13ª Sessão
___ E então, como se sente? – questionou o psicólogo novamente sentando em sua poltrona após fechar a porta do consultório.
___ Mais tranqüilo.
___ Bom sinal.
___ Gostaria que me falasse sobre o ciúme, que tipo de mal é esse que tenho? Porque adquiri isso, seja nessa ou em outra encarnação?
___ Muito se discute sobre o complexo sentimento de amor. Vale te explicar que esse sentimento, para muitas pessoas, sempre é acompanhado de um outro sentimento agregado que é o de cuidado, de zelo para com a pessoa amada. Quem verdadeiramente ama, quem quer bem, cuida para que a pessoa amada se sinta realmente bem, acolhida, querida, respeitada. É um sentimento de alteridade. Agora, uma distorção deste zelo e que, curiosamente tem sua origem etimológica ligada a ele, é o sentimento de ciúme. Se analisarmos mais detalhadamente o ciúme, podemos perceber, logo de início, que não se trata de um sentimento voltado para o outro, mas sim voltado para si mesmo, para quem o sente, pois é, na verdade, o medo que alguém sente de perder o outro ou sua exclusividade sobre ele. É um sentimento totalmente egocêntrico e que pode muito bem ser associado à terrível sensação de ser excluído de uma relação. O normal, mais comum, é a pessoa sentir-se enciumada em situações eventuais nas quais, de alguma forma, se veja excluído ou ameaçado de exclusão na relação com o outro. Em um grau maior de comprometimento emocional, quando há uma instabilidade neurótica ou de auto-afirmação, a pessoa pode apresentar-se como ciumento. Neste caso, a sensação permanente de angústia e instabilidade, a insegurança em relação a si mesmo e ao outro, além da fragilidade da relação afetiva, podem levar à pessoa a manter um permanente "estado de tensão", temendo ser traído ou abandonado.
___ Exatamente – comentou Luiz. – Acho que é isso que sinto constantemente.
___ Qualquer sinal do outro pode significar algo duvidoso que cria uma neurose, uma paranóia donde a angústia da dúvida corrói a alma de quem é ciumento. Em uma terceira situação, ainda mais grave sob o ponto de vista de comprometimento do psiquismo, podem ocorrer situações delirantes em que, a desconfiança do ciumento cede lugar a uma certeza infundada de que está mesmo sendo traído ou abandonado. O pensamento delirante muitas vezes toma conta de todo o psiquismo e atinge níveis insuportáveis de tensão interna. Paralelamente a este sentir ciúme, podemos avaliar a forma de reagir perante este sentimento.
___ Sim, sei exatamente como é. Vou lhe explicar o que me acontece.
___ Diga.
___ Na maioria das vezes, permaneço em vigília por todo o tempo, tenso, aflito, tomando atitudes destemperadas, sempre procurando uma forma de confirmar minhas suspeitas. Isto pode ir de um soturno ato de vasculhar bolsas e bolsos, checar ligações telefônicas e até seguir ou mandar seguir minha esposa como já fiz em busca de provas de sua infidelidade. Minha reação no dia-a-dia passou a ser agressiva, geralmente acusadora, desconfiada, causando um grande mal-estar na relação.
___ Realmente você precisa de um tratamento, pois seu quadro clínico pode chegar a ponto do chamado ciúme patológico.
___ Me explique um pouco sobre isso.
___ É verdadeiramente uma doença que pode levar a pessoa a cometer atos de extrema agressividade física, configurando aqueles casos que recheiam as crônicas policiais de suicídios e homicídios passionais. Enquanto os casos mais brandos de ciúme podem ser uma manifestação de má estruturação da auto-estima, os intermediários refletem estados neuróticos e são indiscutivelmente causadas por patologias psiquiátricas graves, as chamadas psicoses. Quanto mais intenso e menos controlável maior o problema. Quando o ciúme passa a controlar você, isso se torna um sinal de alerta. Essa necessidade de controlar a sua esposa pode ter diversas causas. O fundamental, neste momento, é que você possa se dar conta de que é preciso fazer algo efetivo a fim de não fortalecer desconfiança aumentando assim a impossibilidade de viver um relacionamento amoroso saudável.
___ Conseguirei me curar?
___ Claro, depende mais de você do que de mim e só o fato de estar aqui nesse momento já demonstra que tomou o primeiro e o mais importante dos passos. O tratamento do ciúme doentio é possível. Se a origem do ciúme for algum sentimento de inferioridade e de insegurança básica da pessoa, é possível melhorar a confiança em si mesmo através das técnicas de psicoterapia e mediante atitudes corretas de apoio afetivo no meio familiar. Uma vez reduzido o sentimento de insegurança, talvez consiga alívio para a aflição do ciúme. Só quem confia em si mesmo pode confiar nos outros, de modo que parece lógico começar pelo fortalecimento da autoconfiança. Com a ajuda da hipnose atingimos as estruturas inconscientes, analógicas e irracionais ajudando o paciente a modificar e substituir símbolos e valores negativos por outros positivos, sem precisar enfrentar os mecanismos de defesa conscientes, lógicos e racionais. Com um tratamento psicológico adequado, uma pessoa ciumenta aprende a perder o medo de perder, ou seja, afasta a maléfica sensação de perda ou abandono, justamente para não perder o parceiro. Mas lhe digo algo essencial, o resultado final depende, obviamente, de grande dose de paciência, boa vontade e amor.
___ Estou entendendo.
___ O ciúme é uma emoção forte que pode gerar tensão e medo. É o resultado do grau de frustração e insatisfação alcançada por determinada situação. Em casos extremos de ciúme, as pessoas experimentam sentimentos inusitados, que se revelam por meio de sintomas como aceleração dos batimentos cardíacos, contração dos músculos do estômago, umedecimento da palma das mãos, náuseas, etc.
Luiz balançou a cabeça em sinal de entendimento.
___ Vamos a sua linha do tempo?
___ Sim – respondeu Luiz encaminhando-se para a poltrona de meditação e regressão.
___ Relaxe! Respire fundo e tente visualizar-se retornando donde paramos na ultima vez – conduziu o psicólogo orientando Luiz assim que este fechou os olhos e se colocou em posição tranqüila.
Alguns minutos depois de prosseguirem no exercício de concentração e relaxamento, Luiz se colocou findo para aquela nova sessão.
___ Sim, pronto.
___ Descreva o que vê. Como está se sentindo? – questionou em seguida vendo que Luiz fazia uma careta.
___ Furioso.
___ O que se passa?
___ Estou entrando no quarto de Margarida e...
___ Diga.
___ Acabei de esbofeteá-la.
___ Só porque ficara sabendo os planos de fuga ou por algo mais?
___ Pela fuga, não precisava de motivo pior do que esse.
___ Mal se casara e já estava batendo em sua esposa?
___ Impedi que Margarida fugisse e exigi que me acompanhasse donde quer que fosse, pois era minha mulher.
___ Não estava sendo muito radical?
___ De forma alguma, por pouco ela não fugiu com um outro qualquer.
___ Chegou a ver Bruno?
___ Não, ainda não o conhecia.
___ A situação entre vocês já começa de forma ruim.
___ É, mas tenho direitos sobre ela, pois paguei todas as dívidas de sua família e livrei seu pai de morrer de vergonha.
___ O que fez com ela?
___ Nada, apenas adverti-lhe que a mataria se ela tentasse fugir com seu amante.
___ E Bruno, como ele fica nessa complicação toda?
___ Preocupado com a demora de Margarida, Bruno entra na mansão da família de Margarida, mas Joanina o ameaça com uma pistola.
___ Vejo que ele é um pobre infeliz mesmo, sua fuga junto à Margarida não ia ser dessa vez, estou certo?
___ Isso mesmo, além do mais, Margarida não queria que sua família passasse pelo desgosto de um escândalo.
___ E como fica a vida de casado?
___ Não sei, mas parece que não tão bem quanto deveria.
___ Avance mais um pouco.
___ Estamos indo para a fazenda.
___ Acontece algo? – questiona o psicólogo analisando as feições no rosto de Luiz.
___ Eu paro o coche. Está de noite e a estrada é deserta. Não, não desejo contar o que acontece, me sinto envergonhado pelo que fiz e juro que me arrependi depois.
___ Estavam conversando sobre alguma coisa?
___ Não, o silêncio reinava entre nós e ela estava muito séria.
___ Pode dizer, o que fez a ela?
___ Como já era minha mulher, a beijei e agarrando-a forcei a situação obrigando que se entregar a mim naquele exato momento.
___ A estuprou?
___ Sim, fiz isso com minha própria esposa, a poucas semanas de casado.
___ Imagino a péssima impressão que ela guardou de ti.
___ Sim, mas não sabe como me arrependi disso.
___ E porque não esperou que chegassem até a fazenda?
___ Não sei, ainda estava com raiva imaginando que ela ia fugir com outro homem e assumo que agi como um monstro tomando-a a força de tal maneira.
___ Creio que isso só complicou ainda mais a situação, não?
___ Claro. Disse-lhe que tinha uma idéia muito diferente de como seria nossa noite de núpcias, mas como para castigá-la de ter ousado pensar em fugir, fizera aquilo no meio da estrada.
___ E ela?
___ Assustada e triste, desabou a chorar e continuou chorando durante quase todo o percurso. Soluçando disse-me que foi a coisa mais desagradável que lhe acontecera na vida.
___ Sem comentários.
___ Sim, não sei como tive coragem para isso, estragara minha imagem e caráter diante dela. Desse modo, conquistá-la seria muito mais difícil.
___ Pelo visto nem se daria ao trabalho de conquistá-la – comentou o psicólogo sendo direto.
Luiz permaneceu calado como remoendo o comentário feito. Sentia-se envergonhado e tinha consciência do enorme erro que cometera com sua própria esposa.
___ Se realmente a amasse, não teria feito isso jamais.
___ Tente entender, estava com raiva e não sei o que aconteceu comigo. Acho que bebera um pouco amais.
___ Só pode, pois é um absurdo o que fez.
___ Concordo plenamente.
___ Como decorreu o resto da viagem?
___ Perguntei a ela se imaginava como me sentira ao saber que ela gostava de outro homem e principalmente que planejava fugir com ele. Ela ficou calada e eu, já bastante irritado refiz a pergunta. Com o olhar cheio de fúria ela disse me detestar e revelou que amava o outro homem. Perguntei-lhe porquê não contara a verdade antes do casamento, mas ela voltou-se para o canto e seu pranto se tornou ainda maior. Resolvi deixá-la em paz e dessa forma chegamos na fazenda.
___ Como passam a noite?
___ Ela se recusa a dormir na mesma cama que eu e percebendo o quanto ela estava revoltada e decepcionada comigo, fiz-lhe à vontade mandando Helena arrumar outro quarto.
___ Quem era mesmo Helena?
___ A filha do administrador da fazenda.
___ Aquela que chorou por saber que ia se casar?
___ Exato.
___ Ela trabalhava na fazenda?
___ Sim, ajudava Daniela.
___ Quem era Daniela? Alguma empregada?
___ Sim, mais ou menos. Ela era uma senhora alta e magra, usava roupas pretas e era a clássica celestina. Fora babá de Helena. De origem modesta, mudou sua personalidade por estar sempre envolvida com a alta classe, cuidando de crianças ou acompanhando senhoritas. Hipócrita, com voz doce e modulada, instigou Helena a cometer atos deploráveis.
___ Continue.
___ Helena comenta com Daniela o fato de que Margarida e eu não dividiríamos a mesma cama. As coisas ficam assim e não sei de mais nada.
___ Pode avançar um pouco mais.
___ Margarida está tomando banho e eu estou observando-a as escondidas sem ser visto.
___ Daremos uma pausa, tenho algumas anotações a fazer. Descanse e relaxe, se quiser pode mexer o corpo.
Após alguns instantes mantidos em silêncio, apenas com o som da suave música instrumental que saia do aparelho de som, o psicólogo retornou aos questionamentos:
___ Pode avançar mais um pouco. O que consegue visualizar?
___ Bruno dizendo a Martolo que apesar de eu ser filho de um dos homens mais ricos do país, isso não o impedirá de resgatar Margarida.
___ Ela vai desafiar a ti?
___ Parece que sim.
___ O que mais acontece?
___ Gertrudes diz a Joanina que está escrevendo uma carta para Margarida e vai pedir permissão para visitá-la.
___ Gertrudes se bem guardo na memória era a tia de Margarida, estou certo?
___ Isso mesmo, acertou.
___ Conte-me mais sobre você mesmo. Pode avançar um pouquinho mais.
___ Estou confessando ao padre José Albino que me arrependi de ter me oferecido para pagar as dívidas da família de Margarida e em troca ter pedido para que ela fosse minha esposa.
___ Mas porque se arrependera?
___ Porque aquele casamento estava sendo uma desgraça, não percebe?
___ Mas isso poderia mudar, dependeria de você.
___ Não sei, não apenas de mim. O fato é que me arrependera.
___ Mas não deixara de amá-la, ou já não gostava mais dela por saber que amava outro homem?
___ Não, continuava amando-a e foi por isso que de certa forma me arrependera, principalmente depois de tomá-la a força. Sentia-me muito mal como se meus atos houvessem sido desumanos ao extremo, compreende?
___ Praticamente foram.
___ Se soubesse que ela gostava de outro homem, não teria feito pressão para que se casasse comigo, acho que estava com pena dela e ao mesmo tempo já não poderia fazer nada, muito menos voltar o tempo atrás para consertar as coisas.
___ Sim, eu estou entendendo, você estava se sentindo numa situação difícil e com o peso do arrependimento o que é muito doloroso.
___ Exatamente, estava péssimo, me sentindo o pior dos humanos. Disse ao padre estar muito arrependido, pois acreditara que havia me casado com um anjo, mas horas depois de haver jurado fidelidade e amor eterno, ela planejava fugir com seu amante. Ainda continuava com raiva, não tanto dela, mas do amor que ela tinha por outro homem ao invés de tê-lo para mim. Não mandamos no coração e ela não tinha culpa de amar outro homem, mas preferia que ela houvesse sido sincera.
___ Talvez ela ficou com medo pela situação financeira da família.
___ Mas foi exatamente isso que aconteceu.
___ Imagino como estava se sentindo.
___ Posso ir para frente, não me sinto bem nesse estágio ao qual me encontro.
___ Claro, avance mais um pouco pela sua linha do tempo flutuando vagarosamente. Analise que todo mundo é historiador de sua própria vida passada consciente, na medida em que elabora uma versão pessoal dela. A historia do passado ainda faz parte de nós, mas não está mais inteiramente dentro de nosso alcance pessoal. Memória é vida e está sempre em permanente evolução. Às vezes esta fica latente por longo período, depois desperta subitamente. A historia é a sempre incompleta e problemática reconstrução do que já não existe. É uma representação do passado. A memória sempre pertence a nossa época e está intimamente ligada ao eterno presente.
___ Me vejo encontrando com um de meus empregados no povoado. Ele me diz que Margarida veio com ele, mas desaparecera na chegada.
___ Ela fugiu?
___ Sim.
___ O que fez?
___ Sai imediatamente à procura dela.
___ Achou-a?
___ Sim, encontrei-a na beira da estrada quando ela, ajudada por uma desconhecida, estava a ponto de entrar numa carruagem que a levaria ao povoado da cidade donde havia ficado seus pais.
___ O que fez? Imagino que deve ter ficado...
___ Furioso – interrompeu Luiz. – A levei de volta para a fazenda.
___ Não lhe cobrou uma explicação?
___ Ela mesma fez questão de me dar e disse que decidira ir embora porque não suportava viver ao meu lado.
___ Porque não deixou ir embora já que estava arrependido do casamento?
___ Porque naquela altura dos acontecimentos ela já era minha mulher, devia-me respeito e obediência conforme os costumes da época. O casamento já tinha sido consumado e não havia como voltar atrás. Além do mais, não importava se ela me queria ou não, eu a queria como esposa, pois a amava.
___ E o que fez?
___ Impus condições e disse que a deixaria ir embora se ela concordasse em me dar um filho.
___ Mas como assim, não entendo.
___ Era o mínimo que podia ter de uma mulher a qual tanto amava.
___ Mas consegue perceber que isso não era amor?
___ Como não? Estaria dando a liberdade a ela, contrariando os costumes da época e aos meus próprios. Pedir um filho era natural, pois ela era minha esposa e eu queria dar continuidade à família tendo um herdeiro.
___ Tudo bem. Avance mais um pouco.
___ Vejo padre José Albino chegando com Bianca à fazenda.
___ Quem era Bianca?
___ Não sei.
___ Bem, por hoje é só, nosso tempo está acabando e preciso verificar minhas anotações. Você irá retornar gradativamente na contagem de um a cinco e assim que estalar os dedos você retornará para a sala sem...
Após Luiz recuperar os sentidos e retornar tranqüilamente para o ambiente no qual se encontrava, o psicólogo marcou o retorno na agenda e pegando a prancheta verificou seus rascunhos.
___ Vamos fazer uma breve recapitulação dos fatos narrados.
___ Sim.
___ De todos os figurantes da história, você consegue verificar mais algum no seu cotidiano?
___ Não, acho que não, sei que sou Paulo Ricardo e muito provavelmente Margarida seja Analice. Depois Bruno seria Tiago e do resto não sei te dizer.
___ Não faz mal, na verdade são esses os personagens principais que compõe o que delimitaremos hoje. Antes de prosseguir sabendo quem era Bianca ou o que aconteceu com tantos outros personagens que vivenciaram contigo na ultima encarnação, quero saber o que está achando de toda essa descoberta.
___ Estou um tanto confuso e não sei aonde conseguiremos chegar sabendo de tantos detalhes passados.
___ Num momento certo ficará sabendo. Por enquanto quero que analise algo muito importante.
___ O que?
___ Já percebeu o quanto tem ligação uma encarnação com a outra? Quero dizer, o seu passado com o seu presente?
___ Não, como assim?
___ Quando se casou com Analice, sabia do envolvimento inacabado que ela tinha com Tiago?
___ Não, nem ao menos imaginava.
___ Assim como na encarnação passada você desconhecia o fato de que Margarida tinha um outro amor em sua vida, que era Bruno.
___ Correto, faz sentido. Acontece que Bruno continuou se encontrando com Margarida ao verificar que não conseguiriam fugir e assim se tornaram amantes.
___ Não era isso que julgava de Analice também? Que Tiago fosse seu amante?
___ Sim.
___ E o que descobriu?
___ Que eu me enganara.
___ Pois então o que lhe comprova o fato de Bruno ter sido amante de Margarida?
___ Ela o amava.
___ Assim como Analice amava Tiago.
___ Onde quer chegar?
___ É cedo para conclusões, mas verificando sua vida presente, acho que... Bem, não irei dizer, descobriremos aos poucos. Também posso estar enganado.
___ Diga, não me importarei se estiver enganado.
___ Não, é melhor aguardarmos mais algumas sessões.
___ Se pensa que foi assim como nessa vida na qual consegui conquistar Analice e fazê-la escolher ficar comigo, talvez não tenha sido isso o que se passou entre Paulo e Margarida.
___ Porque acha que não?
___ Não sei, não me jugo tão cheio de sorte assim.
___ Sorte?
___ É, Analice é maravilhosa e Margarida também deveria ser já que são supostamente a mesma pessoa.
___ Sim, mas vivendo em aspectos diferentes, muitas vezes o termo sorte não se encaixa bem. Assim como você e Analice já viveram vários problemas e continuam tendo-os, imagine quantos outros vocês já passaram juntos, numa época cheia de frescura e rigidez, principalmente para as mulheres que eram obrigadas a viverem presas dentro de casa cuidando das obrigações do lar e dos filhos. Verifica que a sorte deve ser analisada de varias maneiras?
___ Pode até ser, quer dizer que não tenho e nem tive sorte ao encontrar...
___ Não é bem isso – interrompeu o psicólogo. – Deve considerar o fato de estar ao lado de Analice como sorte sim, mas verificar que essa palavra se traduz em reconciliação e resgate.
Luiz balançou a cabeça ainda sem entender.
___ Aos poucos entenderá onde quero chegar.
___ Espero que sim. Porém, espero muito mais que Bruno jamais tenha conseguido sair do local onde o prenderam, se não fosse por ele...
___ Esse sentimento não é bom, sabe disso – aconselhou o psicólogo.
___ Tenho certeza de que foi por ele que desde então comecei a sentir ciúmes de minha amada e provavelmente foi diante dele nessa encarnação, que todos os sentimentos inconscientemente vieram à tona, surgindo essa coisa doentia que me faz agir sem pensar.
___ Aos poucos tudo dará certo, essa é a esperança que devemos ter, garanto a você que tudo depende apenas da sua força interior e confio que vencerá. Independente do que existiu entre Margarida e Bruno ou do relacionamento tido entre Analice e Tiago, ela ama você e hoje está ao seu lado, isso é o valido para o momento.
Terminada a sessão, Luiz retornou para seus afazeres sentindo-se curioso e ao mesmo tempo mais aliviado. Tudo levava a crer que aquela história ainda teria muito caminho para percorrer e Luiz ainda teria muitas surpresas em suas descobertas na volta ao tempo.
Há 4 anos
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