e continuo cheia de receios. Pergunto-me a todos os momentos se serei capaz de descobrir sozinha o que está acontecendo. Isso parece impossível, mas de uma forma ou de outra, terei de fazer com que seja possível.
Minha mãe disse-me que uma cúpula de auxiliares estarão me protegendo a distancia para o caso de algo me acontecer. Sinto que é algo grave e temo de pensar no que pode ser. Não entendo porque isso acontece exatamente comigo que sou tão despreparada e sem conhecimentos exatos. Não creio que eu tenha potencial para auxiliar quem quer que seja, mas em todo caso, farei tudo o que estiver em meu alcance. Conto com uma equipe de grande apoio, eu devo ser firme e ter meus propósitos rodeados de fluidos positivos. Essa é a única maneira deu conseguir algo que parece acima de minhas capacidades.
As instruções que recebo vem de minha própria mente, das visões e sentimentos. A primeira visão que tive foi de uma pessoa junto a meu túmulo, chorando desesperada. A principio não pude reconhecer quem seria, mas tenho comigo que é alguém muito próximo. Disseram-me que tais imagens não são reais ou verídicas, representativas do que de fato possa estar ocorrendo. Isso quer dizer que não teve ninguém chorando no meu tumulo, mas que de alguma forma, essa foi à maneira como recebi os eflúvios provindos por parte de vibrações existentes e concretas. Tudo pode parecer complexo, mas aos poucos descobrirei e aprenderei a lidar com isso. Vejamos o que se sucederá.

13 de abril de 2005
Sinto em informar que esta provavelmente será a minha penúltima comunicação. Realmente coisas sérias estão para ocorrer e estou inteiramente envolvida, porém, me é negada qualquer permissão de revelar do que se trata. Diante da urgência de resolver determinados problemas de maior gravidade, eu terei de ausentar minhas mensagens e deixar vago o que tem se passado comigo durante um período. O trabalho continua e a responsabilidade aumenta intensamente. O complemento do meu livro será escrito com novidades acerca de algum de meus familiares até que eu possa concluir essa obra numa mensagem de fechamento. Minha gratidão a todos e que a luz do mestre esteja convosco.

Nenhum comentário:

Postar um comentário