Obrigada pela visita!

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sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

continuação capitulo 11 - B

21 de março de 2005
09:36:14 - Estou imensamente cansada hoje. Muitas coisas aconteceram nas ultimas quarenta e oito horas pelo relógio terrestre. Continuo com minhas angustias e tristezas, mas continuo no meu existir. As musicas desse local continuam tocando. Vou então partir para o relato de minha visita ate o hospital. Primeiramente tomamos o ônibus que parece voar, mas que também balança muito. Achei estranho, pois não imaginava que fosse ser tão longo o trajeto. Durou cerca de umas cinco a seis horas comparadas ao relógio terrestre. Estou tão habituada ainda a analisar tudo pelas horas que tinha quando encarnada que cada momento eu vejo o tempo daqui de uma maneira, algumas vezes acho que tudo passa muito rápido, depois parece que o tempo daqui não passa.
Tornando a comentar sobre o passeio, devo dizer que tudo ocorreu bem. Ao chegar lá, já exausta de cansaço, tive uma palestra de quase duas horas, depois um lanche com suco de acerola e laranja, também me serviram rosquinha e um biscoitinho de sal, não é tão bom quanto aos que eu comia na Terra, não me satisfizeram, mas foi melhor do que fruta ou água. Não me deixaram comer muito, minha mãe disse que pedira um cardápio mais variado para mim, mas de toda forma não era o que eu esperava e confesso que senti terríveis dores de estomago, como se ainda tivesse o meu órgão. É muito estranho e compreendi pela primeira vez que ter gulas não é nada bom para meu estado. Creio que exagerei, mesmo comendo apenas o tanto permitido. Acho que estou começando a desacostumar com comida, guloseimas, lanches, etc.
09:47:55hs - Me foi permitido relatar alguns detalhes sobre o hospital donde estive. Na verdade ele funciona como um hotel de pessoas necessitadas de energias e vibrações positivas. Lá estão pessoas bastante revoltadas, mas também existem inúmeras equipes de espíritos doutrinados especialmente para o auxilio de seus pacientes. Achei tudo muito bonito e organizado. Existe um jardim no meio do hospital, donde sobem em circulares as rampas, na lateral possui escada e elevador, igual aos conhecidos na Terra. O local não é sofisticado, chique ou como um estabelecimento de primeira categoria, mas possui os seus esquemas e sua limpeza é impecável. Digo que é um local simples em vista do que deve ser num mundo mais evoluído, mas ao mesmo tempo, é reluzido de vibrações emanadas por equipes maiores. Gostei muito de ter conhecido os quartos, as instalações e tudo o mais. A água de lá é quente naturalmente e existem coisas maravilhosas que não devo descrever neste momento.
14:15:52hs - Estou com grande dor nas costas, dor de cabeça e um imenso sono. Voltarei a falar sobre minha visita ao hospital. Eles possuem um sistema completo para servir as refeições aos pacientes da colônia hospitalar, cada ala é tratada de uma maneira, de acordo com o estado de desencarne ou nível de evolução. Tirei proveito da visita, mas acho que foi muito curta e extremamente técnica. Foi bom estar lá embora tenha aproveitado muito pouco tempo.
Comentei sobre a água que é quente e posso dizer que também é medicinal, trata dos pacientes como nas instancias termais existentes na Terra. A água possui minerais importantíssimos e é um recurso muito especial para a estadia dos pacientes no hospital da colônia de refazimento. Também pude conhecer uma cachoeira muito bonita, com a mesma água cristalina. O dia não estava de sol, mas um clima agradável sem frio ou chuva. Verifiquei o trabalho das equipes para conseguir manter o clima de harmonia no local e pude visualizar coisas fantásticas que nem tenho recursos ou meios de descrever e explicar. Fiquei observando o quanto podemos quando queremos alguma coisa.
14:43:43hs - No hospital eles trabalham muito com reflexão direta. De certa forma os guias possuem uma maneira muito especial de lidar com todos os pacientes. Achei interessantíssimo o quanto eles são prestativos e generosos para lidar com aqueles mais revoltados. Queria ser como um deles para saber lidar comigo mesma. Nada mais importante do que a calma e a paciência para saber conviver bem com os outros seres. Queria muito ter o nível evolutivo das pessoas que aqui residem, mas infelizmente não é isso que diz minhas antigas paixões terrestres. Seria bom se por um milagre eu conseguisse me adaptar e tornar-me uma habitante normal desse plano. Por vontade própria eu não sei realmente se quero, minhas vontades se contradizem mutuamente e chega a momentos que nem sei ao certo o que quero.
15:04:55hs - Continuo tendo sensação de frio aqui. É como se constantemente eu estivesse com febre. Por todas as palavras que existem, posso traduzir na seguinte afirmação, é muito estranho estar aqui. Nenhuma palavra a mais dará a idéia exata do que é estar num local como este. Ainda não sei ao certo porque vim parar aqui e apenas me garantem que isso faz parte do meu processo evolutivo, principalmente quanto ao aprendizado. Ainda são vastas as coisas aqui que eu não consigo compreender e me chateio por não ter ninguém que realmente compreenda o meu sofrimento. Imagino que todo ser humano quer ir para um plano melhor e mais evoluído do que a Terra quando desencarnar, mas também não é tão interessante assim caso não exista um preparo intenso. Tudo aqui é muito perfeito para meus sentidos grosseiros e materiais. Sinto-me ligada ao corpo e só de pensar no meu desencarne sinto dores como se ainda tivesse um corpo físico, ou como se houvesse morrido ontem. É só pensar nisso que visualizo a cena do meu enterro, quando jogaram sobre o caixão de meu corpo frio e duro, no fundo da cova, as pétalas de rosa e as flores já murchas.
15:17:20hs - Continuo trabalhando firme aqui no portal, vigiando todos que passam. Consigo ver em alguns as vibrações emanadas através da aura. É engraçado ver isso nas pessoas. Ficar no portal é o mesmo de sempre, mas para mim já chega de ficar reclamando. Isso vai acabar cansando qualquer leitor. Guardarei minhas reclamações já que ninguém desse plano consegue me ajudar ou me entender. Sinto-me aqui como uma doida internada num hospício.
15:35:08hs - Continuo também escutando as vozes. Tem de todos os tipos e são conversas de todas as modalidades. Isso muitas vezes me faz ficar confusa, mas já até acostumei-me. Infelizmente não tenho controle e não posso deixar de escutar aquilo que não quero. Dizem que por aqui existe um ar de refrigeração total do ambiente e talvez seja por isso que sinto tanto frio. Tudo vai indo aos conformes e da maneira como posso vou levando as coisas. Sei que existem pessoas em situações piores, nos umbrais que nem sei se tenho vontade de conhecer. Mas não gasta chegar a tanto para conhecer pessoas e locais piores do que este ou do que a Terra. Muitas vezes me pergunto que tipo de utilidade terá ao leitor saber o que se passa comigo do lado de cá, vejo que esse tipo de abordagem pode ser cansativa, mas quem souber também poderá tirar algum ensinamento ou aprendizado útil. Não esclarecerei maiores curiosidades pela interferência dos mentores que ficam me proibindo de relatar determinados dados e mandar mensagens a respeito de outras tantas coisas, alguns detalhes de grande interesse, mas que ainda não possuem os seres humanos habitantes da Terra, a permissão de saber.
16:10:03hs - A cada momento que permaneço nesse mundo eu me sinto mais e mais cansada. Aqui não tenho nem ao menos a chance de tirar umas férias. Estou literalmente em tratamento de adaptação e daqui ninguém me permite a saída. Logicamente não saio porque não quero, tenho lá os meus medos de me rebelar e acabar em situações bem piores. Existem certas coisas que reclamamos, mas em nenhuma hipótese podemos mudar os fatos ou querer ser contra determinados princípios. Tudo no universo funciona de acordo com normas e regulamentos, leis que ninguém tem como mudar e se não as aceita, é obrigado a sofrer se condenando por conta própria ao martírio, palavra que automaticamente se traduz em aprendizado. Custo a agüentar dia após dia desse local, mas tento ter tolerância se aqui, de algum modo sem saber por que, vim parar. Sinto-me sozinha num naufrágio, num mar tempestuoso. Continuo confusa e mais em duvida me ponho sobre todos os fatos que provirão.
16:32:16hs - Por mais que eu queira ficar sem reclamar, não tenho como deixar de dizer que me sinto desanimada de mais. Existem espíritos aqui que por estarem nesse mundo tem jeito arrogante. É estranho ver pessoas assim por aqui, mas se percebe nitidamente até mesmo pelas características emanadas dos fluidos. Mas nada tenho com isso e não quero me sentir incomodada por tais pessoas. Queria sentir-me com algum valor aqui nesse mundo, mas ainda tenho dificuldade para isso. De toda forma, estar aqui me faz imaginar o quanto nós podemos vivenciar dos outros, as inúmeras experiências que adquirimos e que durante toda a eternidade estará nos rondando o existir. Fico maravilhada de pensar que tudo nós podemos quando temos convecção e força de vontade. Bem que as coisas poderiam se mais fáceis, mas como se diz, para tudo existe um preço. Conheço bem isso agora e entendo coisas que antes não compreendia quando estava na Terra. Espero que daqui a alguns anos possa entender o que hoje não consigo entender.
17:12:00hs - Daqui a pouco não mais passarei as mensagens. Aqui as coisas são extremamente rigorosas e sistemáticas quanto à questão dos horários e a pontualidade. É incrível conviver com tantos detalhes. Existe um estudo aqui que diz muito sobre a especificação das etapas de evolução e como analisei o ser humano sempre questionou o motivo de sua estadia sobre a Terra, principalmente quanto ao mistério que envolve o seu futuro. A insegurança e a curiosidade em relação ao que poderia lhe acontecer fizeram com que tentasse de diferentes maneiras prever o que lhe estava reservado, vindo a se precaver de todos os tipos de maléficos, como pôr exemplo, a má sorte, dificuldades amorosas, sociais, financeiras e outros, assegurando para si a certeza da efetivação dos diferentes acontecimentos benéficos.
Conforme conheci na Terra, podemos encontrar muitos sistemas oraculares existentes com esta finalidade acima citada, não importando a origem dos sistemas nem a sua filosofia de estudo, aprendizado ou execução. Todos se concentram em único significado que é encontrar os melhores métodos para prevenir ou ainda remediar situações maléficas, trazendo assim um alívio imediato para a pessoa ou família. Quase todos os oráculos, independente de sua origem cultural, absorvem uma tendência a algum tipo ou aspecto religioso, vindo sempre a sugerir ou indicar certo tipo de ritual ou prática religiosa, de caráter e aspectos muito mais, ou ainda quase que completamente, místicos do que científicos. Devo dizer que ninguém pode dizer ou prever o futuro de ninguém, pois o dia de amanha vai sempre depender do que a pessoa realize no seu momento presente. Existem algumas coisas pre-programadas para acontecer durante a vida, mas não existem fatos concretos de tudo que não possam sofrer determinadas alterações. Além do mais, a maioria desses fatos não podem ser revelados ou vistos como se pensa, de forma mágica. Fico limitada a detalhar esse assunto, mas aos poucos passo as informações.
17:54:33hs - Tem momentos que fico muito agoniada aqui, geralmente é quando me sinto apurada com algo. Já passou da hora de ir embora e meu guia supervisor ainda não apareceu para me liberar. Tenho meu horário para retirar-me, mas precisava conversar com ele e não desejo sair sem passar as mensagens do dia e o relatório das entradas pelo portal. É bem complicado ficar fazendo esse controle. É como uma catalogação e maiores informações talvez eu possa relatar posteriormente. O ar daqui começa a ficar ainda mais gelado nessas essas horas, geralmente quase horário do entardecer na Terra. Tenho saudades por demais do que um dia tive da vida que possuía, dos seres com quem convivia e de tudo o que hoje está tão distante do meu alcance.
No dia de hoje fico por aqui, desejando que todos saibam bem aproveitar cada instante da existência, onde quer e como estiver. Cada um conduz a vida de acordo com suas vontades e faz de sua existência aquilo que permite sua consciência. Muitas vezes erramos por pura ignorância, achando que aquilo é o mais correto a se fazer. Outras vezes, arriscamos sabendo que de uma forma ou de outra, ninguém jamais poderá ficar livre da reação dos atos cotidianos, das decisões que tomamos e de tudo o que fazemos. Existem muito mais complicações que giram em torno de nossa existência. Existem coisas mágicas e fantasiosas que ainda me custam a crer, as quais não me são permitido revelar. Pelo visto, terei de ir embora sem passar meus relatórios de hoje. Se for assim, aqui termino este ultimo relato, deixando meus votos de paz a todos aqueles que querem encontrar-se realmente com este sentimento. Visualizem o sentimento de paz como uma gotinha de orvalho caindo sobre sua cabeça e se transformando numa gigantesca bolha que lhe envolve todo o corpo. Nada e nem ninguém é capaz de estourar essa bolha se você mesma não permitir. Aprender a ter autocontrole dos sentimentos que nos cercam é fundamental e estou tentando me concentrar nesse propósito. Minhas sinceras bênçãos a todos os leitores.
Fiquem no dia de hoje com as luzes glorificantes de amor e tranqüilidade. Muitas vezes, o momento pelo qual passamos parece revoltante, agonizante, temível, tristonho e terrível de todas as formas, mas saibam que enfrentar as dificuldades e passar por determinados momentos faz parte da evolução e nos torna seres mais experientes e fortes. É mais vitorioso quem sabe lidar com as tristezas do que quem apenas vive cercado de felicidades. Luz, paz e amor a todos.

22 de março de 2005
14:37:22hs - Hoje enrolei o tempo. Por aqui tudo está com jeito de chuva, mas ainda não vi nenhuma gota cair do espaço. Fico observando todos os detalhes daqui desse portal e admirar a previsão do tempo é apenas mais um detalhe que faz parte do meu dia-a-dia. Hoje cochilei sentada mesmo e fui atacada com uma dor nas costas por conta disso. Sinto muito sono ainda e não sei por que eles me forçam a permanecer o máximo do tempo acordada. Dizem que eu não preciso mais dormir e eu entendo isso, mas sinto falta de uma cama quente e aconchegante. Não consigo olhar para o verde da natureza e captar fluidos que me façam recuperar as energias e tirar de mim essa imensa vontade de deitar e dormir.
14:42:36hs - Me privam de fazer tantas coisas nesse local. Não me sinto à vontade, livre e tranqüila. Existe aquela constante preocupação em querer saber o que os outros pensam ou acham de mim. Sei que isso não deveria fazer nenhum sentido na minha existência, mas não consigo deixar de envolver minha mente com disso.
14:58:39hs - É interessante estar aqui em certos momentos, mas a falta de integração me deixa mal, muito mal. Queria poder aproveitar desse local como os outros espíritos que já se adaptaram a tudo aqui, mas acho que vai ser muito difícil isso poder acontecer. Tenho que tirar proveito da maneira como posso, inclusive tendo de comer as escondidas. Isso é péssimo, mas não tenho como fazer nada.
15:20:30hs - Fisicamente me sinto gorda, mas passo o tempo todo com fome. Não tenho feito nada de especial por aqui e, portanto tenho enviado mensagens menores. No resto tudo vai bem, mesmo com os problemas todos que já relatei. Certos momentos eu me distraio vendo coisas e escutando vozes distintas em línguas totalmente desconhecidas. Sinceramente queria ficar sozinha nesse local para poder fazer o que quisesse, ou então retornar para a Terra, mesmo que fosse para ficar vagando por lá como uma alma penada. Porém, pensando bem, de todo jeito, também não teria coragem de ficar na Terra, seria muito sofrido para mim que já desencarnei.
15:32:11hs - Tem momentos, quando penso saudosamente em minhas irmãs, sinto o perfume delas, me bate um sentimento tão complicado de definir e imagino que elas também devem sentir o mesmo. É um perfume que parece chegar aqui mais purificado, como se misturasse com os suaves cheiros de flores que aqui existem e que por sinal também são muito perfumadas.
15:54:05hs - São inúmeras as coisas que acontecem por aqui e eu não posso relatar. Meus olhos continuam ardendo por demais. O tempo por aqui quando não voa, demora por demais a passar. Vou levando tudo da maneira como posso. Aos poucos vou tentando acalmar-me e espantar de mim qualquer tipo de nervosismo, porém cada dia é diferente. Aqui tenho aprendido a colocar-me nas situações dos outros e entender situações imprevistas. Quando sofremos determinadas situações, sabemos respeitar e compreender o sentimento alheio de quem sofre ou passa pelo mesmo. Procuro entender os dilemas existentes, ver as complicações dos outros e refletir sobre mim mesma. Isso pouco ajuda, mas me faz compreender que não sou a única sofredora, embora seja uma delas. Feliz nesse momento eu garanto que não estou sendo. É impossível não reclamar. Também não tenho recebido mais nenhuma mensagem e, portanto, fico sem saber ao certo o que mais posso relatar. Ultimamente tenho tido imensa vontade de visitar os entes queridos que ficaram na Terra, inclusive Manoel, porém ainda estou longe de conseguir permissão para isso. Estive verificando que outro dia desses, fui chorar e realmente chorei, mas não saíram lagrimas de meus olhos, como se eu estivesse seca. Achei tão estranho!
16:10:33hs - Pedirei a minha mãe ou ao meu guia instrutor para que me arrume um livro para ler, não agüento mais ficar a toa, apenas vendo pessoas que transitam livres enquanto eu tenho de ficar sentada o dia todo. Durante a noite, todos os dias eu tenho uma espécie de aula, mas são um pouco chatas, não porque eu não goste do conteúdo, mas porque em tais horas já me sinto exausta e ninguém me concedeu passes energéticos, dizem que preciso continuar sentindo cansaço e sono até conseguir retirar os fluidos necessários a meu refazimento na natureza, no próprio ambiente natural desse local. Isso me parece um absurdo. Fico ansiosa imaginando o dia que puder de fato ficar sem comer, poder volitar, me relacionar bem com todos e ainda ficar horas, dias e meses sem dormir.
16:19:45hs - Ficar apenas escrevendo esses relatos não tem me rendido muito, além da seleção donde eles inutilizam boa parte das minhas mensagens, ainda tenho de escrever vendo quem passa, anotando as conversas e fazendo relatório catalogado que é imensamente complicado. Enquanto isso, eu perco noção de todo o resto que se passa por esse plano. Imagino que muitas outras coisas mais interessantes devem acontecer por outros locais. Queria poder acompanhar quem por aqui passa e assim, dar inúmeros passeios. Fazer várias coisas ao mesmo tempo me desconcentra e, portanto, não posso ter a mesma dedicação de quando era escritora na Terra. Dona Helen reescreverá exatamente com minhas palavras conforme o original, mas nem ao menos sei se isso será bom, pois já não mantenho o mesmo nível de escrita. Nem mesmo escrever é tão prazeroso quanto antes, mas pelo menos é melhor do que nada.
16:31:28hs - Aqui também tenho de ficar atenta, existem espíritos inimigos que são fingidos e possuem boas aparências exteriores, mas pela sensação que tenho não garanto nada. Aqui tenho de me virar de uma forma ou outra e tento a todo instante conseguir razoes para me sentir bem. Minha consciência me contradiz certos instantes e sou obrigada a reagir de uma maneira que não gostaria. Não sei até que dia continuarei dando essas mensagens exatamente como as tenho passado. Desejo que algo diferente aconteça, seja o que for já estou cansada de relatar sempre o mesmo.
17:09:20hs - Estive verificando a tecnologia de mundos mais evoluídos, é tão fantástico que custei a acreditar que possa realmente existir certas coisas. Isso me serve de estimulo para tentar me adaptar aqui. É muito magnífico! Infelizmente não posso transmitir exatamente o que conheci pelo telão, mas digo que são coisas inimagináveis. Se não conseguia entender a tecnologia de um fax que repassa documentos de locais distantes, de um telefone que transmite a voz de um país para outro ou um radio que funciona por sintonia, custo então a entender como pode certas coisas funcionar da forma como visualizei.
17:47:04hs - Muita sorte a todos, estou na minha hora. Espero amanha poder contar mais alguma novidade. Tenhais todos vós bastante perseverança e convicção nos objetivos, que sempre almejem e concretizem os sonhos. Tudo se pode nesse universo quando o empenho faz jus à vontade e a fé. Podemos ter tudo ao nosso alcance quando não nos vemos cercado de limites. O universo é imenso, de um tamanho inimaginável aos nossos sentidos, portanto, o infinito é o limite para nossas realizações se assim acreditarmos. Podemos conquistar o infinito se nos julgarmos capazes e tivermos simplicidade para chegar com jeito aos degraus mais autos. 20:22:34hs - Creio que hoje ficarei por aqui, na transmissão desta ultima mensagem. Conforme dizia sobre a tecnologia de mundos mais evoluídos, já fui informada que a mensagem foi filtrada e retiraram alguns detalhes dela. Sinto muito se não posso contar ou revelar determinadas coisas intrigantes e fabulosas que ocorrem ou que presencio.

23 de março de 2005
09:25:48hs - A cada dia que passa me sinto ainda mais cansada e desmotivada. Nada tem dado certo para mim nesses últimos dias. Fico relembrando fatos passados que me atrapalham a adaptar-me aqui. Há pouca hora recebi "telepaticamente" a informação de que posso relatar algumas das tecnologias desse e de alguns outros mundos mais evoluídos. Aqui existe uma espécie de carro-taxi voador. Não é um veículo que qualquer um possa ter, ele apenas existe por ser comunitário, ou seja, todos podem usufruir apresentando um cartão magnético. Foram projetados por grandes espíritos vindos de planos ainda mais sublimes. Cada veículo faz um trajeto e se locomove com grande velocidade a distâncias incalculáveis, cerca de seiscentos quilômetros em cada segundo. Eles possuem um dispositivo sobre as asas que ajuda a diminuir o barulho de suas turbinas. Não são bem turbinas, mas posso chamar desse nome para que tenham uma noção mais precisa do que digo. Para decolar e aterrisar eles precisam de uma pista de apenas setenta metros de comprimento. Tais veículos não transportam de um mundo a outro, pois foram idealizados para fazer corridas urbanas e rápidas.
09:57:18hs - Infelizmente o clima hoje aqui está muito pesado de cargas negativas. Parece-me que foi um desencarne coletivo de um ônibus que bateu numa careta e explodiu. Adoraria relatar sobre as equipes de socorro e os procedimentos que pude analisar ainda agora a pouco, mas por enquanto não devo passar nenhuma informação. Posso sentir-me triste pelo choro constante que não sai de minha mente e meus ouvidos.
10:48:23hs - Aqui é assim, no mesmo momento em que as vibrações estão pesadas e carregadas, também existem equipes de apoio mutuo que purificam o local. Distraio-me e também passo raiva. No geral sinto cansaço por estar aqui. Visualizo tantas coisas diferentes em alguns momentos, mas nada disso me compensa. Sinto-me mal estando com pessoas mais evoluídas, não por saber que sou inferior, mas por ter no fundo uma espécie de inveja ou cobiça. A cada dia tento me convencer da realidade que aqui enfrento e coloco em minha mente que esse período vai ser tão longo quanto meu processo para aceitar e adaptar a tudo isso. Não tenho visto mais meu pai, imagino que ele deve estar muito assoberbado em seu plano espiritual. Estive conversando com meu mentor sobre minha próxima encarnação e ele comentou comigo que não devo me preocupar ou pensar nisso por enquanto. Pelo visto ainda tenho longo caminho a trilhar até realmente me ver pronta e preparada para planejar uma nova encarnação.
14:21:59hs - Devo agora informar que em breve, enviarei apenas uma mensagem por dia. Assim, creio que ficará mais fácil e ágil todo o meu processo e também simplificará para uma mensagem mais completa. Também foi me anunciado que todas as correções serão feitas mediante minha permissão presente no instante da verificação e separação. Portanto, se esta for a ultima do dia de hoje, meus votos de felicidade e aquela ponta gigantesca de alegria que irradia desde o sorriso de um bebê, quanto os olhos de um idoso. A compreensão para com os próprios defeitos é um exercício diário que tem grande valor quando praticado.

24 de março de 2005
Estou tendo de ser muito forte e resistente para agüentar tudo o que se passa comigo nesse plano. Enquanto na Terra é feriado, aqui tenho de trabalhar, firme e como sempre, sem fazer nada, apenas catalogando quem entra e sai pelo portal. Se não estivesse morta diria que estou morrendo de sono. Nunca pensei que fosse sentir tanta falta de uma cama, ou qualquer local plano. Pior que não posso nem ao menor cochilar, quando fecho os olhos e os abro depois de algum tempo, eu noto que todos me olham como se aqui fosse proibido dormir ou dar uma descansada. Como sofro nesse local. Além de tudo, agora tenho virado informante. A todo o momento aparece alguém querendo saber para onde fica um local ou outro. E eu no meu cansaço, com um peso nas pálpebras que custa a me deixar com os olhos abertos. Sinto como se estivesse morrendo depois de morta. Já não quero mais festa nem me importo com comida, apenas queria fechar meus olhos e deitar alguns instantes. Daria tudo por uma noite de sono. Faz meses que ninguém me deixa dormir e sou obrigada a ficar aqui, à toa, vigiando quem passa para lá, para cá e dando informações que nem sei se estão realmente corretas, tendo de sofrer enquanto visualizo e contemplo a alegria de todos, principalmente das crianças que ainda demonstram mais contentamento e bem estar que os adultos.
Juro que não consigo entender de forma alguma como as pessoas conseguem viver aqui assim, sem comer, sem dormir, trabalhando e estudando. Penso que nunca conseguirei ser feliz aqui e nem tão pouco vou sair desse local. Encontro-me no pior dos estados pelo qual poderia estar, enquanto sinto que outros se divertem a minhas custas. É como um patrão que explora o funcionário para trabalhar feito escravo enquanto ele, quem recebe a maior parte dentro da empresa por ter um cargo superior, sai de férias tranqüilamente com a família. Aqui ainda é pior, tenho que trabalhar de graça, como se fosse uma troca pelo local donde tenho habitado, se é que aquela moradia me serve de algo, pois passo o dia todo aqui e ainda tenho as reuniões durante a noite. Digo noite, mas para saberem de forma exemplificada do que estou falando, já que neste plano não existe noite como os seres da Terra conhecem.
Parece que morri para ser infeliz, viver a mingua. É complicada minha situação e mesmo assim, ainda devo ser invejada por quem permanece nas regiões umbralinas. Verifico que sempre vai existir alguém em melhor situação enquanto também existe o oposto. Não tenho gostado nada de viver aqui e já tenho estado tão arrasada que nem consigo formular meus pensamentos direito para tomar qualquer decisão ou continuar empenhando-me na escrita do livro. Tudo mudou de forma muito inesperada em minha vida. Eu morri sem dar conta disso e continuo feito uma alma penada. Isso parece brincadeira, uma piada, mas é a minha infelicidade. Sinto-me tão cansada que pareço uma drogada, uma dopada. Não consigo nem ao menos sorrir, minha fraqueza e debilidade tomam conta de todos os meus sentidos e não sei como me colocam para trabalhar nessa situação. Na verdade quem olha para mim não deve imaginar que estou em tão péssima situação.
Como é difícil tolerar certas fases da vida! Vida no sentido de existência, pois por mais que digam sobre a verdadeira existência que é do lado de cá, continuo tendo para mim a vida na matéria como a vida real. É difícil de explicar como é estar do lado de cá, nesse plano. De toda forma, pouco me vale dizer o que sinto, pois cada ser senti e convive com a morte de uma maneira. Hoje foram raras as pessoas que circularam por esse portal, tudo está tão sem movimento que ainda não compreendo o que faço aqui. É imensamente chato esse trabalho de catalogar quem aparece por aqui. Não consigo nada que me console e detesto todos desse local. Sinto-me de algum modo inferiorizada, rejeitada e inclusive fora de mim mesma pelo sono que me ataca. Dizem que na existência terrestre dormimos para a alma se emancipar, aqui, como sou toda alma, não necessito de dormir, mas continuo sentindo as mesmas sensações de quando estava encarnada e ficava sem dormir por muito tempo. Minha ligação com o corpo é imensa e estou entediada de não poder dormir. Será que me é tão proibidas algumas horas de sono? Sinto-me aqui do mesmo modo como sentiria um favelado no meio das mansões de um bairro nobre de um país desconhecido. Ninguém sabe avaliar o valor que eu tenho. Não consigo entender absolutamente nada desse mundo. É triste ter de aceitar essa situação, não consigo mais conviver com algo que não existe alternativa, algo que não posso fazer absolutamente nada. Além de rejeitada, sinto um descaso total. Posso dizer que aqui sou totalmente mal amada. Sinto muita falta de meu pai que raras são as vezes que eu o vejo e quanto a minha mãe, também não é todos os dias que me dão tempo para poder estar ou conversar com ela. Faria qualquer coisa para poder rever minhas irmãs. Mas primeiro preferiria algumas horas de sono imediato.
Acho engraçado porque os espíritos que são recolhidos e ficam no hospital, passam a maior parte do tempo apenas dormindo, enquanto eu tenho de sofrer tanto sono constantemente, dia após dia. Adoraria se aqui existisse noite igual na Terra. Não tenho permissão para detalhar como é a noite desse local, mas é como se ela tivesse a duração de duas horas contadas pelo tempo terrestre. Já se imaginou dormindo cerca de duas horas ou menos por noite e tendo de trabalhar e estudar o resto todo do tempo, sem pausa, sem refeição, sem agrado, sem nada que me entusiasme. Juro que queria retornar para minha vida na Terra. Nunca pensei que seria tão ruim desencarnar. Logicamente não é assim para todos os espíritos, cada um tem o seu grau de evolução e lida com o inesperado de uma forma. Tento aproveitar o tempo da maneira como posso, mas não me empenho em meu trabalho, não gosto de estar aqui e me sinto extremamente revoltada. Estou aceitando unicamente por não encontrar alternativa e pelo medo que a princípio tanto me consumia e ainda por vezes toma conta de meus sentidos.
Existe algo também que ainda não revelei, sinto imensa falta de ar aqui nesse local, é como se o ar fosse totalmente diferente ou como se não existisse o suficiente para me satisfazer. Mas não é sempre que sinto falta de ar, geralmente acontece quando me dá fadiga para comer. Lidar com tudo está muito difícil e não sei como tenho conseguido embora meu serviço aqui tenha sido praticamente nulo e invalido. Esses registros não valem praticamente nada e só servem para eu ter conhecimento superficial do tipo de espíritos que aqui residem e o que executam. Por hoje nada mais direi, a fraqueza é maior do que tudo e meus pensamentos pouco funcionam.
Quero dar um conselho a todos os leitores para que procurem à felicidade enquanto podem agir por conta própria e possuem livre-arbítrio. Infelizmente não podemos mudar certas coisas e fazer tudo conforme nossos próprios gostos, mas existe uma força maior dentro de nós que nos impulsiona a encontrar caminhos melhores. Sinto-me o pior dos espíritos aqui nesse local, mas aceito por falta de opção. Não sou a dona da verdade e nem me sinto ninguém para dar conselhos, mas exprimo meus pensamentos por continuar tendo sentimentos. Ao nosso redor o mundo sempre permanece girando, o planeta está sempre em constante movimento e assim também acontece com os espíritos mais evoluídos. Descansar é muito bom, mas não é sempre que isso será possível. Existir é difícil, mas está na capacidade de todos, bem ou mal, feliz ou sofrendo. Por mais que nos julgamos na pior situação, vale afirmar que ainda existem casos piores, não porque tudo é ruim, mas porque sempre avaliamos a situação presente na qual estamos como a pior de todas no mundo.
Encontrar maneiras de ser livre e fazer o que deseja a fim de ter felicidade, muitas vezes não nos é conveniente. Nem sempre temos autonomia ou conhecimento que nos dê credibilidade a fazer tudo o que queremos, mas mesmo assim somos livres. Queria eu sair desse local, mas isso já está fora de meu alcance, pois compreendo que não será o melhor para meu espírito. Muitas vezes constatamos na pratica que o sofrimento é o mais amargo dos remédios, porém é o mais forte a nos dar resistência em qualquer tipo de situação. Para tudo existe um porque e embora eu não tenha conhecimento do porque estou nessa situação, tenho comigo que não estou aqui por acaso, pelo menos é isso que espero. Por mais que estar aqui seja detestável e eu continue me sentindo inútil mesmo estando trabalhando, manterei firme em meus propósitos de sonhar com a felicidade, a sublimação e elevação do meu espírito. É contraditório se digo que queria voltar para a Terra e depois digo que quero evoluir, verificando que quase não suporto um plano pouco mais evoluído. Aqui pareço ter duas personalidades, no mesmo momento que desejo evoluir e ir conhecer mundos mais elevados, ainda sinto imensas vontades de retornar a Terra, mesmo que seja para visitar minhas irmãs, ou numa futura encarnação. Ainda tenho ligações muito firmes com a Terra e ainda mais com a vida que nela tinha.
Sentimentos carinhosos a todos. Eu me retirarei deixando a paz e a pureza nobre de meu carinho a todos os leitores. Que independente do credo, da posição social, do convívio familiar ou de quaisquer outras cosas, que vocês possam sentir-se realizados. Procure a melhoria pessoal, a evolução intelectual e moral. Isso é o que mais vale em todo o universo. Existimos unicamente para chegarmos à sublimação total, a luz, ao amor. Felicidades e muita sorte!

28 de março de 2005
Hoje inicio meu trabalho desejando muita luz a todos os leitores. Creio que em cada dia que se passa eu me conformo ainda mais do meu estado e vejo que posso aproveitar muito minha permanência por aqui. Durante o final de semana, que não possui esse mesmo nome aqui, uma vez que todos os dias são sempre iguais, fui convidada a um passeio, adivinhe por quem, exatamente ele, o jovem pintor que desde o primeiro momento me encantou. Estivemos durante longas horas conversando. Ele me revelou sobre seu desencarne, disse-me que quando faleceu, acordou momento depois sabendo que não mais estava vivo, era como se houvesse perdido por completo toda a noção do tempo, do espaço, da realidade e da própria vida. Embora todo o seu corpo parecesse funcionar como antes, pela própria relação com a matéria, ele sabia não estar mais vivo e guardava essa certeza.
Diferente de mim, ele não veio direto parar neste mundo, mas sim num plano ainda muito inferior. Imagino como não deve ter sido tenebroso para ele acordar num local aonde todos gemiam e gritavam desesperados, clamando por socorro. Pelo que ele me contou pude perceber a preciosidade de poder estar aqui. Questionei-o porquê eu tive o merecimento de vir parar aqui neste mundo de imediato e ele não. Tais questionamentos devem ser analisados e não existem possibilidades de uma resposta concisa sem prévio estudo. Também isso já pouco importa. Tal plano onde ele se encontrava era cheio de sombras e escuridão, com fumaça mal cheirosa, igual àquelas que saem dos escapamentos de caminhões. Um local frio e inerte em neblina. Imagino como ele não deve ter sentido medo. Eu que num local como o que me encontro, tão mais evoluído, senti-me amedrontada, imagine se estivesse num local igual ao relatado por ele. Tudo o que ele queria era deixar de existir, mas isso não era possível. Nada ia retirar dele a consciência de seu próprio ser.
Ele revelou-me que chorou durante longas temporadas, quando não estava envolvido pelo sono. Vale verificar que em zonas inferiores, o período pelos quais os espíritos ficam dormindo é livre, diferente daqui onde me encontro. Para ele, assim como para muitos outros espíritos, o sono é um alivio permitido, o qual eu não disponho aqui. Muitas vezes, ele era acordado por monstros e espécies jamais vistas ou imaginadas nem nos filmes de terrores. Tais relatos me comoveram e me deixaram com um sentimento que dificilmente saberia descrever. Depois de desencarnar o sentimento mais constante é aquele de incapacidade por não poder retornar o tempo, não poder voltar atrás e refazer ou reviver um bocado de coisas, atos, decisões e circunstancias.
Como ele me disse, e imediatamente concordei, a fé está acima de qualquer inteligência ou poder que se estabeleça em um plano físico. De nada adianta ao homem possuir algo se não tem fé em si e nas forças supremas advindas de Deus. Não desejo fazer desse livro nenhum material religioso, pois essa não é minha intenção, mas não posso deixar de relatar a importância de se ter fé quando aqui nos encontramos, ou mesmo em qualquer momento de nossa existência. Como ele mesmo me disse e agora digo a todos, é infinitamente melhor encontrar a fé antes de a ela ter de suplicar. Infelizmente, nem sempre procuramos pela purificação da alma antes de sermos perseguidos pela própria negatividade interior, o próprio peso da consciência.
Ele não quis me revelar como foi seu desencarne, mas suspeito que não foi de forma natural e também creio que não foi em idade jovem como a que ele mantém agora. Não sei quais os motivos o prendeu a um vale de trevas que lhe sugava todas as energias. Ele também sofreu muita fome e nem frutas como eu ou caldos como os doentes dos hospitais ele tinha para comer. A água somente existia misturada à lama fedorenta do solo. Todo o local tinha um cheiro típico de chulé. Se aqui para mim é torturante em alguns momentos, imagine então o que tão jovem não sofreu.
Foi imensamente gratificante estar com tal espírito. Aqui ele pinta paisagens que leva para os mundos inferiores como forma de encorajar ou estimular a própria evolução. Não sei se ele foi pintor ou qual sua profissão na ultima encarnação, mas talvez ainda tenha oportunidade de lhe perguntar isso. Estive excogitando e descobri que ele evangeliza espíritos carentes e reprimidos em mundos de regeneração e desenvolvimento. Parece-me que ele dá aula num plano onde apenas existem espíritos defeituosos fisicamente, que passam por fortes expiações. Pensar nisso me faz imaginar o quanto à perfeição é uma conquista longa e demorada, mas que apenas depende de nós próprios. Tais espíritos decidem encarnarem aleijados ou sofrer acidentes e ainda se colocam em prova posteriormente. Isso não é imposto, mas escolhido por vontade própria, como um esportista que luta para alcançar a vitória.
Devo comentar que em mundos mais inferiores, e até mesmo aqui onde estou não existem meios de apelar pela felicidade. Nada a não ser os próprios sofrimentos vão nos livrar das dificuldades e tormentos provindos pelos vultos negros interiores de cada espírito. Em tais mundos inferiores não desejo ir nem mesmo que seja em visita técnica. Talvez quando me acostumar com meu estado de desencarnada eu possa pensar em auxiliar tais espíritos infelizes, mas por momento, não sou capacitada a isso. É preciso muita humildade para elevar a alma e rogar auxílio assim como de mesmo modo, o devotamento e amor ao próximo deve ser constante nas causas do bem.
Verifiquei que meu amigo pintor realmente estabelece bases de profunda simpatia comigo. Não descobri o porque, mas creio que fomos amigos durante nossa encarnação na Terra. Não sei ao certo quem ele foi, mas algo me diz que o conheço de longa data.
Meu amigo me revelou que permaneceu muito tempo no hospital, o mesmo que estive visitando. Ele mesmo não soube me explicar quanto tempo depois de sofrimento que foi socorrido, mas qualquer minuto em tristeza faz o tempo se alongar imensamente numa eternidade. Ele foi amparado por uma equipe de resgate de uma colônia próxima que reside neste mesmo plano, pelo menos na maior parte do tempo. Verifiquei que tais tipos de resgate emocionam muito, não apenas o paciente, mas toda a equipe. Com meus pensamentos voltados para tais campos vibracionais, pretendo em breve me sentir disposta para tais atividades, ou pelo menos me preparar para isso. Também quero evoluir e me sentir útil, poder estar imediatamente sempre pronta para qualquer tipo de auxilio. Estou tendo firmes esperanças e vejo que o maior consolo as minhas depressões saem de mim mesma, das necessidades e aspirações que faço nesse presente momento. É pensando na abonança que pretendo enfrentar essa tempestade. Preciso me adaptar a tudo o que se passa comigo e principalmente a esse local, por mais difícil que seja. Somente assim conseguirei evoluir e ser melhor. Vejo que o mais difícil é manter o pensamento em esferas positivas, iluminadas de boas vibrações. Tudo inicia pela mente e concentrar-se apenas em pensamentos harmoniosos é um desafio para mim. A mente é tão poderosa que pode projetar e formar imagens simbólicas com suas vibrações e isso é algo que nem sei ao certo como explicar.
A voz e os sons aqui também são visíveis e sensíveis, não apenas audível. Os coros e cânticos formam imagens belíssimas que sublimam e purificam o ambiente de uma forma cheia de graça. É reconfortante estar aqui, mas para tal não podemos manter estreitas relações com a matéria. Sem dúvida me sinto bem melhor agora do que nos primeiros dias. Volto a sentir aquela sensação de alívio, conforto e tranqüilidade. Acho que em pouco tempo conseguirei sorver energias da natureza e assim realmente poderei ficar sem dormir e comer. Logicamente ainda estou longe de conseguir isso, mas é algo que almejo.
Ainda sinto saudades da vida que tinha, de minhas irmãs, parentes, amigos e conhecidos, mas, sobretudo estou tomando consciência do caminho que devo trilhar pela frente. Realmente é muito difícil ter de se adaptar a algo que não gosta, e ser obrigado a isso por saber que esse algo é para o próprio bem. Se não fosse por saber os benefícios que este local poderá me proporcionar, com certeza não estaria aqui. E as únicas garantias de tais benefícios sou eu mesmo a única a poder estabelecer, de acordo com meus atos e pensamentos.
Continuo trabalhando como sempre no mesmo esquema, fazendo imensos relatórios de todos os espíritos que visualizo próximo ao portal. Penso que nunca vou gostar ou me sentir bem nesse trabalho, mas me alegra pensar que posso dedicar-me por momentos na continuação do meu livro. Pude aqui aprender que reclamações nos conduzem sempre a maiores sofrimentos e se traduz em doença mental. Aqui eles analisam como verdadeira incapacidade de equilíbrio interior quem apenas visualiza as coisas por um ângulo negativo, propício a lamentações constantes, como estava se sucedendo comigo.
Tenho aceitado meu trabalho como uma oportunidade de aprendizados e uma benção de realização ainda com propósito desconhecido ao meu ser. Existe um conceito de trabalho aqui que é totalmente diferente do encontrado no plano terrestre. Aqui não se trabalha para a garantia monetária, mas apenas para aquisições definitivas do espírito em sua jornada imortal. Ainda tenho dificuldades para compreender isso.
Fico magoada comigo mesma por não conseguir me adaptar aqui e por temer o desconhecido ao invés de ter jeito aventureiro. Pelo menos me consola saber que me sinto mais segura hoje do que nos primeiros dias. Espero que essa segurança interior continue aumentando e expandindo de meu ser. É essa sensação que tenho quando admiro uma flor, vejo os campos, as hortas e os frutos. Sobre todos os aspectos da natureza encontro uma imensurável fonte de reconforto e segurança. Se nada está desamparado nesse universo, não serei eu a duvidar da proteção e o auxilio que sempre me é destinado. Tudo aqui é cuidado com muito esmero e paciência. É interessante notar que aqui, a maioria das casas pode ser transportada por espíritos mais capacitados moralmente. Quando visualizei isso achei emocionante e vislumbrei. Aqui também existem animais, mas são bem diferentes dos conhecidos na Terra.
É natural que eu me sinta desse modo constrangida e com tamanha dificuldade de adaptação a este plano, pois, como disse meu mentor, nenhum espírito tem capacidades de dar saltos em seu processo evolutivo. Estou passando por uma fase, pois como qualquer um, eu percorro um processo gradual de evolução. Tudo no universo tem seu desenvolvimento natural e isso explica o que tenho sofrido. Ainda levarei longo percurso para conseguir alimentar-me apenas da inalação de princípios vitais advindos da natureza, através da respiração, dos fluidos da atmosfera, da água e os elementos solares, elétricos, magnéticos, etc. Outra coisa que ainda não me acostumei é com relação à idade das pessoas, encanta-me ver senhoras que aparentam tão idosas e permanecem sempre com tanto animo e vitalidade. É muito interessante notar como a aparência aqui nada conta e nem mesmo quem aparenta cem anos deixa o trabalho ativo.
Espero chegar um dia em que não me sinta tão constrangida, mas sim em total estado de serenidade. É péssimo sentir-me em apuros como fico constantemente. Mas no decorrer espero que tudo se resolva. Por momento, desejo-lhes as maiores felicidades, aquelas provindas do estado moral de cada espírito, da aquisição do amor e da evolução gradativa. Muita paz e luz resplandecente a todos os lares e aos corações dos leitores amigos. Espero novamente estar aqui amanha com outras novidades dessa minha estadia. Sentimentos carinhosos e cheios de afetos. Muito amor e sorte a todos!

29 de março de 2005
Tenho aprendido muito estando aqui. As melodias têm me feito relaxar e como eles mesmos dizem: cada som intensifica o rendimento do trabalho. Mas também não é sempre que ficamos escutando música, pois tudo o que excede, sem aproveitamento, prejudica a nós mesmos. Muitas vezes o silêncio recai como uma benção que nos leva a profunda meditação.
Como o mês está no final, uma vez que ainda baseio a contagem das horas e dias pelo tempo da Terra, estive analisando todo o arquivo, com os espíritos que por aqui passaram. Por aqui existem muitas almas ignorantes e que buscam aprendizado como eu, mas que não são perversas nem más para permanecerem numa colônia inferior, mas que de toda forma, não devem ir para mundos superiores. Não sei quanto tempo permanecerei por aqui, mas entendo que cada um permanece no local determinado pelo tempo justo. Creio que ficarei aqui até realmente me acostumar e ficar apta ao trabalho e também ao socorro de outros espíritos. Sei que será complicado permanecer aqui, mas entendo que estar nesse local para mim é uma imensa benção. Por mais que eu não esteja no mesmo nível evolutivo dos seres daqui, sei que esse plano pode ser comparado a uma cápsula, um casulo irradiante de luz que cria, tem força transformadora e tudo pode fazer com as vibrações.
Dizem que somos ímãs e nos ligamos aos outros pelo pensamento, pelas tendências e afinidades. Imagino que conforme for me adaptando a esse mundo, irei sentir-me atraída pelos costumes, às maneiras de vida e assim, ter a mesma sintonia com os espíritos daqui. Não sei quando poderei estar apta a auxiliar, pois é necessária muita coragem e renúncia para ajudar a quem nada compreende do auxilio oferecido. Digo isso por mim mesma que até então sempre fui ingrata aos auxílios me prestados. Não tenho reclamado mais de nada e estou por conta própria buscando motivos para enxergar as oportunidades de crescimento nesse local. Existem coisas terríveis à nossa vista, mas que são bênçãos benditas, como outrora dissera. É preciso prestar auxilio para de mesmo modo receber e preciso fazer muito pelo próximo como forma de agradecimento por tamanha benção que tenho recebido que é estar aqui e ser amavelmente tratada, mesmo que às vezes me sinta rejeitada e fique achando que sou totalmente diferente de todos e de tudo. Auxiliar o próximo exige muita humildade e constante trabalho. Desejo imensamente um dia, mesmo que distante, poder cooperar e servir estabelecendo laços de amizades e correntes de simpatia por onde quer que passe.
No curso que estou fazendo durante a noite, quando saio desse trabalho no portal, eu aprendo fatores diretamente ligados ao espírito e os diversos mundos e planos existentes pelo universo. Começo a verificar que as palavras tantas vezes repetidas fazem real sentido. Não quero dizer que estou me familiarizando aqui, mas começo a entender que apenas o verdadeiro bem espalha flores e perfumes ao nosso redor e vai ser assim onde quer que eu esteja. Não devo temer o local se estiver com propósitos verdadeiros de ser correta e agir no bem, mesmo ou principalmente diante dos inimigos ou daqueles que me são indiferentes. O principio do amor é esse, o respeito, a compreensão e a tolerância. Aqui, buscarei o meu recolhimento. É a única maneira de fazer ventura e tirar proveito de momentos que até então considerava triste e inválido ao meu espírito.
Depois do desencarne, qualquer tipo de imperfeição acumulada pesa imensamente na consciência. Sei que ninguém é transportado para um plano mais evoluído para satisfazer gostos, mas sim por merecimento abençoado, por misericórdia divina. É sabendo disso que farei jus de minha permanência aqui. Os sofrimentos não me vêem a calhar apenas para que sinta dor e sinta-me punida, mas para que seja ou me torne mais solidária e compreensiva. É assim que sucede naturalmente com qualquer um. Tenho consciência de que meu padrão vibratório ainda é muito baixo e preciso melhorar-me imensamente.
Fiquei sabendo que muitos dos visitantes que passam pelo portal, precisam de equipes especiais que dão espécies de passes magnéticos e os munem de recursos fluídicos. Ainda não me permitiram explicar o processo e nem ao menos entendo minuciosamente para detalhar, mas creio que é algo muito interessante. Tenho me atentado para visualizar todos os mínimos detalhes e não me preocupar com as negatividades. Onde quer que esteja sempre haverá pedras em meu caminho e vejo isso já com certa naturalidade. Sou eu quem tem de removê-las e por mais difícil que seja, encarar tudo como oportunidade de crescimento e evolução. Se não for de uma maneira, que seja de outra.
Sei que ainda sou muito incapacitada para falar de amor, mas verifiquei que esse deve ser o alimento mais saudável e necessário a todas as almas. É o amor que nutre o espírito, uma ver que não temos mais corpo para necessitar de matéria. Mas mesmo assim, continuarei alimentando de frutas enquanto pouco consigo captar diretamente dos fluídos da natureza. Imagino o quanto ainda terei de evoluir para conseguir sobreviver apenas de energia e amor. A jornada será longa como um caminho que se perde de vista, um túnel que parece nunca ter fim, mas que, no entanto, tem ao longe, muito distante, o magnífico ponto de luz. Existe uma profunda frase que diz: o sistema de alimentação dos espíritos mais elevados é à base de um prato principal chamado amor. Nos hospitais eles possuem uma técnica anterior às refeições, pois os fluídos mais pesados ou grosseiros podem interferir ou se misturar as substancias dos fluidos da alimentação.
Estive perguntando a meu guia se aqui existe algum controle das horas de trabalho e ele me afirmou que sim. No meu caso, ele é meu supervisor superior e minha mãe tem co-relação direta de me instruir e verificar meus relatórios. Com o trabalho conquistamos experiências e oportunidades inesperadas, das quais nem eu tenho como comentar. Quanto mais dedicação e assiduidade eu mantiver, melhor são os créditos, se é que posso assim chamar.
Tem algo que ultimamente tem me deixado muito mal, não tenho conseguido orar. Minhas preces já não são feitas como antes, pois me sinto fatigada. Fico com sensações de que minhas preces não fazem mais sentido por que aqui não as faço com o coração. Algo interferiu na minha maneira de rezar e imagino que vai continuar assim durante algum momento. Mas espero que nem sempre seja preciso rezar para elevar aos céus os agradecimentos profundos que sinto perante a existência e todo o mais.
Algo muito importante que tenho colocado em minha mente é o fato de que nossa vida se centraliza onde nosso coração está. Sinto que meu espírito está aqui, mas meu coração não esquece minhas amadas irmãs, é imensa a falta que elas me fazem. Chega a doer dentro de meu peito à lembrança de todas as pessoas amigas que ha tempo não vejo. É muito sofrido, de uma forma que jamais imaginei. Morava em uma cidade distante, mas pelo menos podia usar o telefone. Aqui não tenho nenhuma opção e só o fato de pensar que dentre tão breve me será negado e impossível vê-las, ainda me desespero mais. Não pensem que isso é uma reclamação, mas apenas um lamento sofrido. Talvez nesse instante o que sinto possa ser um arrependimento de ter morado tanto tempo em cidade distante e não ter aproveitado o tempo de encarnada no qual poderia ter passado sempre ao lado delas. Agora já é tarde. Amargura-me pensar no quanto tempo perdi longe de minhas caras irmãs, apenas interessada no meu bom emprego na cidade donde encontrei Manoel. Mas de certa forma creio que escolhi o que achei melhor para mim e de nada devo me queixar.
A cada momento da vida, passamos por coisas diferentes, subimos determinados degraus. Tudo é feito por etapas e muitas vezes não se sabe exatamente o que será melhor para si mesmo em determinados momentos. Agi e estou passando as conseqüências justas. Além das saudades, tem momentos que acho esse trabalho do portal incrivelmente chato, mas continuarei tentando manter-me com pensamento positivo. É começando de baixo que chegarei aos grandes postos de trabalho, podendo ser uma auxiliar profissional e dedicada.
Momentos antes de retornar a minha moradia, eu costumo ficar observando as arvores frondosas e procuro experimentar a sensação de bem-estar que elas tanto aparentam. É incrível como as plantas crescem rápidas aqui, os frutos crescem e maduram de um dia para outro. Os ventos são mansos, leves e envolventes. Dá vontade de ficar tão leve quanto ele, repousando e balançando as folhas dos arbustos e a poeira do chão. Ficar sozinha nesse local me proporciona inúmeros tipos de pensamentos.
Outra coisa que tenho observado é que minha visão parece alterar em certos momentos. Ultimamente a dor em minhas pálpebras, na vista ou nos olhos em si não tem sido muito grande e por engraçado ou incrível que pareça, nesses dois últimos dias tenho visto umas luzes coloridas, parecidas com uma típica áurea e geralmente azul. Em alguns é prateada e noutros varia desde um verde mesclado com lilás. Gostaria de saber ou ver a própria cor de minha áurea, ou desse circulo luminoso.

30 de março de 2005
Saudações a todos os amigos leitores. No dia de hoje, não tenho em reflexões positivas a minha mente. Estou simplesmente num estado desconsolado de quem não consegue esquecer a vida que deixou na Terra. Não existe nada a meu ver tão cruel quanto ter de morrer jovem. Busco ser tolerante e inclusive estive lendo um livro que meu pai me emprestou. Nele diz que a tolerância é uma das principais virtudes para elevar o ser humano e desenvolver sua ética, mantendo-o firme na pratica do bem. Estudiosos que passaram pela Terra, nomeados de grandes mestres, consideravam a virtude como uma qualidade que o individuo já deveria nascer com ela, ou seja, não era algo ensinado. Alguns outros já interpretavam as virtudes, dentre elas a tolerância, como realizações repetidas pelo sujeito formando assim o hábito de ser bom, ter atos nobres para consigo e com os outros. Para mim, qualquer virtude é traduzida na disposição que o homem possui em fazer o bem, independente se já nasceu com o instinto benigno ou se adquiriu durante a vida. A palavra tolerar parece ser melancolicamente ofensiva, como se traduzisse em algo imposto a ter de aceitar. Muitas vezes toleramos determinadas situações por não querer compreender o que se passa e até então estive dentro desse tipo de conflito.
Durante as encarnações, aprendemos hábitos, conhecemos coisas, refletimos sobre teorias e aprendemos distintas idéias. É desse conjunto que nos envolvemos e nos relacionamos uns com os outros. A convivência é algo complicado de se falar a respeito. É preciso imensa tolerância para conviver com determinadas pessoas, aceitando e respeitando os outros como são. A tolerância caminha entre a justiça e o amor, exigindo respeito sempre por aqueles a quem não se gosta.
Aqui existe um núcleo de recomposição das energias através das árvores: estive tendo minhas primeiras noções básicas e me foi permitido passar algumas informações. Começa-se pelas raízes, tocando a terra e a água, imaginando o corpo físico, no campo da vontade. Depois se passa para o tronco, representante do corpo astral, o coração. Prossegue-se pelos ramos, imaginando o intelecto como representação do corpo mental. Na segunda parte passa-se para as folhas, representantes da razão, a sabedoria, o corpo causal. Prossegue-se pelas flores, representantes da alma em si, o amor. Conclui-se, portanto, nos frutos, representando o espírito, o campo da verdade. Vejo que aos poucos, tendo grades doses de paciência, consigo aprender algumas coisas diferentes e desconhecidas. Enquanto se concentra para captar as energias naturais das árvores, também se imagina em temas como fé, esperança, caridade, prudência, justiça, força, temperança, dentre tantos outros pontos.
É impossível viver sem fé e esperança. Sempre o homem busca ou tem expectativa a um bem, a felicidade em si. Na realidade, dizem que é através da confiança que alcançamos à felicidade ou obtemos meios de conseguir aquilo que desejamos. A caridade, como muito já sabia, é a pratica dos dois principais mandamentos ensinados, o amor a Deus e ao próximo como a nós mesmos. Para tal, também precisamos ter amor para conosco mesmos, relacionando nossa alma imortal aos princípios e virtudes existentes na face do universo. No campo da prudência, sabemos escolher corretamente quais as decisões a serem tomadas no decorrer da vida, sabendo refletir, tendo determinação e realizando sonhos. A força surge de nosso intimo e não do meio exterior. É a energia principal que nos faz vencer os obstáculos e os vícios. Em geral, é isso que aprendi nas ultimas horas.

31 de março de 2005
Mais um novo dia se inicia e fico feliz de poder transmitir as minhas mensagens. Ontem, durante o período da tarde, tive um encontro, uma reunião com outros espíritos recém desencarnados. Relatei minhas experiências decorrentes de minha ultima encarnação e pude além de conhecer varias outras pessoas, também compartilhar de suas experiências de vida.
Teve um relato que muito me comoveu. Uma das jovens relatou que viveu mantida por ilusões. As mulheres a invejavam e os homens a admiravam. Ela apenas tinha olhos para um rapaz de poucos recursos financeiros. Seu pai insistia que ela deveria se casar com um homem rico e importante perante a sociedade, mas, mesmo assim, ela continuou seu namoro com o rapaz. Com a morte de sua mãe, sua madrasta a obrigou a se casar com um homem conhecido e rico, da mesma empresa donde seu pai trabalhava. Decepcionada e entristecida por um casamento que não durou muito tempo, ela se divorciou e mudou para a casa de sua tia nas redondezas da nova cidade, donde conheceu outro homem que em poucos meses acabou se apaixonando. Porém, seu novo namorado teve de partir para o estrangeiro onde conseguiu vaga e um concorrido cargo de piloto numa linha comercial. Ele prometeu retornar para levá-la com ele às escondidas, mas depois de sua partida, muitas coisas mudaram. Ela não demorou em verificar que estava grávida. Quando começou a procurar pelo pai da futura criança, descobriu que ela não era a única. Ao saber que outra mulher também estava grávida do seu namorado, resolveu não revelar sua própria gravidez e esquecer tal homem. Amargurada ela viveu intrigas para provocá-lo e acabou cometendo varias loucuras em sua vida por causa de revoltas e do ódio que passou a ter de toda aquela situação.
Buscando reerguer sua vida, ela começou a executar sua profissão de advogada e com o passar dos dias, desenvolveu sua paixão pela justiça e os direitos humanos. Sem recursos suficientes ela continuou vivendo com a tia. Longe de sua madrasta, recebeu a notícia de sua própria prima de que ela havia morrido num acidente de carro, porém, a verdade era bem diferente. Como seu tio teve problemas de saúde e ficou impossibilitado de trabalhar, ela se viu obrigada a recorrer ao auxilio de sua irmã. É foi já no ultimo mês de gravidez que ela se encantou por um médico estagiário que lhe atendeu no hospital. Porém, novamente ela encontrou dificuldades ao manter relações afetivas com o médico, uma vez que surgiram conflitos com a ex-namorada dele e com seus pais que não a aceitavam exatamente pela criança que nasceu pouco dias depois. O médico, porém, apaixonado, disse que enfrentaria seus pais e prometeu-lhe que seria um bom esposo e pai a seu filho.
Iniciando um compromisso sério, os dois decidiram se casar e assim o fizeram marcando rapidamente a data e agindo sem muito alvoroço. Sem o apoio dos pais, o médico decidiu casar apenas no civil e partir para uma incrível viagem de lua de mel. Sem muita sorte, o destino surpreendeu novamente a vida da jovem. Durante um dos passeios, o médico morreu após engasgar-se e ser levado pela correnteza da área de risco de uma cachoeira. Viúva ainda muito jovem, ela sofreu as amarguras de perder novamente um grande amor de sua vida. Assim, se viu obrigada a enfrentar um destino totalmente não imaginado. Vivendo a trancos e barrancos, tal mulher aprendeu muito, soube lutar pela felicidade e passou por inúmeros processos dolorosos de enriquecimento pessoal e moral. Foi dos sofrimentos que ela verificou existir em sua vida, coisas essenciais pelas quais soube dar valor à vida e ao amor ao próximo.
O relato dela foi bastante extenso. Ela relatou que cerca de seis anos depois, foi seduzida novamente pelo primeiro marido, o qual se separara depois de frustrada, ter sido forçada pela madrasta a se casar. Achando que poderia viver uma vida mais calma e tranqüila, concedendo um pai a seu filho, ela retornou para o antigo lar que abandonara. Foi retornando para a cidade donde nascera que encontrou inesperadamente com sua madrasta, a qual imaginava ter falecido a anos antes. Quando ela descobriu que sua madrasta tinha um caso amoroso como amante do seu primeiro marido, o qual voltara a conviver junto, já era tarde, ela estava grávida pela segunda vez.
Quando contou a ele sobre a gravidez, ele sugeriu que ela fizesse um aborto sem dar maiores explicações do porque não desejava aquela criança. Ela disse que jamais faria uma coisa dessas e sofreu vários tipos de ameaça até que no sexto mês de gravidez, tendo uma faca apontada para sua garganta, viu-se sem saída para fazer o aborto. Assim aconteceu, com muito sofrimento o feto foi entregue diretamente nas mãos do pai que o jogou num latão de lixo durante as altas horas da madrugada. Mas o feto não morreu pelo fato de ter sido encontrado por uma senhora que o levou imediatamente para o hospital. Ficando na incubadora, a criança sobreviveu vindo a se tornar um jovem sadio e consciente de que fora encontrado no lixo. Anos depois, o destino cruzou o caminho do jovem ao de sua verdadeira mãe, mas ela não sabia que aquele ser era seu filho.
Nessa altura da história, o jovem filho acabara de se tornar famoso ao fundar uma espécie de associação empenhando-se na condução de projetos sociais. Seu trabalho foi todo desenvolvido a partir de estudos sobre William Booth. Todos os recursos necessários as suas atividades eram provenientes de doações em dinheiro e ajuda voluntária de mutirão. Tal mulher, que apresentou aqui a fisionomia de quando era jovem, morreu sem ter conhecimento de que aquele era seu filho e vise versa.
Por vias das dúvidas, para quem não conhece, estudei sobre William Booth no colegial, quando encarnada. Segundo os relatos históricos, todas as denominações evangélicas surgiram a partir do ideal de algum cristão consagrado. Foi ele quem findou um “Exército de Salvação”, que era uma espécie de organização religiosa. Sua história começou em 1864, quando ele e sua esposa, Catherine Mumford, deram criação a Missão Cristă, em Londres, Inglaterra. O casal, então, a partir desse passo, iniciou o que seria denominado de movimento salvacionista, com base na filantropia e na pregação do Evangelho. A entidade era uma espécie de organização năo-governamental que se dispunha a ajudar os miseráveis, os quais, naquele tempo, proliferavam no império britânico por causa dos efeitos da Revolução Industrial, que deixou multidões sem emprego e perspectiva. Após uma infância e juventude pobres, Booth e sua esposa se sentiram tocados pelo sofrimento daquela população e decidiram dedicar a vida a apoiá-los. Ex-prisioneiros, mulheres perdidas, moradores de rua e alcoólatras foram os primeiros a experimentar esse amor e, ao mesmo tempo, receber a palavra de Deus. Só em 1878, nasceu o Exército da Salvação com uma estrutura de comando paramilitar. Bem, é isso o que me lembro no presente momento.
Pude presenciar diversos tipos de relatos e achei de fato interessante conhecer como foi à vida de outras pessoas. É engraçado analisar como cada espírito tem sua historia particular de vida, seu trajeto a seguir, suas dores para sofrer. Muitas vezes quando encarnada ficava me perguntando se o acaso existia ou se tudo o que ocorria em minha existência fora anteriormente programado. Hoje compreendo de uma forma que não sei ao certo como explicar, mas digo que somos nós quem estipula os acontecimentos e fatos que se desencadeiam durante o dia-a-dia de nossa vida. Existem certas coisas que são predeterminadas a nos acontecer, mas nada é imposto como uma lei. É de acordo com nossas atitudes, pensamentos e maneira de ser que o futuro desencadeia, somos constantemente responsáveis pelo futuro quando temos o livre-arbítrio de nossas decisões e atitudes. Tudo pode ser transformado, modificado. Imprevistos podem sempre acontecer, não por obra do acaso, mas pela decorrência do que aceitamos a cada minuto de nossa vida. Somos condizentes a receber a reação de nossas ações e nesse caso, não temos escolhas.
Aqui eu encaro cada dia da maneira como posso e tenho comigo a intenção de sempre renovar meus atos e conhecimentos. No dia de hoje, todas as músicas que escutei foram de um estilo misterioso, daquelas envolventes e que levam aos pensamentos íntimos. Músicas de suspense, com sons que nunca havia escutado. Nomeiam essas músicas com o seguinte tema: o amor gera bênçãos enquanto o ódio gera maldições. Aliás, estive verificando sobre tal tema, inclusive por aquela questão de ter encontrado um mapa que parecia conter um feitiço. Fiquei sabendo que podemos ser atingidos por feitiços e maldiçoes.
Deus permite que possamos ser atingidos momentaneamente como meio de nos colocar em provação. Mas deve ficar claro que ninguém sofre qualquer tipo de maldição ou feitiço se este for injusto, ou seja, se a pessoa não o merecer. De todo modo, a prece e a pratica do bem são excelentes antídotos. Assim também acontece com as bênçãos.
Em muitos momentos meus de reflexão, escuto vozes de conversas de outras pessoas. Há poucos instantes, havia um sujeito que conversava com uma moça e uma senhora. Diziam algo relacionado ao fator de ser mãe. Existem inúmeros casos familiares de mães e filhos que se baseiam no mesmo dilema: “eu te odeio, mas não vivo sem você”. Coloquei-me imediatamente a pensar nisso. Sei que sempre estou por fora de tudo o que se passa nesse plano e com as pessoas daqui, mas imagino que as relações aqui sejam mais brandas e tranqüilas, sem aquela situação imposta de convivência e hereditariedade. Muitas das vezes, na relação de filha, compreendo alguns fatos e fico imaginando como seria me colocar na posição de mãe. Sei que desencarnei jovem e não fui mãe na ultima encarnação, mas também não devo esquecer que tive meus filhos em encarnações passadas a anterior. Dizem que todos os espíritos têm de passar pela maternidade para desenvolver os laços de fraternidade e solidariedade. Até mesmo na condição de pai posso afirmar que a maioria dos homens fica mais sensível quando tem o primeiro filho.
Estar aqui vendo tantos espíritos muitas vezes me faz imaginar o quanto o universo é grande e cheio de mistérios. Tudo funciona metodicamente e continuamente. O tempo não pára, as horas não descansam, os planetas não deixam jamais de evoluir. É encantador constatar tal realidade estando num local como este donde tudo faz mais sentido. Sei dos valores que tenho e do grande agradecimento ao Criador por poder existir, por fazer parte do universo, por estar aqui neste momento e de alguma forma ser útil. Mesmo assim, ou principalmente por isso, sinto-me pequenina, menos do que uma formiguinha ou uma célula microscópica num universo tão imenso e infinito.
Muitas vezes é até tranqüilo estar nesse local. Não que seja agradável, mas estou num dia de muita tranqüilidade. Se todos os dias aqui fossem assim, diria estar nos meus sonhos de paz.
Meus cadastros de novos espíritos do arquivo foram poucos hoje. O serviço está bem parado e assim, posso me concentrar mais nessa escrita. Devo explicar que em dias como hoje, os relatos são passados diretamente por campo fluídico a Dona Helen, sem necessidade de nenhum outro espírito mensageiro. É complicado todo o processo e, no entanto, espero mais tarde poder lhes relatar.
Quanto às questões de alimentação, continuo passando “fome”, ainda mais agora que parei de pegar comida escondida no hospital. Algumas vezes, raríssimas vezes, eles me servem sopa, caldos e outras especiarias naturais para comer, mas nunca saciam minha gula. Estar aqui vai aos poucos sendo algo rotineiro e normal, mas não agradável. Tem momentos em que sinto como uma criança que foi retirada do ensino básico e levada diretamente a uma universidade. Noto que as pessoas desse local possuem dons maiores e são mais desenvolvidas tanto em aspectos de moral quando intelecto. Não que me sinta perdida ou receosa, mas é uma espécie de incomodo inexplicável. Agradeço infinitamente a minha mãe e aos guias superiores que me recolheram trazendo-me para este mundo, mas a falta de preparo ou até mesmo vontade e interesse para aqui estar são bem visíveis. Sinto-me deslocada e tenho constantes lembranças da terra. Fico confusa e constrangida.
Estive conversando com meu mentor e ele informou-me para não me preocupar. Devo manter-me posicionada a ter bons pensamentos, o que na maioria das vezes é impossível, e procurar agir sempre no bem. Por mais que eu tente, falta-me muito ainda para isso. Tudo na Terra era mais simples do que aqui, mesmo com todas as tecnologias e conhecimentos que me embaralhavam a cabeça por horas ou outras. Para terem noção do que falo existe aqui, uma máquina mais parecida com um trem comboio, expresso voador, que chega a três mil quilômetros por hora estando a cento e oitenta pés de altitude. É uma verdadeira máquina e que pode aumentar ou reduzir de tamanho dependendo do trajeto a ser feito. Para quem entende do assunto, o que não é o meu caso, deve notar de que maluquice eu estou falando. Mas aqui, essa maluquice é real, mesmo que formada apenas por uma matéria mais fluídica nem sempre visível aos olhos espirituais de todos. Na realidade, tudo o que existe aqui pode ser ou não visível de acordo com a evolução do espírito. Posso nesse momento revelar que uma grande infinidade dos espíritos que chegam até o portal avista apenas o vazio do lado onde estou. Eles não conseguem enxergar a vasta beleza desse local. Ainda mais tarde espero ter permissão e mais detalhes para revelar como isso acontece e o porquê de ser assim. Apenas adianto que aqui, a faculdade de ver é uma propriedade inerente à natureza do espírito e reside em todo o seu ser. Os mais evoluídos possuem sua luz própria mais forte.
Durante os últimos dias tenho me sentido melhor, menos cansada e com menos sono ou fome, mas ainda são fortes as ligações com a matéria e continuo, mesmo que em menores proporções, a sentir inclusive frio e calor. Bem, fico na expectativa de poder aprender ou compartilhar com todos os leitores outras tantas coisas novas que for desvendando nesse mundo ainda inadaptável a meu ver. Mas por hoje, pararei nesse ponto. Que longa paz e sensação de felicidade encham os corações de meus irmãos que continuam encarnados na Terra. Fiquem com as bênçãos do amor divino e transmita essa luz a todos do convívio ou àqueles que encontrareis em seu caminho. Que possamos sempre galgar rumo à longa jornada de evolução. Longa e árdua, mas possível e, mais cedo ou mais tarde, obrigatória a todos. Amor e felicidade eu desejo a todos para aliviar minha solidão e infelicidade.

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