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quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Capítulo 8 – Encontrando um novo amor

Poucos meses depois, Luiz encontrava-se numa nova fase de sua vida, estava inteiramente apaixonado por Julia que de modo igual, também se revelara uma romântica e apaixonada mulher. Para Luiz era estranho pensar que Julia o ajudara a colocar Rodolfo, seu ex-marido e quase marido de Rosalinda, na prisão juntamente com Amélia.
Para as três filhas de Luiz, a lição tirada de todos os últimos acontecimentos era abrir os olhos e ter cautela, ser muito prudente e verificar todos os detalhes ocultos e misteriosos, verificando a claras tudo o que ocorre à volta e quem são exatamente as pessoas da lida diária.
Carolina conseguira se separar de Rafael e continuava seu namoro com Diogo, Carol continuava trabalhando com seu namorado Joaquim enquanto Tiago e Luiz procuravam fazer as pazes para a felicidade dos filhos. Rosalinda tinha seus planos de se casar com Carlos, mas temerosa por ser o casamento um fato muito marcante, decidira adiá-lo por mais algum tempo.
Num feriado sossegado, Julia e Luiz conversavam nas proximidades de um ribeirão que corria as margens da fazenda:
___ Compreender o outro e valorizar adequadamente suas intenções e motivos não são tão fáceis. Quando alguém se mostra mais constantemente entusiasmado pelo desafio oferecido por oportunidades de agir pronta e rapidamente face aos problemas que enfrenta, facilmente será levado a acreditar que todos se movimentam no mesmo ritmo, o que poderá causar aos tipos cautelosos com os quais convive, uma incomoda sensação de que se trata de alguém temerário e até mesmo irresponsável.
___ Sim, mas há pessoas que, guiadas pela vontade de investirem o melhor de si mesmas para fazerem jus as responsabilidades que lhes são atribuídas, muito facilmente se desiludem ao reconhecerem que nem todos são assim e poderão, de forma pessimista, acreditar que o mundo está cheio de pessoas que não levam nada a sério. Muitos daqueles que regem suas vidas por um sistema lógico e objetivo de decisões, ao enfrentarem problemas, aborrecem aos mais intuitivos e superficiais quando solicitam informações consistentes e dados concretos sobre os quais possam raciocinar.
___ Concordo – indagou Julia. – Mas por outro lado, muitos são os que valorizam a opinião dos demais sobre si mesmos, o que os leva a procurar uma convivência socialmente harmônica. Adotam uma tática que lhes permite retroceder com freqüência em seus pontos de vistas. Geralmente, isso é tomado com fraqueza de opinião e perda de tempo para aqueles que não pensam do mesmo modo. Disso surge a seguinte pergunta: é melhor ser amado do que temido, ou vice versa? A resposta, eu creio, é que os indivíduos gostariam de ser as duas coisas.
___ Isso é conversa de Maquiavel.
___ Exato – confirmou Luiz.
___ Como é difícil combinar amor e poder, muitas pessoas acha melhor ser temido do que amado, não é essa a velha filosofia?
___ Sim. Os homens preocupam-se menos em causar um dano a alguém que se faça amado do que a alguém que se faça temido.O que pensa a respeito?
___ Pode-se fazer uma analogia sobre os homens, se verificar bem, somos ingratos, inconstantes, nunca estamos satisfeitos com nada, mentimos e estamos sempre ao lado dos que nos tratam bem, caso contrario, se nos vemos em perigo, voltamos contra o semelhante. Amizade que é paga com dinheiro, e não com grandeza e nobreza de espírito, é paga, porém não é duradoura e nada produz. O laço de amor é algo que os homens, miseráveis criaturas, se é que assim posso chamar, cortam quando lhes é conveniente e vantajoso agir assim. Já com o medo é diferente, pois ele é intensificado pelo pavor da punição, fator de grande eficiência. Aí também entra a questão de evitar ser odiado, mas não quero entrar em detalhes. Amor e temor sempre serão mecanismos de assegurar o poder e como antiga filosofia, concordo que o temor seja mais estável, pois o sentimento de amor pode ser convertido em ódio e dessa forma, ocorre à perda do poder – disse Julia.
___ Já que estamos falando nisso, acho melhor começar a me contar tudo sobre sua vida, depois do que me aconteceu com Amélia, nem preciso te explicar o porque da minha atitude, não é verdade?
___ Claro. Pois bem, se deseja saber quem sou e como foi meu passado, vou te detalhar tudo e apresentar as provas se for preciso.
___ Não precisa exagerar – sorriu Luiz.
___ A minha história de vida se passou numa vila de classe humilde. Quando era criança, a historia que minha mãe me contava na hora de dormir era sobre a vida da minha tia. Vou lhe explicar melhor. Minha tia se casou secretamente com Odilon, um homem rico e poderoso de quem era secretária. Depois de voltarem às pazes após uma briga, ele presenteou-a com um lindo e valioso anel. Seu sócio, casado com a irmã de Odilon, tentou seduzir minha tia, apesar de não ter sido correspondido. Não aceitando ser rejeitado por minha tia, ele preparou uma armadilha que destruiu sua vida para sempre. Ele levou minha tia para uma ilha deserta e fez com que Odilon, meu tio, ficasse sabendo. Cego de ciúme, meu tio seguiu os dois até a ilha e matou o cunhado. Minha tia assumiu a culpa do crime e foi condenada a vinte e cinco anos de prisão. Na cadeia ela me deu a luz. Resumindo, minha tia cumpriu pena na prisão pela morte do pai de Rodolfo. O crime, na verdade, foi cometido pelo meu tio Odilon, irmão de Delvânia que era a mãe de Rodolfo.
___ Mas então ela não é sua tia e sim sua mãe.
___ Bem, vou te explicar sobre isso. Minha tia pediu a sua irmã, que é quem considero como minha mãe, para que me criasse como se fosse sua filha, já que há poucos dias, minha mãe perdera o bebê que esperava e seu esposo, meu falso pai, ainda não sabia de nada. Minha tia também pediu a minha falsa mãe, que nunca contasse a ninguém, nem ao marido, que eu não era sua filha. Bem, eu cresci e por um tempo me esqueci das historias contadas pela minha mãe e como era criança, não entendia aquela confusão toda e nem sabia quem de fato podia considerar como mãe. Meu primeiro emprego foi trabalhar vendendo flores e mantendo o sonho e estudar advocacia. Um dia, conheci Rodolfo, filho do homem que meu tio assassinara e por quem minha verdadeira mãe ficara por vários anos na cadeia, pagando por um crime que não cometera.
___ Que vida!
___ Minha mãe adotiva, eu vou chamá-la assim para diferenciá-la da minha tia, que era minha mãe biológica, teve mais três filhos. Eu e Lúcia sempre fomos doces e carinhosas. Katia é egoísta e Tulio aproveitador e preguiçoso. Minha mãe adotiva era uma mulher sofrida, mas conformada com seu destino. Eu e Rodolfo nos apaixonamos, mas ele omitiu que era milionário na época. Eu achava que ele fosse um técnico de enfermagem de classe média baixa. Minha mãe, ao saber do meu namoro com Rodolfo, ficou muito preocupada. Sentindo que a morte estava perto, minha mãe adotiva entregou-me o anel que Odilon dera a minha tia, ou melhor, minha verdadeira mãe. Ela pediu-me que nunca me desfizesse do anel. A atitude dela em fazer aquilo, deixou seus verdadeiros filhos muito intrigados, pois nenhum deles conseguia entender porque deixara o anel para mim e não para eles.
___ Entendo.
___ Minha mãe descobriu o sobrenome de Rodolfo e temeu pelo meu futuro. A preocupação comigo e os desgostos com o filho Túlio, fizeram com que o estado dela piorasse. Ela já não tinha forças para visitar minha tia na cadeia e decidiu escrever uma carta contando o que o destino preparava para mim. Enquanto isso, Pámela, a ex-namorada de Rodolfo, reapareceu para tentar uma reconciliação. Ele disse que não podia reatar seu romance com ela porque já estava comprometido com outra mulher. Pámela prometeu a si mesma que faria de tudo para separá-lo dessa mulher, que no caso sou eu. Minha mãe, percebendo que seu estado de saúde se agravava a cada dia e que estava à beira da morte, revelou a meu pai o segredo que guardara durante tantos anos, dizendo a ele que uma das três meninas não era filha dele. Meu pai ficou indignado e em meio à discussão que se formou, minha mãe morreu sem revelar qual das três meninas não era sua filha. Aquela revelação deixou meu pai arrasado e, depois do enterro, ele mudou seu comportamento radicalmente, tratando as filhas muito mal e tendo carinho apenas pelo filho, meu irmão Túlio.
___ Isso tudo que você esta me dizendo me faz lembrar de um amigo meu. Ele sempre comentava que a diversidade de interesses percebida entre as pessoas permite aceitar como razoável a crença de que elas não façam as mesmas coisas pelas mesmas razões. É nessa diversidade que reside a grande fonte de entendimento de um fenômeno que apresenta aspectos aparentemente paradoxais que é o da motivação humana. Assim sendo, parece cada vez mais inviável que uma simples regra geral possa conter a explicação mais precisa sobre o assunto.
___ Concordo. Como as pessoas são realmente diferentes umas das outras, não apenas porque já nasceram assim ao trazerem uma bagagem inata própria, quero dizer, da carga genética, vivencia intra-uterina e experiências do parto, como também por acumularem dentro de si experiências vividas que lhe são ineditamente pessoais, ocorridas ao longo das diferentes etapas do seu amadurecimento, infância, adolescência, maturidade e velhice. Faz-se necessário, desde logo, revisar certos princípios muito difundidos pela sabedoria popular.
___ Mas não vamos desviar do assunto, continue me contando sobre você.
___ Sim. Kátia, uma das minhas irmãs, encontrou não sei como, a carta que minha mãe escrevera para minha tia na prisão e ao ler o nome e o endereço, percebeu que nossa mãe mentira a respeito do paradeiro da nossa tia. Imagino que não foi possível para ela abrir a carta naquele momento, pois o que ela fez em seguida foi esconder a carta no meio de um jornal que estava na mesinha da sala. Pouco depois, Lucia estava limpando a casa e sem imaginar que dentro estava uma importante carta, jogou fora o jornal. Kátia foi até o presídio, mas não revelou a minha tia que ela era sua sobrinha, se apresentando como uma amiga de nossa mãe e comunicou que esta morrera. Enquanto isso, eu levava Rodolfo para conhecer minha família. Rodolfo só conseguiu conhecer Lúcia. Meu pai continuava trancado no quarto e se recusou a receber o rapaz. Ao mesmo tempo, Delvânia, a mãe de Rodolfo, marcara um encontro com Pámela e pediu sua ajuda para afastar-me da vida deles. Delvânia decidiu ir, anonimamente, até a banca de flores para me conhecer. Minha tia recebeu a notícia de que em breve deixaria a prisão. A notícia a preocupou, pois com a morte da irmã, não sabia para onde ir quando conseguisse a liberdade. Rodolfo disse que me levaria para conhecer sua mãe, mas ao chegar lá, me surpreendi ao ver à casa luxuosa onde ele vivia. Delvânia fez de tudo para que não me sentisse à vontade. Ela contou que Rodolfo era muito rico, estudara medicina, especializara em veterinária e fizera inúmeros estudos sobre cavalos, além de pertencer a uma das famílias mais tradicionais do país. Delvânia continuou me infernizando e pediu a ajuda de Pámela para fazer com que me decepcionasse com Rodolfo. No dia seguinte, meu pai perguntou a Kátia onde estava a carta que nossa mãe escrevera. Contando a verdade, ela disse que nunca a lera e que Lúcia jogara fora por engano. Minha tia estava preste a sair da prisão e pensava muito em mim e na possibilidade de um dia eu e meu pai verdadeiro nos conhecermos sem que ele pudesse imaginar que era sua filha.
___ Mas então, Rodolfo era seu primo?
___ É o que parece e creio ser.
___ Como ele foi conhecer sua família se pertencia a ela?
___ Criou-se uma barreira que as distanciava e era como se não fossemos do mesmo sangue.
___ Se sabia de quem Rodolfo se tratava, porque não me alertou quando quis que ele se casasse com minha filha?
___ Entenda, muitas coisas que estou te contando agora eu apenas descobri recentemente.
___ Então andou descobrindo muita coisa nesses últimos dias.
___ Sim, não faz muitos dias que a verdade veio parar sobre minhas mãos. Continuando, a diretora do presídio informou a minha tia que ela estava em liberdade poucos dias depois. A notícia a deixou feliz e, ao mesmo tempo, preocupada, pois não tinha para onde ir. Depois de pensar melhor no assunto ela decidiu pedir ajuda ao seu cunhado, meu pai, onde poderia finalmente conhecer-me. Rodolfo ficou sabendo que minha tia ganhara a liberdade e, indignado, foi falar com a diretora do presídio para dizer que ia recorrer da decisão da justiça. Dias depois, meu irmão Túlio foi preso sendo acusado de roubo e achando ser o melhor que podia fazer, tentei conseguir dinheiro para pagar a fiança. Numa conversa com Rodolfo, ele me contou que seu pai fora assassinado por uma mulher. Percebi que ele tinha um ódio mortal pela mulher que matara seu pai. Não podia imaginar que ele estivesse falando da minha mãe verdadeira. Meu pai adotivo continuava inconformado com a revelação feita pela minha mãe antes de morrer. A dúvida por não saber qual das três não era sua filha o deixava atormentado e assim, ele já não se preocupava conosco e nem se importava com Kátia que acabara de viajar para o exterior com seu chefe. Quando Túlio conseguiu sair da cadeia, meu pai demonstrou que só se preocupava com ele que era seu favorito. Delvânia continuava indignada porque seu filho não conseguia fazer nada para impedir que minha tia fosse colocada em liberdade. No dia em que minha tia saiu da prisão e foi procurar meu pai adotivo, seu cunhado, fui eu quem atendeu a campainha. Minha mãe biológica finalmente pode me conhecer, assim como Lúcia que estava na casa naquele dia. Meu pai adotivo permitiu que ela ficasse e arrumou-lhe um quartinho na vila.
___ E o que foi que ela lhe disse?
___ Mentiu seu nome e disse que vivia no exterior.
___ No dia da festa de aniversario de Delvânia, Rodolfo discutiu com ela dizendo que ia me levar de qualquer forma. Delvânia não se deu por vencida e preparou uma armadilha para que eu fosse ridicularizada diante dos convidados. Quando Rodolfo chegou na minha casa para me buscar, ele deu de cara com minha mãe biológica.
___ Você pelo menos sabia que ela era a irmã de sua mãe adotiva?
___ Sim, disso estava sabendo.
___ Continue. Minha tia ou mãe biológica, como preferir, conheceu Rodolfo e se impressionou com o rapaz, pois a sua voz lhe dava muitas recordações. Durante a festa, eu cai na armadilha preparada por Delvânia e fui ridicularizada diante de todos os convidados ao ajudar a empregada a servir salgadinhos. Depois acabei me desentendendo com a mãe de Rodolfo e nem te conto o transtorno que foi. Minha tia, conversando com o cunhado, meu pai adotivo, o criticou pela sua falta de interesse para com as filhas e acrescentou que ele não se preocupara em saber nem ao menos o nome do meu namorado. Meu tio se justificou dizendo que ainda não conseguira superar a morte de minha tia mãe e muito menos que ela tivesse guardado um segredo durante tantos anos. No caminho de volta da festa para casa, eu revelei a Rodolfo que o nosso amor era impossível, pois pertencíamos a classes sociais distintas, além do mais, tudo constatava que éramos primos. Implicado comigo, ele terminou o namoro. Deprimida, pedi um conselho para minha mãe biológica e ela tentou me convencer de que a separação era a melhor solução, pois se ficasse ao lado de Rodolfo, ia sofrer muito. Enquanto sofria com o fim do relacionamento, Delvânia comemorava sua vitória.
Julia deu uma pausa e depois continuou seu relato:
___ Rodolfo e Delvânia estavam decididos a encontrar minha mãe biológica e fazer de tudo para que ela não pudesse viver em paz. Rodolfo foi até o presídio e tentou conseguir informações sobre o paradeiro da assassina do seu pai. A atendente o reconheceu como sendo o homem que tentara impedir minha mãe de sair da cadeia e assim, garantiu a ele que o assassino era um homem e, portanto, revelou que minha mãe era inocente. Enquanto isso, Pámela foi até a banca de flores me provocar e acabamos brigando por causa de Rodolfo. Este continuava inconformado com o fim de seu namoro e ameaçou sair de casa se a sua mãe continuasse me ofendendo e humilhando. Sua mãe foi obrigada a concordar e inclusive prometeu se desculpar comigo, garantindo que não faria nada para impedir o casamento. De tal forma, Delvânia foi a minha casa para pedir-me que me reconciliasse com seu filho. Minha mãe, assim que a viu, se escondeu e depois contou ao meu pai adotivo quem era Delvânia, explicando que eu estava namorando o filho do homem pelo qual ela passara vinte anos na cadeia. Meu pai adotivo exigiu de imediato que eu terminasse meu relacionamento e disse que nunca permitiria nosso casamento. No mesmo dia, Túlio e seus maus companheiros, assaltaram uma joalheria. Kátia tentava se livrar do assédio sexual de seu chefe durante a viajem que fizera para o exterior, mas, por outro lado, gastava o dinheiro dele sem a menor cerimônia. Depois de vinte anos, Odilon e minha mãe se reencontram inesperadamente. Ele queria voltar a viver com ela, mas ela não o aceitou. Odilon, numa conversa franca comigo e Rodolfo, tentou prevenir-nos contra Delvânia, pois não acreditava que ela houvesse mudado tanto a ponto de aceitar o nosso casamento. No final da conversa, estava me retirando quando Odilon se surpreendeu ao ver o anel que usava e perguntou-me quem me dera a jóia. Respondi-lhe que o anel fora um presente que minha mãe me dera minutos antes de sua morte. Kátia voltou do exterior e como esperado, foi demitida. A atitude não passava de uma represália por não ter correspondido ao assédio.
___ Me diz uma coisa, Rodolfo não sabia que sua mãe biológica era a suposta assassina de seu pai?
___ Não, se soubesse não ia querer nenhuma relação comigo, logicamente.
___ Entendo. O mundo das pessoas é rico em exemplos que ilustra o quanto elas esperam coisas diferentes umas das outras e, por conseguinte, como cada uma delas está voltada à busca de diferentes norteadores dos seus próprios comportamentos motivacionais. Os quase incontáveis objetivos motivacionais e as diferentes formas de buscá-los esclarecem, e personificam mesmo, as varias faces que o fenômeno da motivação humana possui. Cada um age de uma maneira e o mundo é o que é. O amor de Rodolfo estava condicionado a mentira, ou melhor, a ausência da verdade que ele desconhecia.
___ Ao reconhecer o anel, Odilon deduziu quem era minha mãe, mas nem imaginava que ele próprio era meu pai. Também se preocupou com a reação de Rodolfo quando este viesse a descobrir que minha tia e a mulher acusada de matar seu pai eram a mesma pessoa. Odilon sabia que matara o cunhado porque ele tentara violentar sua esposa, minha mãe, e que ela assumira a autoria do crime porque ele fora um covarde. Depois de alguns dias, Odilon concordou em revelar a Rodolfo quem era minha tia e assim, impedir que ele se casasse comigo, mas de ultima hora, acabou perdendo a coragem e não me contou nada. Enquanto isso, Delvânia contratava um detetive para encontrar minha tia-mãe que estava livre e com isso, deixava claro ao filho que se opunha ao seu casamento comigo. Em casa, minha tia-mãe conversava com meu pai adotivo, dizendo que nunca o enganara, que a filha da qual minha mãe adotiva falara era dela e de Odilon e que os dois haviam se casado em segredo quando ela fora presa. Nesse momento, Kátia e Lúcia ouviram a conversa e questionaram quem era a filha adotiva. Minha tia-mãe e meu pai adotivo decidiram por bem me afastar de toda a confusão e pretendiam mandar-me para fora do país. Lúcia ouviu a conversa e contou-me em seguida. Desesperada, eu pedi a Rodolfo que se casasse comigo imediatamente, pois, caso contrário, meu pai me mandaria para muito longe.
___ Situação complicada – comentou Luiz.
___ Quando Odilon decidiu revelar toda a verdade a Rodolfo, foi surpreendido com um telefonema comunicando que este acabara de se casar comigo. Rodolfo e eu nos casamos e parecíamos muito felizes. Minha tia contou a meu pai adotivo que eu era filha dela e explicou porque minha mãe adotiva, ou seja, minha verdadeira tia, acabara se passando por minha mãe. Dias depois, sofri um acidente e tive de ficar internada durante quase um mês. Delvânia tentou evitar que Odilon fosse até o hospital, mas não conseguiu. Ao chegar ao hospital e ver o meu estado, Rodolfo percebeu que ainda me amava, mas quando tentou se aproximar de mim teve uma crise nervosa. Depois de alguns dias de internação, eu recebi alta e Rodolfo me levou para nosso apartamento. Para complicar a situação, descobrira estar grávida do nosso filho Inácio. Tinha enjôos fortíssimos e quase não conseguia ficar de pé. Delvânia, logo ao saber de minha gravidez, começou a pensar numa forma de ficar com a criança, alegando que a avó era uma assassina e eu era uma louca. Durante esse período, não sei explicar o que me aconteceu e a única coisa que posso dizer é que Delvânia influenciou o irmão a me internar num hospital de doentes mentais. Quando dei a luz, retiraram meu filho e ai sim fiquei louca de vez. Rodolfo foi até a clínica me visitar algumas vezes e levou uma boneca para que eu carregasse como se fosse meu filho. Minha vontade foi de morrer. Certo dia começou um incêndio no hospital psiquiátrico onde estava internada. Para minha sorte, os funcionários do hospital me confundiram com a outra mulher que dividia o quarto comigo e assim, acreditaram que eu fora vítima fatal do incêndio. Minha mãe e Rodolfo receberam a comunicação do meu suposto falecimento. Enquanto isso, eu perambulava pelas ruas da cidade, maltrapilha e confusa. Não demorou muito para que fizesse amizade com um mendigo que costumava pedir esmolas na porta de uma igreja. Foi ele quem me ofereceu abrigo em sua casa e me deu trabalho. Com a minha morte, Rodolfo foi estudar música na Europa e deixou o nosso filho Inácio sob os cuidados da minha mãe.
___ Mas a mãe dele aceitou deixar o menino com sua mãe?
___ Delvânia ficou revoltada com a decisão de Rodolfo e decidiu imediatamente recuperar a criança. Sem dizer nada a Odilon, ela contratou um advogado para que iniciasse os trâmites para conseguir a guarda do neto. Odilon descobriu tudo e decidiu impedir que a irmã conseguisse o que queria.
___ De que forma você estava trabalhando para o mendigo?
___ Ele me explorou obrigando-me a pedir esmola pelas ruas da cidade e inclusive me ensinou a roubar. Meses depois, minha mãe foi procurada pelo advogado de Delvânia que levava consigo uma ordem judicial comunicando que ela teria de entregar a criança. Apesar da intimação, minha mãe se recusou a entregar o menino. Odilon, inconformado, recriminou a atitude da irmã e disse que faria de tudo para impedir que ela ficasse com Inácio.
___ Mas você alguma vez roubou...
___ Não, certo dia eu fugi do mendigo e fui procurar emprego na casa do vizinho ao lado de Rodolfo, para isso cortei o cabelo, pintei e usei de vários artifícios para parecer ser outra pessoa, dizendo que me chamava Juliana. Uma noite, eu estava sozinha na casa lavando a calçada quando Rodolfo se aproximou. Ele e Odilon já haviam percebido a minha semelhança física com Julia e minha irmã também estava muito impressionada comigo. Tempos depois conheci Alexandre, filho do dono da casa donde trabalhava. Ele se apaixonou por mim e fez questão de pagar meus estudos donde consegui me formar em advocacia. Comecei a seguir carreira e por incrível que pareça fui bem sucedida, comecei a ter renda extra e deixei de trabalhar na casa do pai de Alexandre donde continuava trabalhando de empregada domestica. Alexandre pediu-me em casamento e fiquei de pensar e dar a resposta no dia seguinte.
___ E o que foi que respondeu?
___ Ia responder que sim se algo imprevisto não me houvesse ocorrido.
___ O que aconteceu?
___ Encontrei inesperadamente com Rodolfo num restaurante. Ele perguntou se podia sentar-se comigo e como deixei, acho que ele descobriu que eu era Julia e acabou me beijando, se declarando, dizendo que ainda me amava, etc. Comecei a relembrar cenas do passado e fiquei muito agitada. Pedi a ele que fosse embora e não voltasse mais a me procurar. Depois do beijo, Rodolfo percebeu que amava a mim e não a lembrança que tinha de Julia. Fiquei muito confusa e não tinha certeza de meus sentimentos com relação a ele, ainda mais depois do meu envolvimento e do carinho que recebia de Alexandre. Dias depois, minha irmã Kátia foi até a casa do Alexandre, com quem estava namorando e ele confirmou quem eu realmente era. Mesmo sabendo da verdade, minha irmã decidiu manter segredo.
___ Mas esse segredo durou muito tempo?
___ Não muito, logo ela acabou contando tudo a Delvânia. Então todos acabaram sabendo que a Juliana, antiga empregada da casa vizinha, na verdade era eu, Julia. Isso queria dizer que eu não morrera no incêndio, mas que estava mais perto e viva do que todos pensavam. Como estava atingindo meu sucesso profissional, consegui do meu esforço e trabalho, comprar um apartamento no centro da cidade e foi nele que certa tarde, recebi a visita de Rodolfo e Inácio. Chorei muito ao ver meu filho e enquanto isso Delvânia havia ido procurar Alexandre e depois de lhe fazer a cabeça, o influenciar para que ele a ajudasse a me manter longe de Rodolfo. Aconselhado por Delvânia, Alexandre decidiu insistir no pedido de casamento para tirar-me de perto do Rodolfo, mas minha reação foi de recusa e revelei-lhe que estava apaixonado por outro homem. Irritado, Alexandre fez eu dizer o endereço de Rodolfo e assim, foi procurá-lo. Os dois brigaram tão feio que tiveram de ir para o hospital. Rodolfo estava decidido que a primeira coisa ao fazer quando saísse do hospital seria ir embora com Inácio para outra cidade.
___ E ele fez isso?
___ Não, Kátia não deixou.
___ E o que ele fez então?
___ Deixou Inácio com ela e foi me procurar novamente.
___ Conversaram?
___ Sim, ele me contou o que acontecera entre ele e Alexandre. Assim que Alexandre retornou do hospital também, pedi a ele que viajássemos para longe e ficássemos durante algum tempo distanciado de tais confusões, pois já não agüentava mais aquela vida. Não me arrependi em momento algum, mas quando retornei, Rodolfo já estava com outra mulher.
___ E o que aconteceu?
___ Rodolfo jurou-me que estava disposto a tudo para reconquistar o meu amor e estranhei o jeito dele, pois achava que ele fosse ficar irritado ou magoado comigo por ter viajado com Alexandre de uma hora para outra sem dar nenhuma explicação ou ter me despedido dele. Depois dessa conversa ele levou Inácio para que pudesse vê-lo. Fiquei muito emocionada com a presença de meu filho, aquele encontro abalou meu coração e tudo o que mais desejei foi voltar para o lado do meu marido e tentar reconciliar com ele para ter uma vida cheia de paz, junto de meu filho. Naquela situação totalmente mal resolvida, alguém muito especial foi me procurar e assim, eu e Odilon tivemos uma conversa muito seria donde de uma vez por todos finalmente descobri a verdade sobre minha mãe e sobre ele que era meu pai verdadeiro. Odilon tentou mostrar-me que Rodolfo ainda me amava muito e que podíamos ser felizes juntos.
___ E quanto à outra mulher com quem ele estava se relacionando?
___ Pois foi aí que a situação se tornou complicada. Rodolfo me prometeu que nunca tivera relações mais sérias com ela e para mim foi difícil acreditar nele.
___ Ainda sentia algo...
___ Sim, logicamente – ela interrompeu. – Ao terminarmos a conversa, que durou quase umas duas horas, a qual inclusive me faz crer que nunca havíamos mantido um dialogo tão sentimental e emocionante por tanto tempo, eu percebi que ainda era apaixonada por Rodolfo e não queria viver sem ele. Trocamos beijos e abraços numa troca de grande amor. Rodolfo queria que eu voltasse a morar com ele, pois legalmente éramos casados. Enquanto isso, Odilon confessava para sua irmã que fora ele quem matara o seu marido e que a minha mãe assumira o crime para não prejudicá-lo. Delvânia não acreditou na confissão do irmão.
___ Você voltou para Rodolfo?
___ Não de imediato. Pedi a ele que terminasse seu namoro com a outra mulher e depois voltasse a falar comigo. Dias depois, fui à residência dele para ver Inácio e assim que Rodolfo me viu, insultou-me dizendo que não ia terminar seu caso com a outra mulher enquanto não terminasse o meu com Alexandre. Como entre eu e Alexandre não existia absolutamente nada e nunca nem se quer existira, me revoltei com a atitude dele e decidi terminar tudo de vez julgando que nosso casamento não tinha mais volta e seria melhor terminar tudo de uma vez para não restar nenhuma esperança. Rodolfo, vendo que eu falara seriamente, pediu-me desculpas e implorou para que ficasse mais um pouco, pois precisava muito falar comigo. Revoltada e nervosa respondi que não tinha nada para conversar com ele e para completar revelei estar disposta a recomeçar minha vida longe dele. Depois disso, Rodolfo foi me procurar varias vezes e sempre derramava suas palavras tentando me comover, fazia suas declarações e falava de seu amor por mim. Sendo persistente em minha decisão, sempre lhe dizia que jamais poderíamos ser felizes juntos, pois já não sentia mais nada por ele.
___ Mas isso era mentira, não?
___ Sim, ainda gostava dele. Mas sempre acabávamos brigando. Sempre que nos encontrávamos o clima reacendia as esperanças entre nós, porém, as discussões eram mais fortes. Com o tempo, Rodolfo aceitou dar-me o divorcio.
___ Pretendia mesmo se separar?
___ Sim, e também tinha planos de me casar com Alexandre. Porém, apesar de todas as desavenças, continuava amando meu marido mesmo que diante dele negasse meus sentimentos. Rodolfo insistiu muito para que aceitasse uma reconciliação, mas lhe dizia o mesmo de que não poderia aceitá-lo de volta. Revoltado com tanta rejeição, Rodolfo me disse que eu me convertera numa mulher repugnante. Rodolfo passou a fazer questão de sair com sua namorada e ir sempre aos mesmos locais donde ia com Alexandre. Quero deixar claro que nunca houve nada entre eu e Alexandre, pois meu coração pertencia a Rodolfo.
___ Mas ele não merecia o seu coração, muito menos o seu amor – considerou Luiz.
___ Pode ser que tenha razão.
___ Continue. Ocorreu o divorcio?
___ Sim e alguns meses de separação foram o bastante para ficar doida.
___ Como assim?
___ Eu não conseguia tirar Rodolfo dos meus pensamentos e o fato dele estar com...
___ Por acaso essa outra mulher de quem esta falando é minha filha Rosalinda?
___ É, ela mesma.
___ Mas...
___ Me desculpe – disse Julia com os olhos marejados de lágrimas.
___ Tudo bem, esta no seu direito de sentir-se comovida.
___ A cada dia percebia que apesar dos erros cometidos, continuava amando Rodolfo e inclusive tinha ciúmes dele, ou talvez, inveja de Rosalinda. Infelizmente, já era tarde demais para pensar em aceitar os pedidos de reconciliação com Rodolfo, o fim da historia foi que perdi de vez o meu marido. Depois disso, ele se envolveu com Amélia e deu no que deu.
___ Acha que ainda...
___ Não, hoje posso garantir que não sinto mais nada por Rodolfo. Não imaginava que ele fosse capaz de fazer o que fez. Uniu-se com Amélia e, bem, você conhece e sabe do que estou falando.
___ Sim, aqueles dois andaram aprontando bastante.
___ Mas acho melhor deixarmos esse assunto de lado, tudo já acabou e...
___ E?- questionou Luiz vendo que Julia interrompera sua frase.
___ Creio que encontrei um novo amor em minha vida – concluiu ela olhando fixamente para Luiz.
Um novo romance se consolidava na vida daquela família. Até quando ele duraria e o que se decorreria no passar dos tempos, era o mistério que ninguém conseguia responder.

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