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terça-feira, 15 de março de 2011

Em Paris...



Estou muito mole por causa dos medicamentos e mal consegui levantar da cama para alimentar-me e ir ao parque correr, algo que fiz de teimosa. Consegui tomar banho e estou fazendo uma força para ficar mais algum tempo distante da cama, mas estou bem grogue e até para conversar estou parecendo uma bêbada.

Saindo do aeroporto Roissy Charles de Gaulle, passei pelo Parque do Cedro e fui até os Campos Elíseos. Quase comprei um perfume na Inter Parfums. Estive um pouco observando a paisagem sentada perto do Arco do Triunfo. As avenidas são bem largas, com cinco faixas de cada lado. Os calçadões também são espaçosos e largos, podendo passar uma multidão de gente por eles de uma vez. A amplidão das ruas daqui dá-me uma sensação liberdade muito boa! As ruas formam um contorno ao redor do Charles De Gaulle Etoile. Passei pela praça Saint Ferdinand, a qual contem uma escultura levemente sem graça. Gosto do tipo de arquitetura dos prédios franceses. Nada de interessante na praça de la Porte Maillot. Passei pela Le Palais des Congrès de Paris. Fui até a Basílica de Sacré Cœur que fica no ponto mais alto de Montmartre, bairro boêmio de Paris. A Basílica foi erguida em homenagem a 58.000 soldados franceses mortos durante a guerra Franco-Prussiana (1870–71), tendo demorado 46 anos a ser construída. Bem próximo tem a igreja Carmel de Montmartre.
A Torre Eiffel é sem qualquer dúvida o grande símbolo de Paris. A vista de 360º sobre a cidade é imperdível. A Esplanade des Invalides constitui um célebre conjunto de museus de Paris abrigando o Museu das Armas (Musée de L'Armée), Museu de Relíquias de Época (Musée des Plans-Reliesfs), Igreja Dôme Invalides, onde na cripta repousam as cinzas de Imperador Napoleão I. Sem dúvida é para mim uma das melhores atrações turísticas depois da vista aérea oferecida pela torre Eiffel. Andei pela longa Rua d'Université. O rio Sena oferece passeio de barco aos turistas. O Museu do Louvre, um dos grandes ícones de Paris, permite qualquer visitante apreciar trinta e cinco mil obras de arte da sua coleção de trezentas mil. A Praça Vendôme em Paris é uma das mais elegantes da cidade. Com muita luminosidade, simples, limpa, prédios com uma arquitetura homogênea e uma magnífica coluna central. Situada na pequena Île de la Cité, mais precisamente na Place du Parvis, e rodeada pelas águas do Sena, destaca-se a Catedral de estilo gótico, Notre-Dame de Paris. Outro espaço de culto imperdível é a Igreja de la Madeleine. Isso tudo sem falar no Museu d'Orsay e a Saint Chapelle. E para quem ama a natureza, o Jardin de Luxembourg, o Jardin das Plantas e o Jardin des Tuileries (em frente ao Louvre) são encantadores. A rua Emile Richard tendo do lado o cemitério du Montpamasse me pareceu sombria. Passar por ela deu-me uma sensação estranha, medrosa, enigmática. Ainda fui até o Palais de la Dácouverte e ao Museu Petit Palais. Muito bom andar pela ampla avenida Winston Churchill. O Palácio de Versalhes com seus arredores Grand Parc, Petit Parc e Grand Trianon oferecem espaço para um passeio incrível! Bem, esses foram os melhores pontos turísticos que conheci.

sábado, 12 de março de 2011

Decodificar o inconsciênte não está fácil. Alguem quer me ajudar?

Imagino que os sonhos dessa noite devam ter
alguma informação importante para me transmitir, mas isso não será fácil, pois
são bem abstratos. Num deles eu estava junto de outras pessoas e comíamos pés de
crianças. Haviam pés maiores, pés menores e outros mais gordinhos. Eu sentia-me
mal com aquela espécie de canibalismo, mas de toda forma aquilo parecia ser algo
normal perante as demais pessoas e muitos pés humanos infantis estavam
espalhados pelo local. Eles pulavam da panela e caiam do chão como se fossem
pipoca. Provei de um e podia tirar-se os nacos dele como se fosse um pão de
batata ou uma rosca. Não tinha gosto de carne, aliás, não tinha muito gosto de
nada. Nesse local haviam duas jovens me olhando de cara feia e então, no meio de
todo mundo, chamei-as e disse que não sabia por que elas estavam com raiva de
mim, pois não me lembrava de tê-las feito nenhum mal, mas em todo caso, se
houvesse feito, queria que elas me desculpassem por qualquer coisa. Não lembro o
desfecho, mas creio que elas saíram do local e me deixaram falando sozinha.
Depois eu estava com duas mulheres que eram pastoras. Elas me convidaram para me
tornar uma pastora também. Eu queria sim fazer pregações e animei-me com a
ideia. Fomos para a igreja e também não lembro muito dessa parte. Depois disso
fui encontrar com um pastor que houvera estudado comigo na adolescência. Em um
sonho anterior alguém me dissera que o maior arrependimento da vida dele,
segundo confissão dele mesmo, era não ter tido-me como sua namorada quando nos
conhecemos. Nesse sonho nós nos encontramos e ele apareceu igual ao herói do
filme homem aranha, ou seja, de cabeça para baixo. Ele me beijou três vezes na
boca e no terceiro beijo recuei, pois estava emocionada demais e sentia que se
continuasse poderia desmaiar a qualquer instante. Tinha muito para conversar com
ele, precisava dizer que o amava desde os meus treze anos de idade e esse
sentimento tão forte e belo de amor tinha uma parte de mágoa, pois na época ele
namorava outra jovem. Mas não tive tempo para dizer-lhe nada, pois ele se
retirou dizendo que ia tomar banho e se arrumar para somente depois
conversarmos. Fiquei esperando-o durante um bom tempo no meio de vários outros
convidados. Ia ser servido um jantar, mas todos esperavam pelo pastor herói.
Houve um momento que notei uma mulher comendo bolo. Ela me ofereceu e eu
aceitei. Achei-a esperta por ter atacado a sobremesa já que o jantar estava
demorando muito em ser servido.
Como a demora era muita, saí para o
exterior do local (parecia um barracão). Era como se fosse uma fazenda. Tudo o
que eu conseguia enxergar ao redor era uma plantação de trigo. No meio dela
várias ovelhas e carneiros muito brancos pastavam. De repente, tive uma visão:
do meio dos carneiros que pastavam tranquilamente, vários cavalos bejes surgiram
montados com Iansãns vestidas de amarelo (sempre associei essa cor a Oxum, mas
no sonho, não sei explicar por que, identifiquei-as como Iansãns. Será que me
enganei?). Achei estranho, pois os cavalos andavam de lado e as Iansãns ou Oxuns
seguravam flechas. Quando fui retornar para dentro do local a fim de comentar
minha visão, tive de passar entremeio a uns fios de arame farpado e o fiz com
bastante cuidado para não me aranhar. Só que ao adentrar no local ele tinha se
tornado um centro espírita. Um médium incorporado conversou comigo e disse-lhe
que só tinha uma coisa a pedir: que Deus estivesse me guardando, me guiando, me
protegendo, assim como aos meus familiares. Foi cantada uma música lenta muita
bela e chorei emocionada imaginando que aquela melodia fora escolhida para mim.
Nisso a mãe de santo dona do terreiro disse que eu era filha de Logun-Edé e
precisava trabalhar minha mediunidade junto de meus guias. Então eu voltei para
perto do meu corpo que dormia num local que não era a minha casa atual, aliás
não era bem o meu corpo, era outro maior, como se eu estivesse inteiramente
inchada. Tentei “entrar” nele, me acordar, mas não consegui. Pensei que houvesse
morrido, mas notei que meu corpo respirava e assim tranquilizei-me saindo outra
vez de perto dele. Isso é tudo o que consegui lembrar.
Diz a lenda que Logun
representa o encontro de naturezas distintas sem que ambas percam suas
características. É filho de Oxossi com Oxum, dos quais herdou as
características. Assim, tornou-se o amado, doce e respeitado príncipe das matas
e dos rios, e tudo que alimenta os homens, como as plantas, peixes e outros
animais, sendo considerado então o dono da riqueza e da beleza masculina. Tem a
astúcia dos caçadores e a paciência dos pescadores como principais virtudes.
Logun nunca se casou, devido a seu caráter infantil e hermafrodita e sua
companhia predileta é Ewá, que também vive, como ele, solitária e no limite de
dois mundos diferentes. Como símbolo da pureza, muitas vezes Logunedé também é
visto como um ser andrógino. Alegres, bonitos, vaidosos e agitados. Os filhos de
Logum são na verdade uma mistura de Oxóssi com Oxum: inteligência, astúcia e
leveza do caçador; criatividade, trabalho e doçura da rainha das águas doces.
São amantes insaciáveis. Reservados, discretos e amantes do luxo. São artistas
natos. Sinceros, mas por vezes enganadores quando isso pode lhes trazer algum
benefício. Isso parece ter (em partes) muitíssimo a ver comigo!

quarta-feira, 9 de março de 2011

Sonho de infância e desafios...


Pode parecer no mínimo nojento o sonho dessa noite, mas talvez seu significado seja favorável. Havia uma professora de instrumentos fazendo do esgoto um piano, ou seja, ela conseguia tocar o esgoto, que por sinal estava entupido, e dele saía melodia. No meio de toda a sujeira e água turva empoçada, ela surpreendia-me com sua habilidade de tocar o suposto instrumento. Ela me disse que eu tinha de escolher um instrumento qualquer. Isso indica que tenho de achar um objetivo, mesmo que eu tenha de tirar vantagem e alegria (música) de situações toscas, improváveis e impossíveis. A necessidade de bom-humor confirma isso. Depois eu entrei numa casa e vários cachorros vinham pular no meu colo e, ao fazerem, se transformavam em crianças. Quase todos estavam machucados, mas pareciam me amar profundamente como se dependessem de mim para sobreviver. Depois que todos transformaram-se em crianças, minha preferência selecionou algumas de forma que desprezei outras. Unindo essa segunda parte à primeira, existe uma sugestão de buscar transformação através dos desafios, de querer exito nas ações e conquistas pessoais. Os animais são instintivos: possuem hábitos de autoconservação e conservação da espécie; possuem introversão e extroversão; e são criativos por natureza. Cachorro é um animal que possui dupla polaridade: lembra fidelidade e lealdade, mas também pode agir com fúria e violência. Isso mostra-me como estou atualmente lidando com meus valores e princípios. Mesmo sentindo-me ou estando machucada, doente e ferida, tenho carinho, respeito e desejo suficiente para aconchegar-me nos braços de minhas raízes, daquilo que creio e considero como sendo a minha verdade pessoal.
Existe a nítida imagem de carência como dependência: eu ainda sinto ser uma criança diante do mundo quando estou dodói, seja fisicamente ou emocionalmente. Isso também demonstra que, independente da minha aceitação ou conscientização, sinto saudades da época de infância, de quando eu tinha um mundo de possibilidades para explorar. Sinto que minha alma, meu eu verdadeiro é acolhido por mim. Fico frente a frente com as muitas partes latentes de meu ser e, nitidamente, ainda preciso me entender melhor com algumas delas. Por que quase todas parecem abatidas? Falta integração interior. Ainda existe uma disputa que leva à desvantagem do todo coletivo de meu ser. A infância é vivida com vulnerabilidade, as fraquezas são expostas, e as crianças precisam de quem as amem do jeito que elas são, ora boazinhas, ora birrentas ou ainda arteiras. A maturidade nos cobra responsabilidades e escolhas que exigem definições taxativas e estáticas sobre o que está fora de nós, e na maioria das vezes parece não haver um vislumbre de que as pessoas, problemas e situações são impermanentes, relativos e imprevisíveis. E se o menosprezo é normal, talvez eu deva aprender a me fortalecer diante dele, mas sem vitimismo ou raiva. Meus desejos e prioridades precisam ser importantes para mim e não para os outros. Há sempre uma criança dentro de cada adulto que procura novas descobertas, novas construções, novas coisas novas. Acho que é essa a projeção do meu desejo de momento (o qual também não deixará de ser eterno).

sexta-feira, 4 de março de 2011

Sonhos incubados me trazem respostas reveladoras...


Tive milhares de sonhos essa noite. Os
primeiros, não sei se
por falta de lembrança suficiente ou por realmente não
entender o contexto dos
mesmos, era como se eu estivesse dentro de um filme
participando de uma cena sem
saber a história em si. Eu estava num local que
parecia um palácio egípcio de
cortesãs, ou talvez fosse um castelo árabe do
tipo harém. As mulheres todas bem
vestidas tinham seus quartos separados, de
modo que haviam dezenas de quartos.
Não sei ao certo que espécie de local
era aquele e o que se passava de fato ali.
Havia em mim uma sensação de
desconforto, mas ao mesmo tempo eu estava bem
(misto de insatisfação com
satisfação). Eu buscava uma resposta, mas não sabia
exatamente com quem
falar, pois tinha amizades lá dentro e também tinha de tomar
cuidado com
possíveis intrigas. Havia dúvidas sobre o que fazer, enfim, não sei
muito
dar explicações.
A segunda lembrança pareceria-me um pesadelo se não
houvesse tido um desfecho corajoso de minha parte, mas do qual também não
entendi o por quê da situação. Eu brigava com minha irmã dentro desse local
descrito acima. Não sei ao certo o motivo da briga, só sei que quanto mais
eu
gritava e me exaltava, mais rouca ficava, a ponto de apenas conseguir
sussurrar.
Ao sair da presença dela, dois homens foram atrás de mim
incumbidos de me
matarem. Havia uma senhora junto que observava tudo a uma
certa distância
tentando influenciá-los a não me matar. Eu estava possuída
de fé, sentia estar
com Deus e me permitiria morrer em nome Dele e da minha
fé de que Ele me
protegeria de tudo e todos, justificando para mim mesma que
Ele conhecia meus
motivos para pensar e agir de tal modo. Não sei como, mas
eu sabia claramente
que aqueles dois homens que me seguiam queriam me matar.
Entretanto eles
pareciam sem coragem. De repente apareceu no meio do caminho
uma cavalaria.
Agora eram muitos os homens prestes a me trucidar. Um dos
dois homens
segurando-me empurrou para o chão e num ato de proteção
postou-se a minha
frente. O outro, como que arrependido pela ideia inicial
de me matar, postou-se
também a minha frente em defesa minha. Permiti ser
protegida, pois a priori
senti muito medo. Mas o que dois homens postos na
minha frente poderiam me
proteger perante vários soldados armados? Foi então
que eu os agradeci e disse
que em nome de Deus enfrentaria a minha própria
morte. Somente Deus tinha o
poder suficiente de me livrar daquela situação
mortal se assim tivesse de ser.
Os soldados enquanto aproximavam-se iam
matando várias pessoas presentes no
local (parecia uma vila de mercadores).
Nisso minha irmã veio ao meu encontro,
só que nesse momento, dentro do
sonho, ela possuía outra aparência de rosto bem
diferente. Senti ser a hora
derradeira para a morte ou para a vida. Assim que
ela se aproximou eu
disse-lhe algo sem fundamento, mas que sem domínio saiu da
minha boca:
“mãezinha, me deixe viver. Eu sou sua filha, aquela que você perdeu
quando
teve um aborto”. Ela pareceu espantada como se nunca ninguém houvesse
sabido
de seu aborto”. Acordei logo em seguida extremamente assustada e
estarrecida
com as fortes sensações do sonho.
Por fim eu estava num centro
espírita
e já cansada de aguardar fui ao encontro materno e disse que queria ir
embora. Minha mãe mostrou-me a ficha e disse que estava faltando apenas mais
uma
rodada para sermos atendidas. Resolvi esperar. O atendimento era o
seguinte:
escrevia-se num papel uma pergunta ou o problema do qual buscava
ajuda. Havia
uma médium que escrevia a resposta no papel do seguinte modo:
atras dela, um
espírito escrevia com um instrumento espiritual, (parecia um
pedaço de giz
cinza) e a médium sobrescrevia por cima da escrita espiritual
invisível aos
demais olhos. Eu tanto via esse espírito quanto a escrita
dele. Minha mãe
colocara no papel a seguinte pergunta: “o que a Carla tem?”
Notei que a médium
não estava entendendo a caligrafia de duas palavras
escritas pelo espírito e, ao
invés de ler a resposta toda, fui ajudá-la a
decifrar apenas as duas palavras
que eram “vaidade e orgulho”. Depois disso
uma equipe de jovens todos pintados e
enfeitados vieram demonstrar minha
encarnação através de um teatro. Uma jovem
dentro de um grande pote de barro
só saía do mesmo muito rapidamente e para
fazê-lo usava máscaras. Numa das
saídas ela tomou coragem e surgiu sem a
mascara. O arregalar de seus olhos
simbolizava estar maravilhada com a realidade
que conseguia ver sem as
máscaras. Eis o que aquilo representava em mim: como
forma de proteção
vaidosa (necessidade de parecer perfeita) e orgulhosa
(necessidade de ser
poderosa), as máscaras sociais encobria meus defeitos e
fragilidades, mas ao
mesmo tempo, escondia também de mim mesma a realidade bela
do mundo (externo
e interno) de qualidade e capacidades. Era como se ela (eu) ao
ter coragem
de livrar-se das máscaras sociais, houvesse conseguido enxergar o
próprio eu
interior e, descobrindo a beleza deste, pudesse projetá-lo no
exterior sem a
necessidade instintiva de proteger-se das críticas e julgamentos
alheios. Em
sequência apareceu um jovem que tirou-a do pote demonstrando muita
felicidade. Terminando o teatro ela disse que tentou mostrar as duas
revelações
finais: uma era o relacionamento conjugal através de um homem que
apareceria no
meu destino e, a segunda, ficou subtendido que poderia ser um
filho, algo que
nem entrou na representação teatral por depender do meu
livre-arbítrio. E ainda
num desfecho onírico lembro de sonhar que abraçava
várias pessoas sem ser
correspondida, mas isso não me melindrava, pois a
minha atitude (livre de
baixa-estima) me satisfazia mais do que a resposta
recebida.

terça-feira, 1 de março de 2011

Em busca de reorganização psíquica...


Já que comecei com essa conversa, vou escrever as milhares de reflexões que estão surgindo em minha mente. Durante boa parte da vida, até por volta dos vinte anos de idade, eu reafirmava o autoconceito negativo que colhia tanto do preconceito vivido dentro de casa, quanto das chacotas vividas na escola. Sempre me coloquei como vítima não no sentido de colocar o outro como culpado ou malvado, mas sim no sentido de me ver como a coitadinha. Se as pessoas que são referência na minha vida me viam como uma incapaz, com o passar do tempo eu incorporei-me de incapacidade perante a vida. O conceito alheio reafirmava meu próprio conceito, pois eu não tinha um autoconceito de mim mesma. Ocorria um boicote chamado auto-vitimização. Eu sempre incorporava as críticas como se fosse uma esponja. Uma vez que não conseguia corresponder as expectativas familiares e nem ser tanto quanto minha irmã, eu me sentia não merecedora do amor alheio e, consequentemente, me sentia mal-amada. Por outro lado, quando sentia ser bem amada, imediatamente me sentia culpada, ficava decepcionada comigo mesma. A Carla idealizada em verdade era uma idealização de toda a família. A vontade de ser o centro das atenções é algo egoico e insaciável, mas a necessidade de se sentir amado é natural no ser humano, e não obstante é uma necessidade que precisa ser suprida. Trocando a idealização (e por trás dela as máscaras sociais) pela aceitação integral de mim mesma, deixei o ego de lado e passei a valorizar o que sou, o meu eu interior (self). Mas o que fazer se o meio familiar deseja de mim o eu idealizado?
Amar significa gostar de alguém do jeito como ele é. Se desejam de mim o eu idealizado, automaticamente não sou amada. Desfazendo a projeção, isso quer dizer que me falta amor-próprio? Surge um “amor” baseado em compaixão, em piedade. Esse é um amor que dói e muito. Se em primeiro lugar sou vítima de mim mesma, isso quer dizer que me amo porque tenho pena de não conseguir ser o que eu idealizei a vida toda? Esse “amor” diminui o ser amado, o faz se sentir inútil. É doloroso saber que o outro está comigo não por amor verdadeiro, mas por dó. É assim que estou comigo mesma? O amor verdadeiro não apenas aceita o outro como ele é, mas também o valoriza de modo integral. Então, como me auto-valorizar integralmente? Resposta: me auto-admirando. O amor verdadeiro contempla as qualidade e suporta com facilidade os defeitos. Nisso tudo cabe uma observação para o meu caso pessoal: senso de auto-valorização e amor próprio não está associado a vaidade, a luxo ou a contemplação e satisfação dos caprichos. O fato de não ser vaidosa e esbanjatória não é por julgar-me não merecedora disso, mas unicamente por gostar de ser simples e econômica. Ser simplória no meu caso, segundo minha opinião, não é sinônimo de baixa-estima, mas unicamente de preferência. Se existe baixa-estima é por eu não ser uma pessoa comunicativa (eu idealizado), que tem como consequência não a simplicidade, mas sim a fuga dos relacionamentos sociais. Não sou comunicativa por ser introvertida e reservada ou sou introvertida e reservada por não ser comunicativa? Qual a origem desse processo de ser?
As pessoas que fingiram sentir amor verdadeiro por mim tinham um objetivo cruel: me usar, usufruir-se de mim e sair na vantagem (ao menos é a percepção que tive). E não seria isso um reflexo do que eu faço com os outros? Como convencer os outros de que uma pessoa introvertida e reservada merece ser amada (isso implica no mínimo ser aceita e respeitada; e no máximo ser admirada e desejada) se não consigo convencer a mim mesma? Então o dilema é me convencer de que posso ser não apenas aceita e respeitada (algo fácil), mas também admirada e desejada (algo difícil) enquanto sendo exatamente o que sou. Até que ponto consigo verdadeiramente me amar, ou seja, admirar e desejar mais o meu eu verdadeiro do que o meu eu idealizado? Hoje eu continuo tendo consciência de que não sou (e talvez nunca seja) meu eu idealizado e perfeito, mas nem por isso eu me desprestigio como fazia antes. Sem dúvida já é um avanço. Hoje não me melindro com o que não sou. Porém, também há nisso um retrocesso ou processo negativo: antes de receber o desprezo alheio, eu aprendi a me defender sentimentalmente desprezando as pessoas ao não desejar me relacionar com elas. Em outras palavras: eu me recuo dos relacionamentos antes de ser remetida a projeção do auto-desprezo do passado. Mas algo me diz que estou em processo real de mudança psíquica, será? Minha cabeça está quente por demais com toda essa reflexão. A competição entre ser introvertida e reservada ou ser extrovertida e expansiva me parece injusta. Posso não estar na preferência da maioria, mas preciso estar na minha própria preferência. E então, o que fazer? Vou deixar essa e todas as demais perguntas incubadas para meus sonhos responderem.