Logo ao acordar, ainda enquanto tomava o desjejum, “Ameth” perguntou como “Alra” estava se sentindo com relação ao compromisso de ir no terreiro de “Neci” à tarde. “Alra” respondeu-lhe que, uma vez estando bem emocionalmente (ela voltara a ficar boa na base de muitas preces), não estava com expectativa de nada e pouco lhe importaria o resultado da segunda visita a tal terreiro. “Ameth” aconselhou-a de não reforçar nada que fosse negativo, como por exemplo a ideia da vontade de morrer ou o fato de ter um obsessor (esse fora o erro que ela cometera para ficar mal). Muitas vezes durante a vida ela escutara e ainda escutaria coisas que, embora fizessem sentido, não teriam que ser levadas tão a sério. Infinitas vezes ela cometera o erro de se abalar ou se desesperar por crer fielmente em coisas desagradáveis que lhe haviam sido ditas em locais religiosos. Mesmo que o dito fosse real, “Alra” tinha de escutar e refletir sem se envolver, pois ela não precisava entristecer-se com as negatividades, mas apenas tomar conhecimento das mesmas. “Ameth” lhe disse que ao deixar-se envolver emocionalmente com o lado dos problemas humanos, ela submetia-se ao mal estar que estes proporcionam. É preciso ter consciência dos mesmos, mas sem abaixar a cabeça, sem se tornar uma vitima, sem se sentir culpado ou merecedor, sem se preocupar, chatear, revoltar ou sentir-se derrotado pelas misérias humanas.
“Alra” disse-lhe que se deixara envolver muito e conseguia visualizar esse seu erro com clareza, aliás, um erro muitas vezes repetido. Ademais, ela disse que tinha suas condições: aceitava e queria desenvolver sua mediunidade, mas não estava disposta a ter compromisso com nenhuma entidade a ponto de “alimentá-la”, nem mesmo queria fazer a caridade sujeitando a cobrança e o feitio de oferendas. Ela gostava das vestes, do som dos atabaques, os cantos, as imagens religiosas, os banhos, as rezas e a incorporação, mas ter que fazer feitura e oferendas não lhe agradava. Além disso, ela não ia tirar obsessor nenhum (ou qualquer outro malefício) a troco de dinheiro ou materiais como velas, aves, bebidas, etc. como outrora já haviam lhe dito em outros locais. Isso ela já se cansara de fazer e nada de melhoria em sentido algum. “Ameth” recomendou-lhe que o melhor era manter sintonia com as boas companhias espirituais e não se deixar influenciar ou diminuir-se por conta de companhias inferiores, as quais “rodeiam” (intencionalmente ou não) qualquer um que esteja com baixa vibração energética. O mais indicado é ligar-se ao lado bom da vida, para estar com vibrações positivas, e cuidar do lado ruim sem fazer disso um martírio. Um obsessor é apenas um espirito que precisa de ajuda e compaixão, esteja ele revoltado, vingativo, perdido ou sofrendo pela ligação à matéria. Portanto, fosse quem fosse o obsessor de “Alra” (se é que ela tivesse um fixo), ela deveria continuar rezando por ele, mas sem se abater. Mesmo que fosse uma ligação negativa de ódio ou vingança, mais importante do que afastá-lo, seria “Alra” não ser influenciável por nenhum pensamento ou sentimento desprezível, fosse dela própria ou proveniente dele. “Alra” compreendeu que a melhor desobsessão era fazer a reforma intima de não se intimidar com as negatividades pessoais, pois era exatamente esse o seu ponto fraco perante a vida. O que viesse de acréscimo seria apenas consequência.
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