Nos dias seguintes, enquanto aguardava a finalização de alguns exames, Carol teve uma recaída e os médicos receavam que ela houvesse pegado alguma infecção hospitalar, porém nada tinham concluído que comprovasse tal suspeita. Sendo mantida em observação constante, pediram para que sua amiga Diana ficasse com ela no quarto como acompanhante, já que não tinham informações sobre nenhum de seus familiares, sabendo apenas que estes não residiam na mesma cidade.
Ardendo de febre, Carol delirava dizendo coisas das quais ninguém podia entender. Na primeira oportunidade em que ela abriu os olhos, parecendo um pouco mais lúcida, Diana tentou esclarecer suas duvidas e descobrir o que realmente estava acontecendo.
___ Diana, que bom que você está aqui, tem alguma noticia de Joaquim?
___ Ele continua internado, mas ando numa correria tamanha que ainda não fui visitá-lo. Ele está no andar de cima, do outro lado, não tenho nenhuma informação sobre o estado de saúde dele, mas creio que não corre nenhum risco de vida ou perigo maior. Bem, isso é apenas o que imagino.
___ Estou com frio.
___ Sim, ainda está ardendo de febre, daqui a pouco passa, imagino que aquele medicamento...
___ Eu vi – interrompeu Carol olhando paralisada para a porta enquanto se lembrava de algo.
___ Viu o que?
___ Eu, meu pai, minha mãe, minha família.
___ Como assim? Pensei que estivesse delirando, alias você...
___ O que eu dizia? Diga-me, é importante.
___ Não dava para entender, falava baixo e...
___ Pois eu não estava delirando não, eu vi, vi perfeitamente como se estivesse acordada.
___ Do que está falando?
___ Você não vai acreditar como eu também não estou acreditando. Descobri algo que ninguém poderá comprovar, mas eu sei que é real.
___ Está falando do feitiço? Eu fui conversar com um senhor que conhece dessas coisas de feitiço como você tinha me pedido. Sinceramente não gosto de ter de me envolver com isso, mas sinto-me na obrigação de te ajudar. O senhor me explicou algumas coisas, mas quase não entendi nada. Será que todo o mal que lhe ocorreu foi por causa...
___ Esqueça a história do feitiço.
___ Porque, ela não é verdadeira? Tinha traduzido errado? – questionou Diana intrigada sem compreender onde Carol queria chegar.
___ Não é isso. Não estou falando da tradução e nem mesmo do feitiço.
___ O que mais andou lendo?
___ Conversei com minha avó Marta pelo telefone.
___ Sim, o que isso tem a ver com o caso? Não fica desconversando, diga-me o que leu ou o que viu.
___ Minha avó contou-me que existia alguém nos antepassados de nossa família com o nome de Marta Madalena.
___ E daí? – questionou Diana que não lera o final da tradução.
___ O relato vem dos meus familiares passados e agora compreendo muita coisa.
___ Como assim? Explica-me isso direito que ainda não entendi.
___ Eu me vi direitinho, pode pensar que estou louca, que foi apenas delírio, mas tudo tem muito sentido, é real, sinto isso como sinto meu coração bater – dizia Carol eufórica e cheia de convicção.
___ Você precisa descansar, estou ficando preocupada contigo. Será que te deram algum remédio mais forte?
___ Me escute. Eu vi e sei do que estou falando.
___ Você sonhou alguma coisa e por certo deve estar impressionada com tudo o que nos aconteceram nos últimos dias.
___ Não, juro que não. Marta madalena, tataravó de minha avó, foi à filha do homem que escreveu o ultimo relato.
___ Pode ter sido outra pessoa de mesmo nome.
___ Não, as historias encaixam-se muito bem uma com a outra, tudo faz absoluto sentido.
___ Compreendo – concordava Diana ainda em duvida. – Mas sua avó também pode ter...
___ Sei disso, tudo pode não passar de uma mera suposição, mas, além disso, eu vi.
___ Afinal de contas o que foi que viu?
___ Eu estava inconsciente, mas foi consciente, como se estivesse acordada.
___ Tem certeza de que está bem?
___ Sim, eu estou bem – confirmou Carol dizendo firmemente cada palavra.
___ Certo, não precisa se irritar.
___ Não estou irritada, quero que você me entenda, é a única pessoa com quem posso dividir tudo o que tem ocorrido e das coisas que descobri.
___ Então me conte, o que viu e descobriu?
___ Em qual parte parou do primeiro relato?
___ Já li todo, estou praticamente na metade do segundo.
___ Eu fui à esposa do faraó.
___ O que? Endoideceu?
___ Não. Tudo se molda perfeitamente e faz total sentido.
___ Existe um espaço muito grande entre os dois relatos, são mais de mil anos, é muito tempo. Como pode saber...
___ O tempo é diferente, mil anos podem parecer segundos dependendo de como se visualiza. O planeta é vasto e imenso, mas vira um grão de areia quando visto do espaço e comparado ao infinito do mundo. Entende o que quero dizer?
___ Sim, eu entendo. Não sei se acredito, se estou abismada, com medo ou surpresa.
___ Pois eu nem sei explicar o que estou sentindo, estou deslumbrada e encantada.
___ Porque você pode saber do seu passado se ninguém mais pode?
___ Não sei. Martino, meu tio, teve revelações sobre o passado de meus avôs através de Pedro. Pedro foi informado por seu mentor Bonifar e ficou sabendo de sua existência passada donde fora Viviane. Ele descobriu a encarnação passada de meus avôs, relatou em seu livro que minha avó Marta fora Marcos e meu avô Orlando fora Nara. Depois meu pai fez regressão de memória e também ficou sabendo quem fora em sua ultima encarnação. Do mesmo modo ele contou em seu livro como vivera, deixando clara a importância dos laços familiares diante dos acertos de dividas cometidas outrora. Tudo é tão magnífico, tão esplendoroso. Nenhum deles poderia imaginar detalhadamente como todo esse envolvimento vinha sendo vivenciado desde milênios atrás. Mas agora, imaginar será o mais fácil diante de tudo o que descobri.
___ Está querendo dizer que...
___ É uma pena que não esteja escrito no período que se estende de uma historia a outra. Estive pensando muito e...
___ Não acha que isso deixou sua mente confusa?
___ Aldo e Gilda tiveram uma filha chamada Madalena, provavelmente a mãe da tataravô de minha avó. Isso parece confuso, mas se entender bem verá que é até mesmo emocionante.
___ Emocionante? – questionou Diana com vontade de rir. – Você não deve estar no seu completo juízo.
___ Pois no meu pleno juízo, informo que se prestar atenção, Joanina, por exemplo, pode ter sido minha tataravô, ou seja, a avó de Marta.
___ Joanina, a mãe de Henrico e Margarida?
___ Isso, lembra-se?
___ Donde pode pré-supor isso?
___ Dos meus pensamentos.
___ Mas...
___ Sei que é uma idéia sem comprovação, mas pode ser verdadeira. Minha avó pode ser filha de Henrico e Ana, porque não?
___ Se fosse ela mesma saberia ao ter lido o livro escrito por Luiz.
___ Ela me disse que não sabe o nome de seus avôs e, no entanto sabe o nome de sua tataravó que era Marta Madalena.
___ Procure tirar essas idéias da cabeça, acho que invocou demais em descobrir o passado.
___ Sim, é verdade. Mas o que vi tenho certeza.
___ É mesmo, ainda não me disse o que você sonhou ou viu em sonho. Tinha apenas dito que foi a esposa do faraó.
___ Sim, me vi perfeitamente e sei que era eu. E advinha o que mais, Joaquim era o homem por quem me apaixonei, o mesmo que escreveu o livro.
___ Certo, e quem era o faraó?
___ Pois é isso que não estou entendendo.
___ Não o viu?
___ Bem, pelo que percebi o faraó era o bendito do policial que me prendeu e depois foi na minha casa me agredir.
___ Está vendo, você está confusa e nada disso faz o mínimo sentido. Se duvidar vai falar que eu fui à irmã da esposa do faraó, é só o que falta.
___ Pois pode ter sido.
___ Me poupe de mais detalhes, sabe que não acredito nisso, para mim você teve um sonho e sua confusa cabecinha está...
___ Será porque vi tão perfeitamente? – interrompeu Carol.
___ Carol, isso não faz sentido.
___ É lógico que faz, pena que não tenha como eu comprovar. Essa encarnação aconteceu antes da era crista, estávamos todos envolvidos. Existem muitos mais personagens do que os descritos neste livro. Existem os outros soldados, os guardiões, a amante do faraó que em nenhum momento é relatada no livro, assim como os filhos bastardos. Temos muitos personagens. Os próprios pais do homem que relata o primeiro livro. Minha família tem um envolvimento de muitos milênios. Pena não ter como descobrir o que se sucedeu nas gerações seguintes até chegar ao relato de Aldo e Gilda.
___ O que você achou é uma preciosidade imensa, mas querer um relato completo também já é de mais. Os recursos de escrita não eram vastos como hoje em dia. Compreenda que tudo isso pode ser coisa de sua cabeça.
___ É, pode ser, não tenho nada que me garanta.
___ A única coisa que pode ter certeza é de que realmente essas escritas, ou seja, estes dois relatos, são provenientes de seus antepassados, assim mesmo se sua avó não estiver enganada e caso verdadeiramente se trate da mesma pessoa da pintura de sua avó.
___ É, acho que estou muito confusa agora.
___ Pois se entusiasmou por demais com tudo isso, não deve ficar investigando tanto o passado. Porque tanta curiosidade por algo que o tempo já encobriu?
___ É interessante saber, mas acho que você tem razão. Não vou mais ficar tentando descobrir quando foi que milhares de coisas aconteceram. Acho que tudo isso é apenas uma fuga do meu futuro.
___ Teme algo? – questionou Diana verificando a feição de Carol.
___ Sim, eu estou totalmente receosa com essa coisa de feitiço e tudo o que está me acontecendo. Acho que ficar aqui deitada me faz pensar e ver coisas que não são certas. Parece até que estou endoidecendo – concluiu Carol.
___ Tudo vai passar. Tente não ficar enchendo a cabeça de besteiras. Isso não lhe faz bem nenhum. Pode ser que suas evidencias quanto ao passado sejam plausíveis de acerto, mas o importante agora é imaginar o que podemos fazer para nos livrarmos do tal feitiço.
___ Estou com medo – confirmou Carol. – Ficar num hospital é horrível, mas pelo menos me sinto protegida aqui.
___ E em todo caso, é melhor do que na cadeia – ressaltou a amiga.
___ Pois é.
___ Descanse minha amiga, tudo vai se resolver, eu tenho certeza disso.
___ Sim, tomara que sim. Lembro de quando era uma adolescente, detestava ter de estudar história no colégio, agora olha só, estou apaixonada por fatos e dados históricos.
___ Você se envolveu profundamente com a tradução desses manuscritos. Está inclusive desorientada da cabeça – disse a amiga em tom de brincadeira.
___ Pior que você deve ter razão. Será que estou ficando louca? – receou-se Carol.
___ Acho que isso tudo provem do feitiço, será que não?
___ Acredita mesmo nessa coisa de feitiço?
___ Pois não sei, também estou confusa. Diferente de você, se antes gostava de história, agora já não acho tão interessante assim.
___ Acho que entramos numa enrascada confusão.
___ Porque não entrega o livro para a policia? – questionou Diana dando uma sugestão.
___ De maneira alguma. Ainda tenho comigo que tais personagens redatores fazem parte de meus próprios antepassados.
___ Mas de que isso tem importância se de nada podes comprovar?
___ Não interessa, descobri o livro e quero-o comigo.
___ Mas se pretende reescrever tudo no livro que você mesma vai escrever, porque ficar guardando algo tão velho, sujo e empoeirado? Não acha que o livro, os pergaminhos e aquele negócio do feitiço terão muito mais utilidade em algum museu ou...
___ Nem pense nisso, por enquanto...
___ Tudo bem, você sabe o que faz, apenas dei minha opinião e espero que mais tarde você perceba que tenho razão – interrompeu a amiga.
___ Será?
___ Parece que está bem melhor – comentou o medico entrando no local.
___ A febre pelo visto abaixou – disse Diana.
___ Eu ainda estou com frio.
___ Estarei te dando alta hoje mesmo, eu receio que sua permanência no hospital não está sendo benéfica ao seu próprio estado de saúde. Deve ter pegado alguma virose.
___ Gostaria de saber como está Joaquim?
___ O homem que deu entrada no mesmo dia que você? – questionou o médico.
Carol balançou com o rosto afirmando a pergunta feita.
___ Ele também já está melhor, acordou do coma e está reagindo naturalmente. Estava muito preocupado querendo saber de sua namorada, por acaso é a senhora?
___ Não me chame de senhora, por mais que seja uma maneira respeitosa eu nunca gostei que ninguém me chamasse de senhora.
___ Pois bem – disse o médico.
___ Sou sim a namorada dele, quer dizer, não tenho certeza disso. Nem ao menos tivemos tempo de conversar depois que ele retornou de viagem.
Ao sair do hospital, Carol foi para um hotel imaginando que realmente sua casa poderia estar cercada de algum feitiço. Ela não imaginava o que poderia ter lhe acontecido para primeiro ser levada presa e depois, ser agredida por um marginal que dissera apenas querer conversar. Mas como não se tratava de um feitiço e os pintores acompanhavam todos os detalhes do que se passava com Carol, ela não estaria livre no hotel e era lá que eles iam raptá-la, aproveitando que ainda mantinha fraco e debilitado o seu estado de saúde.
Momentos mais tarde, Carol arrumava algumas de suas roupas no guarda-roupa do hotel quando o telefone tocou. Era da recepção e informava que um homem chamado Joaquim perguntava se podia subir até seu quarto. Carol embora desconfiada pensou que o médico pudesse ter dado alta a Joaquim também e sem receios deu permissão ao recepcionista.
Segundos após desligar o telefone, Carol sentiu um aperto no peito e resolveu ligar na recepção perguntando como era a aparência do homem que dera o nome de Joaquim. Conforme o recepcionista descrevia, Carol se agitava mais, tudo indicava que não era Joaquim, mas sim o mesmo homem que estivera em sua casa e a agredira.
Aprontando uma grande confusão, Carol ao invés de trancar a porta do quarto, pegou o celular e ligou para a policia, mas antes mesmo que pudesse se identificar, a porta do quarto abriu-se mostrando atrás dela o mesmo sujeito que invadira sua casa anteriormente. Retirando uma arma da cintura, ela a rendeu mandando que soltasse o telefone e permanecesse calada. Carol não podia entender o que estava acontecendo. Tremula, chorando e quase não suportando ficar em pé, ela voltava suas roupas para a mala, obedecendo ao homem que lhe apontava uma arma na cabeça.
Minutos depois, a policia chegava na entrada no hotel.
___ Recebemos uma chamada urgente de uma hospede deste hotel, não parecia ser trote, sabe informar se está acontecendo algo errado?
___ Não, como vêem esta tudo muito tranqüilo por aqui, deve ter sido brincadeira de alguma criança – respondeu o recepcionista imaginando que aqueles policiais ali dentro assustariam seus hospedes.
___ Ela não nos informou o nome, mas temos certeza de que não se tratava de nenhuma criança e a voz estava bastante desesperada. Entrou alguém no hotel que não estivesse hospedado? – questionou outro policial que acabava de guardar seu distintivo.
___ Sim, subiu um homem agora mesmo, veio visitar sua namorada do quarto quinze.
___ Vamos até lá, o sujeito pode estar armado.
___ Mas vocês não têm permissão de...
___ Vamos logo – gritou um deles sem dar atenção ao que dizia o recepcionista.
Assim que os policiais começaram a subir as escadas, o recepcionista ligou para o quarto de Diana e informou que a policia estava subindo até o quarto. Desculpando-se, o recepcionista disse que não tivera como impedir os policiais e explicou que aquilo nunca acontecera no hotel. Ele nem ao menos desconfiava que uma de suas hospedes realmente estivesse correndo perigo.
___ Pois bem, eis os policiais, o grande jogo está começando – informou o sujeito pressionado ainda mais a arma no pescoço de Carol. – Larga essa mala, vai ter de deixá-la para trás. Vamos sair daqui imediatamente. Quando não precisa os policiais são incrivelmente eficientes.
Sendo arrastada com violência, o sujeito pediu a Carol que trancasse a porta do quarto e em seguida retirou a chave de sua mão. Entrando no elevador, o homem pegou firme no pulso de Carol enquanto escondia sua arma na cintura por dentro do elástico da calça. Carol ainda pálida e tremula limpou as lágrimas.
___ Vamos sair pela lateral na parte que dá acesso a garagem.
Enquanto os dois rumavam para a garagem, observando que a recepção estava sozinha, os policiais chegavam ao quarto trancado donde Carol hospedara.
___ Abra a porta, é por parte da policia, precisamos revistar o quarto – informava um deles batendo na porta.
___ Não gritem, não quero que os demais hóspedes vejam... – tentava dizer o recepcionista pensando que qualquer tipo de escândalo significava sua própria demissão do estabelecimento.
___ Vamos ter de arrombar a porta – informou um deles.
___ Não, não façam isso – dizia o recepcionista desesperado. – Esperem, vou ligar para o dono e... – suas palavras eram inúteis.
___ Parece que está vazio – disse um dos policiais depois de arrombar a porta e entrar no quarto.
___ Vistoriem.
___ A janela está aberta.
___ Mas por aqui é impossível escalar até o telhado e creio que de modo algum teria fuga pela janela.
___ Tem certeza de se tratar do quarto quinze? – perguntou o policial.
___ Sim, foi este mesmo, a mulher, se não me engano chamada Carol, se hospedou hoje mesmo, estava aqui há poucas horas quando o sujeito chegou dizendo que era namorado dela e viera visitar. Foi ela mesma quem deu permissão para...
___ Não se chamava Carol a moça que foi internada após sair da cadeia?
___ Sim, o Manoel estava tratando do caso e disse que não tinha evidencias de roubo, deu o caso por encerrado dizendo que ela era envolvida com contrabando de drogas e provavelmente deveria se tratar de algum cobrador que entrou em sua casa para lhe ameaçar e até mesmo agredi-la.
___ Não acham que esse caso está estranho? – questionou um dos policiais guardando sua arma.
___ Pois para mim Manoel não deu a mínima para o caso, mas realmente essa mulher esteve presa, não sabemos se ela é culpada ou vitima de algo.
___ Provavelmente algum de seus cúmplices foi lhe fazer algum tipo de pressão ao saber que ela retornara da cadeia e se realmente se trata da mesma pessoa, pode ser que o mesmo sujeito tenha vindo pressioná-la novamente.
___ Gostaríamos de saber o nome completo da mulher que estava hospedada aqui.
___ É uma fugitiva? – perguntava o recepcionista não entendendo nada.
___ Olhem, é a mesma pessoa sim, aqui estão alguns documentos – dizia um dos policiais revistando a mala largada no chão num dos lados da cama.
Enquanto os policiais discutiam e revistavam o quarto, um dos pintores envolvido no caso, esperava na lateral do hotel com um carro branco.
___ Anda depressa, têm policiais rondando as laterais – dizia o pintor ligando o carro.
___ Para onde me levarão? Quem são vocês? – perguntava Carol em pânico.
___ Primeiramente vamos te levar para um lugar seguro, depois explicaremos o que lhe ocorrerá.
O caso ainda muito se complicaria e Carol cada vez mais se enchia de curiosidades a respeito de tudo o que lhe acontecia.
___ Desejo uma explicação agora, por que vocês estão me perseguindo? O que pretendem fazer comigo? É dinheiro que...
___ Queremos muitas coisas além de dinheiro – desafiou um deles olhando-a por completo dos pés a cabeça.
___ Não sei, mas minha vida virou uma bagunça, realmente deve ter alguma ligação com o feitiço do mapa.
___ Feitiço do mapa? Do que está falando?
___ Nada, é que... – gaguejou Carol sem saber o que mais dizia.
___ Vamos, o que foi, perdeu a fala?
___ Vocês não tem nada a ver com minha vida – irritou-se Carol.
___ Nos chamou de feitiço? Foi isso? – indagou o outro.
___ Quero saber para onde estão me levando.
___ E eu quero que você cale a boca, nós mandamos aqui, entendeu – disse um deles em tom mais ríspido como se estivesse perdendo a paciência.
___ Por acaso encontrou alguma relíquia nos últimos dias?
___ Não sei do que estão falando.
___ Vai ficar sabendo logo.
___ Não entendo, porque disse a palavra mapa? – questionou um dos pintores que ainda não abrira a boca.
___ O que tem de mais nessa palavra? – indagou Carol começando a desconfiar da insistência deles.
___ Nada, mas desejo saber...
___ Está bem, vou dizer a verdade antes que me torturem a dizer. Eu estava trabalhando numa reforma e encontrei um mapa enfeitiçado.
___ Mapa enfeitiçado? – repetiu dois deles ao mesmo tempo.
___ Sim, não sei explicar e nem entendo disso, mas lá diz que quem tem o mapa está sujeito a sofrer um feitiço de muitas eras e imagino que tudo o que tenho sofrido ultimamente seja decorrente disto.
___ Ficamos sabendo que foi presa e depois foi para o hospital.
___ Claro. Aquele idiota ali foi até minha residência e... – dizia Carol com raiva olhando para o sujeito quando pode observá-los melhor. – Espere um pouco, você é o policial que...
___ Eu mesmo, mas agora estou do lado dos bandidos – riu ele sarcasticamente. – Vamos acabar com você se não for boazinha.
___ Pois isso é o que vocês pensam – desafiou Carol.
___ Continue falando sobre o mapa, onde ele está?
___ Eu o queimei imediatamente – mentiu ela.
___ Ela está blasfemando contra nós. Pensa que é mais esperta, mas não passa de...
___ Olha lá como fala comigo – interrompeu Carol aumentando o tom de voz.
___ Você vai pagar caro por isso, como ousou queimar algo tão antigo?
___ Se tratava de um bruxedo – repetiu Carol.
___ Pensa que somos tolos?
___ Por acaso estão fazendo tudo isso comigo na intenção...
___ E agora, não pode ser verdade, ela queimou o restante do mapa – disse um deles aos companheiros.
___ Pois terá de desenhar o mapa, duvidamos de que aquilo se trate de feitiço algum, nós poderemos ficar ricos encontrando algum tesouro perdido – informou outro deles.
___ Por acaso algum de vocês encontrou alguma outra parte do mapa?
___ Sim, é isso mesmo, mas não dizia nada de feitiço e sim de um tesouro. Porém precisamos da metade que você queimou – revelou um deles.
___ Pois por certo garanto que não fizeram a tradução correta.
___ Bem, teve algumas palavras que... Será possível que nos enganamos?
___ Estamos todos enfeitiçados, isso é verdadeira praga e nem quero imaginar o que vai nos acontecer – disse Carol voltando ao seu pranto.
Os pintores se entreolharam assustados sem saber no que acreditar.
___ Pare o veiculo – ordenou um deles. – Onde está o pedaço restante do mapa?
___ Aqui, tome.
___ Diga-nos, o que significa isto?
___ É a mesma coisa que estava escrita no pedaço que achei. Diz: “Quem este mapa encontrar poderá perder a vida, ele o levará a ponta da colina donde os negros dos quilombos escondiam seus bruxedos que faziam na busca de se tornarem livres”.
___ Isso não faz sentido, porque alguém ia ir atrás de uma colina cheia de feitiços?
___ Não sei, juro que também não entendo, talvez aqui no verso diga algo.
___ O que tinha no seu mapa?
___ Apenas continha explicações sobre os símbolos, mas não especificava nenhuma ligação direta. Vejam, no pedaço do meu mapa também tinha isso daqui escrito: “Como desvendar a ponta da colina” – leu Carol continuando nas frases seguintes. - “Nela está o segredo da liberdade e o poder da vida”.
___ O que isso quer dizer?
___ Não sei, talvez valha a pena ir atrás dessa colina. No pedaço de mapa que achei dizia para verificar os símbolos e chegar até a colina o mais rápido possível, pois se não, a morte nos levaria. Não estou tentando enganar vocês, também estou muito assustada e amedrontada com isso tudo.
___ E agora, confiamos na palavra dela? – questionou o policial. – Não vão me dizer que perdemos tanto tempo assim.
___ Ela parece estar dizendo a verdade.
___ Como faz para chegar nessa colina?
___ Aqui não diz mais nada, quer dizer, não consigo traduzir assim sem consultar...
___ Droga, eu imaginei que isso não fosse ser algo simples, vocês me envolveram numa cilada – praguejou o policial irritado.
___ Se não existe tesouro, infelizmente vamos ter de extorquir sua família e pedir um resgate bem maior do que o planejado.
___ Ligue o carro, vamos continuar conforme aviamos pensado. Não nos interessa como, mas queremos que traduza essa porcaria desse mapa, antes mesmo de chegarmos ao seu cativeiro.
___ Está bem, creio que posso conseguir isso – respondeu ela amedrontada.
___ Ainda bem, melhor assim.
___ Posso fazer um acordo com vocês, se desistirem dessa história de resgate, lhes entregarei a outra parte do mapa – disse Carol tendo uma idéia nova.
___ Mas não disse que queimou?
___ Eu menti, na verdade vocês estavam certos, não se trata de feitiço, mas sim de um baú repleto de ouro que os escravos encontraram dos antigos faraós egípcios. Eles guardavam para rituais de oferenda aos deuses supremos da beleza, da juventude e da imortalidade. Eles pensavam que poderiam comprar a vida para todo o sempre e...
___ Olha aqui, está nos fazendo de palhaços ou o que? – irritou-se um deles puxando os cabelos de Carol e colocando a arma abaixo de sua orelha.
___ Se me matar nunca conseguira chegar até o tesouro – desafiou Carol demonstrando aparência de corajosa.
___ Pare o carro novamente, precisamos retornar para pegar a outra parte do mapa.
___ É melhor levá-la primeiro e depois retornamos – garantiu o policial.
___ Porque acha que vamos desistir do suborno se podemos lhe torturar até conseguirmos o outro pedaço do mapa? – riu um deles notando que Carol estava com medo.
___ Pois podem me matar que não conseguirão chegar ao tesouro sem meu auxilio. Prefiro morrer a...
___ Cale-se, vai fazer o que mandarmos e pronto.
___ Leia o que diz o verso, anda logo – ordenou outro deles.
___ O grande baú das riquezas materiais da libertação se encontra na área do templo no palácio de Jerusalém – fingia Carol que estava lendo.
___ Jerusalém? Como assim?
___ Deixe-me terminar de ler – pediu Carol. – Basta caminhar pelo santuário santíssimo, depois pelo pórtico, o altar de cobre, o refeitório, a direita verá o pátio interno seguido do grande, lá fica a casa do rei com a entrada principal para os pórticos. Quem lá chegar, verá o portão leste com o trono dentre as colunas, pelas vias elevadas entrará na casa da floresta do Líbano. Do outro lado fica os portões orientais do Santuário. Entrando no primeiro sairá no pavimento inferior, siga o mapa e terá o portão interno até a câmara dos sacerdotes. Procure a terceira mesa de abate, ao lado direito terá o altar. Atrás dele pensará que existe uma parede, mas se empurrar terá o pórtico do templo, mais adiante o santuário no patamar das passagens sagradas. Contará sete colunas e então seguira por mais cinco passos atrás da terceira pedra do alpendre. O baú fica entre o lugar santo e o altar das ofertas queimadas. A oeste fica a ponte do Vale de Tiropeom e ao norte tem a Ravina do Cedron com o portão Podi e o pórtico setentrional. Junto à ponte leste tem o portão belo, a direita segue a vista do monte das oliveiras, junto ao muro da cidade se encontra o pórtico de Salomão e o caminho certo. Terá de retornar pelo Soregue, a barreira de pedras que o conduz até o pátio e dará a saída pelos portões de hulda. Quem não sair por este caminho poderá se perder no grande templo de Herodes.
___ Não entendi absolutamente nada, onde fica a tal colina? E que tanto de templos são estes?
___ Na realidade, o tesouro deve estar bem longe daqui, nas ruínas de algum templo perdido no meio das areias do deserto – continuava Carol notando que todos estavam caindo em sua lábia.
___ Mas... – iniciou um deles sem nada concluir.
___ Vão querer minha ajuda?
___ Precisamos pensar.
___ Se já nos desgastamos até esse ponto, nem pense em desistir.
___ Não vê que o suposto tesouro está do outro lado do mundo?
___ Droga, droga, o que favos fazer? – irritava-se cada vez mais o policial.
___ Não temos outro meio, vamos aceitar sua ajuda.
___ Então vou impor minhas condições.
___ O que? – perguntou um deles sem querer acreditar naquela cena.
___ Pois agora sou eu quem manda vocês calarem a boca, se não colaborarem, os deixarei sem tesouro e não tenho medo nenhum de vocês. Se me fizerem qualquer mal...
___ Já entendemos, nos diga as suas condições.
___ Primeiramente terão de esquecer essa historia de seqüestro e resgate. Vão me libertar e eu farei de conta que nada aconteceu. Depois, quando conseguirmos o tesouro, eu quero a minha parte.
___ Não senhora, até podemos ficar sem pedir o resgate e libertá-la agora mesmo, mas dar-lhe parte do prêmio não.
___ Pois à parte no prêmio vai ser a garantia de vocês de que não irei direto a policia dar parte de todos. Além do mais, eu achei a parte do mapa representante à parte do prêmio que devo receber. Não devem se esquecer que a outra parte do mapa está comigo, vocês vão precisar dela e fui eu quem a achei. E ainda tem mais, vão precisar da minha ajuda para realmente chegar ao tesouro, traduzir essa mistura de hebraico com aramaico e grego não é nada fácil. Decodificar esses rabiscos e símbolos não é para qualquer um. O que me dizem?
___ Não é possível, vamos ter que dividir o prêmio com essa caipira metida e já cheia de grana.
___ Negocio fechado – concluiu um deles.
___ Nada disso, eu não aceito.
___ É pegar ou largar – concluiu Carol.
___ Pois bem, creio que não nos resta alternativa.
___ Já que é assim, fique sabendo que você estará sendo ameaçada sempre e se tentar nos trapacear...
___ Fiquem tranqüilos, também tenho interesse em ir atrás desse tesouro.
___ Não sei se convêm libertá-la, ela pode dar parte de nós a policia.
___ Deixem isso comigo – respondeu o policial. – Tenho meus argumentos e caso pretenda fazer isso saiba que será a palavra de um policial contra a de uma jovem incriminada e que inclusive já esteve presa. Alegarei que você é uma viciada e farei com que vá novamente para trás das grades. Ninguém vai acreditar na sua palavra, até mesmo porque sou eu quem está encarregado do seu caso.
___ Pois bem, mantenho minha palavra de que não os decepcionarei, vamos encontrar esse tesouro e ao final de tudo, nada revelarei sobre os acontecimentos, desde que também limpem minha ficha e retirem as acusações tidas contra mim. Nunca me envolvi com nada relacionado à droga nenhuma.
___ Acordo feito. Você está livre, pode ir.
___ Vão me deixar aqui, assim na beira da estrada?
___ Além de ser liberta quer carona? Podemos nos dar mal se nos verem com você, por acaso tinha ligado para a policia?
___ Sim, mas não imaginava que estivessem atrás de mim por conta do mapa.
___ Pois bem, te levaremos de volta até a entrada da cidade.
___ Obrigada, reconheço a gentileza por trás das mascaras de conspiradores que vocês são.
Mais próximo do centro da cidade, já entendendo do mal que lhe rondava, Carol voltou a dar vazão em sua palavra.
___ Não vejo mal nenhum em retornar para minha casa agora que já descobri o porque fui agredida e até mesmo presa. Gostaria que você me levasse até minha casa, ainda estou muito fraca e debilitada – dizia ela para o policial que tomara a direção do carro.
Olhando-lhe de modo duvidoso, o policial nada disse.
___ Pode nos deixar aqui se quiser, não é bom que em pleno dia de trabalho lhe vejam conosco. Ninguém sabe de nada, mas é bom não dar motivos para desconfianças.
___ Sim, os deixarei aqui e vou levar a madame até sua casa. É bom, pois assim esclareço que a encontrei próxima do hotel, eu redigirei que estava passando mal quando lhe ofereci uma carona e alegarei que não soube de nada quanto ao ocorrido da sua chamada efetuada no hotel.
Assim que o policial parou o carro na porta da casa de Carol, esta o olhou já de caso pensado e antes de descer do veiculo lhe dirigiu a palavra com esperteza:
___ Você é um policial desmoralizado e desonesto. Enquanto deveria cumprir sua função de proteger as pessoas é isso que faz? Se junta a um monte se delinqüentes delituosos e os encobre a um seqüestro? Você não tem caráter? – perguntava Carol sem medo.
___ Está tentando me irritar?
___ Não, mas já que me encontro a sós novamente contigo, tenho uma coisa muito importante para dizer, na verdade se trata de uma nova proposta, apenas entre eu e você.
___ Acho que isso está começando a ficar perigoso.
___ Está com medo?
___ Não, estou adorando – riu o policial não entendendo o que Carol pretendia.
___ Porque você não esquece aqueles seus amiguinhos imbecis de lado e se alia a mim? Eu tenho uma parte do mapa e você tem a outra, sendo apenas nós dois ficará bem mais fácil de dividir o tesouro, não acha?
___ Isso é uma proposta intrigante.
___ Estamos num jogo de maledicência e deslealdade. Os mais espertos sempre têm um trunfo na mão, você deve entender do que estou dizendo.
___ Isso por acaso é uma indireta?
___ Pense bem.
___ Você fica muito atraente quando tenta fazer chantagem.
___ E é bom ficar longe de mim, pois tenho nojo de você. As coisas poderiam ter sido diferentes se não tivesse...
___ Me desculpe – interrompeu o policial. – Garanto que foi você quem me tirou do sério naquele dia, em nenhum momento tinha a intenção de machucá-la.
___ Só porque é policial pensa que tem o poder de abusar das outras pessoas. Mandar, bater, prender e até mesmo matar, não é isso?
___ Não uso da minha profissão um meio de ser superior aos outros.
___ Pois não é o que parece. Você faz da sua profissão um completo meio de subornar e degredar os outros. É um interesseiro que trata o próximo como um animal ingênuo e inferior.
___ Pois posso lhe mostrar que não sou exatamente esse tipo de pessoa. Sinto muito se sentiu como um animal em minha companhia.
___ Mostre ser um homem de honra e caráter. É melhor que realmente o seja se quiser aceitar minha proposta.
___ Estou de acordo com o que quer, mas teremos de trapacear os outros.
___ Diga-me algo, quem são eles? Vejo que não são policiais como você.
___ Eles são pintores, estão participando da reforma do local donde encontraram o pedaço do mapa. Um deles é meu amigo de longa data e foi daí que nos unimos para tentar chegar ao tesouro, mas vejo que minha sorte será maior do que a deles.
___ Vai ser bom ter a companhia de um homem policial como você, mesmo que seja um vigarista completo – disse Carol dando ar de sedutora enquanto conseguia fingir e realizar seus métodos de sair daquela situação espertamente.
___ Falando assim nem parece que tem um namorado no hospital.
___ Não tive tempo de conversar com ele depois que nos encontramos. Ele estava de viagem e nem sabia que tinha retornado. Tudo aconteceu muito rápido. Foram eficientes mesmo, tenho de confessar. Não sei ao certo se posso me considerar namorada do Joaquim.
___ Porque diz isso, ele não era seu namorado antes de viajar?
___ São problemas particulares que não vem ao caso – respondeu ela fazendo cara de infelicidade.
___ Você o ama?
___ Sim, o bastante para dizer que já sofri muito por conta desse sentimento e daquele homem.
Sem perceber, Carol revelava intimidades suas com um desconhecido que lhe atacara em sua própria casa e nem percebia que ele a olhava de uma maneira diferente, estando muito mais interessado do que antes.
___ Acordo fechado? – perguntou Carol estendendo a mão ao policial.
___ Sim, serei um bom parceiro. Novamente peço que me desculpe se lhe machuquei...
___ Se me machucou? – interrompeu Carol. – Fiquei praticamente um mês no hospital, chama isso de machucar? Você acabou comigo – voltou ela a ficar irritada.
___ Sinto agora que fui além dos limites.
___ Você foi desumano e impassível. Preferia que estivesse morto – dizia Carol não agüentando guardar sua revolta.
___ Perdoe-me, confesso que fui cruel contigo e também com seu namo...
___ Chega – interrompeu Carol. – O que fez comigo não tem perdão.
___ Sinto muito – lamentou o policial. – Vejo que não deveria ter feito aquilo.
___ Pois vê tarde demais.
___ Não me arrependo de ter me envolvido nessa confusão toda, mesmo tendo magoado e te machucado tanto, ter te conhecido foi espetacular.
___ Não me venha com essa conversa, já disse que tenho nojo de você.
___ E porque se faz de sedutora?
___ Não me faço de sedutora, eu sou assim e pronto.
___ Parece que essa situação nos faz ficar fazendo charme um para o outro.
Carol riu entendendo que aquelas palavras tinham um significado verdadeiro.
___ É certo o que disse – confirmou em seguida. – Será porque? – questionou ela analisando a situação.
___ Eu passo aqui amanha logo depois das nove horas da manha para decidirmos alguns pormenores.
___ Está bem, estarei te esperando.
___ Dizem que há males que vem para bem. Mostrarei a você que toda essa confusão nos terá um final feliz.
___ Quem sabe – Carol balançou a cabeça lembrando-se de que não existia nenhum tesouro. – Ah, gostaria de ficar com a outra parte do mapa para ir estudando melhor os símbolos e...
___ Não está achando que vou lhe entregar? Pensa que sou bobo? Já percebi que você é muito esperta. Conseguiu nos fazer desistir do seqüestro, convenceu-me de formarmos uma dupla em busca desse tesouro e agora está pretendendo me enganar?
___Tudo bem, venha amanha e analisaremos o mapa junto.
___ Ah, agora eu gostei.
___ Você não passa de um canalha, sabia? – riu Carol notando a cara de sem vergonha que ele fazia. – Você é um asqueroso.
___ Credo, também não precisa me humilhar tanto.
___ Então até amanha – despediu-se Carol seriamente abrindo a porta do carro e descendo.
___ Ei – ele chamou fazendo Carol voltar sua atenção enquanto ele abria o vidro do carro do lado da porta em que ela descera.
___ O que foi? – perguntou ela abaixando-se e colocando a cabeça próxima da janela.
___ Nada, deixa para lá.
___ Tem certeza? – perguntou Carol.
___ Sim.
___ Está bem, boa noite.
___ Boa noite.
Adentrando para sua casa, Carol pensou no que deveria fazer já que não existia tesouro algum. Nunca imaginara que se envolveria numa situação tão complicada. Exausta de tudo e principalmente do dia que tivera, Carol dormiu depois de revirar varias vezes na cama. A única alternativa que ela encontrava era continuar fingindo que realmente havia um tesouro escondido em algum lugar e assim ir atrás de algo que sabia ser inexististe. Aquela aventura em busca de um nada poderia mudar o rumo de sua vida completamente. E isso estava preste a acontecer.
Há 4 anos
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