Adorei a cena da novela das oito quando a personagem Luciana (Alinne Moraes), de olhos fechados, se imagina e se sente correndo com uma roupa vermelha longa e esvoaçante pelo jardim de Monet em Paris, enquanto está apenas sentada numa cadeira de rodas. Estando paraplégica ela demonstra como é viver tendo de superar todos os dias a sua limitação e dependência. Mas tal cena me fez ter a nítida certeza de que ninguém é livre da necessidade de se auto-superar em alguma coisa, mesmo que seja na aceitação daquilo que não é possível mudar ou voltar atrás. Podemos nos sentir revoltados perante nossas deficiências, as quais podem ser físicas, mentais, espirituais ou até mesmo emocionais. Podemos ficar tristes ou irados pela realidade difícil e diferente das demais pessoas que, geralmente parecem estar melhores que nós. Parece que o único remédio é não desistir de viver e, principalmente, de ser feliz. Tudo pode se tornar problemático e servir como motivo de reclamação quando não aprendemos que a mágica da vida feliz está exatamente em aceitar o que mais temos dificuldades de aceitar: o imutável. Conviver com o imutável perante uma vida tão mutável parece um contra-senso, mas nos ensina a arte da paciência, da resignação, da humildade, da tolerância para consigo mesmo, da compreensão para com todas as deficiências, imperfeições e limitações humanas. Em grau máximo nos mostra claramente que não somos donos do mundo, mesmo que sejamos parte inteligente da criação. Nem sempre nossos sofrimentos é uma reação de um mal causado, pois pode simplesmente ser uma prova de que estamos aprendendo literalmente a não nos limitarmos perante nossas limitações. Por mais limitações que uma pessoa possa ter, ela só terá limites para ser feliz se criar regras para tal e validá-las se fazendo infeliz. O dom da aceitação e contemplação da vida como ela é nos faz leves e deixa o caminhar regado de infinitas alegrias a serem colhidas no dia-a-dia. Aprendi isso aceitando a minha timidez e conquistando minha segurança desinibida, a qual talvez nunca deixe de ser introvertida. Bem, é isso. Paz a todos e até outra hora!”
Há 4 anos
Nenhum comentário:
Postar um comentário