Conforme marcado dias antes, Carla foi com sua mãe (caminhando) num médico do hospital Santa Catarina. Sua formação era de clinico geral, imunologista, infectologista e psiquiatra, além de ser pós-graduando em bioenergética e core energetic. Graúda levou escrito suas duas folhas cheias de reclamações sobre os possíveis problemas de Carla quanto ao seu jeito anormal, reservado e exótico. Ele perguntou sobre o relacionamento de Carla com o pai, fez algumas perguntas e deu seu diagnóstico de que ela não tinha absolutamente nenhum problema mental ou psicológico. Tudo o que ela tinha era uma grande ansiedade contida, receitando-lhe então um remédio manipulado. De fato Carla assumia transparecer calma enquanto por dentro era constantemente como uma panela de pressão prestes a explodir. O médico disse que ela simplesmente não encontrara seu habitat, sua “tribo”. Além disso ele disse que ser diferente não é necessariamente uma anormalidade, até porque são as pessoas diferentes que fazem o mundo movimentar. Obviamente Carla sentiu-me mais aliviada depois da opinião médica de que ela era apenas uma pessoa mais honesta consigo e com o mundo por fazer aquilo que lhe é prazeroso ao contrário de seguir as normas das convenções sociais. Muitas pessoas gostariam de ser diferente, mas não têm coragem exatamente pelo choque que isso causa perante a sociedade que exclui os portadores de comportamentos não tradicionais. No fim, como Carla sempre costumava dizer, os outros criticam porque são invejosos. Uma vez necessitando tratar a ansiedade acumulada com o remédio manipulado, o qual seria tomado por catorze dias, ele marcou um retorno dentro de quinze dias. Carla não tinha absolutamente nenhum transtorno de personalidade ou distúrbio mental: tudo não passava de tensão nervosa (algo que inclusive lhe dava dores nas costas, ombros e pescoço) e um jeito diferente (mega especial num sentido positivo) de ser.
Tanto Carla quanto sua mãe tiveram a impressão de já conhecerem o médico. Uma vez que não o conhecia, Carla teve a sensação de que ele era parecido com o Fulano pela sua maneira de falar e se expressar. Entretanto, isso não lhe causou repulsa, pois em verdade ele parecia-se não com o Fulano real (o ogro aproveitador) com o qual ela se relacionara, mas sim o Fulano amigo (o príncipe protetor) que ela idealizara. Claro que, além de empatia, ela não sentiu nada especial pelo médico, o qual provavelmente veria mais uma vez e talvez nunca mais. Aliviada e medicada, esse foi o maior feito do dia de Carla.